segunda-feira, novembro 24, 2008

Que pode aguardar Europa de Obama

Nom podemos ignorar, a intensidade simbólica que tem o feito de que um home negro ocupe a Casa Branca. Como se lembrava estes dias nalgúns sectores de EEUU, é umha vitoria que um edifício construído por escravos, vaia estar ao fim ocupado por umha família descendente de escravos. Michelle Obama é-o, e as suas filhas polo tanto também. Todo isto, junto à grande corrente de participaçom e ganhas de cámbio que percorreu a sociedade norteamericana nestes meses, fai que o triunfo do candidato demócrata tenha um efeito positivo em si mesmo.

O que nom podemos é aguardar grandes cámbios na sua política interior nem exterior. A administraçom Obama nom tem pensado someter-se às instituiçons internacionais para a resoluçom dos muitos contenciosos que mantém com distintos povos do planeta. Seguirá mantendo o seu direito a veto no Conselho de Seguridade da ONU. Tampouco tem pensado propôr a disoluçom do BM, o FMI ou a OMC, instituiçons que controla para que sirvam aos interesses da sua oligarquia militarista. É por isso que os sectores socias da Europa que temos interesses comúns na luita contra o neoliberalismo e na construçom dumha sociedade mais justa, nom podemos depositar as nossas esperanças na presidencia de Obama. Começando a sentir, dum jeito mais agudo, as conseqüências da crise financeira (paro, congelaçom salarial, suba de preços nos produtos básicos e na energia de consumo doméstico); aumentando as agressons racistas e xenófobas, sobre todo contra o povo cigano; com vários governos de ultradireita participando nas instituiçons europeias; com constantes ataques aos direitos fundamentais das mulheres por parte dos fundamentalismos religiossos, é mais realista virar a olhada para outros países americanos, onde os seus governos estám pondo freio com políticas económicas e sociais, ao domínio das grandes coorporaçons ou aos designios do FMI, o BM e a OMC. A esperança imo-la pôr entóm, nas nossas próprias forças, e junto ao resto do planeta, nesses proxectos que estám intentando acabar coa pobreza limitando a riqueza.

Lupe Ces
24-11-2008

Publicado na revista "Tempos Novos"
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domingo, novembro 23, 2008

25 de Novembro, umha cita em Ferrol

Este martes 25 de Novembro temos umha cita coa Marcha Mundial das Mulheres numha praça algo desconhecida para a cidadanía desta comarca. É a praça 8 de Março de Ferrol.

Inaugurada por Luisa Sabio, esta praça que leva o nome da data mais significativa para o movimento feminista, encontra-se entre as ruas Rubalcava e Almendra, perto do bairro de Canido.

A Marcha Mundial das Mulheres convoca neste lugar, umha concentraçom às 8 da tarde baixo o lema "Sementando um futuro sêm violência machista", onde ademais da leitura do comunicado, fara-se um desenterramento simbólico dos valores do patriarcado que som as raíces da violencia machista, para sementar no seu lugar os valores da Paz, da Xustiza, da Liberdade, da Solidariedade e da Igualdade, valores cos que se tem que construir umha sociedade livre de violência machista. Neste acto repartiram-se sementes simbolicamente relacionadas com estes valores.

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quarta-feira, outubro 01, 2008

Com passo imparável



Mulheres urbanas e mulheres das organizaçons agrárias incorporam ao discurso e à prática feminista o diretio à soberania alimentária


Aquelas e aqueles que andámos polas ruas de Vigo o 23 de Maio de 2004, na mobilizaçom européia, nom podemos deixar de emocionar-nos ao pensar na possibilidade de participar numha nova convocatória da Marcha Mundial das Mulheres. Como naquela ocassom, imos ter a oportunidade de marchar, esta vez, junto a mulheres vindas dos cinco continentes, e participar da energia transformadora que aportam tantas vontades e tam diferentes, unidas para construir um mundo onde a pobreza e a violência sejam erradicadas .

As delegadas que provenhem dos setenta países nos que está organizada a Marcha Mundial das Mulheres, vam estar reunidas na Residência de Panxón, concentrando no nosso país toda a energia e sabedoria que se poda desprender destes debates. Som convidadas da cidadania galega, pois som os recursos públicos, gestionados pola Secretaria de Igualdade, o que vam fazer possível que ao longo dumha semana, mulheres de distintas condiçons culturais e econômicas podam ter alojamento e lugar para o debate, num país onde exercer de anfitrionas conleva um alto nível de auto-exigência. Vam ser convidadas dumha cidadania que está convocada a compartilhar com elas a manifestaçom do domingo pola manhá, o Foro e a Feira de Soberania Alimentária, onde as delegadas da MMM vam abrir os seus debates para todas e todos os que nos acheguemos a Vigo o 18 e o 19 de Outubro.

Mentres altofalantes patriarcais, desde o coraçom do Império, anunciam a chegada dum novo feminismo coa figura de Sarah Palin, candidata polo Partido Republicano, arroupada nos valores do militarismo, o racismo, a repressom e exclussom sexual, o enriquecimento sem límites ou a depredaçom da Natureza; o velho feminismo, o múltiplo e variado feminismo, o das pensadoras, o das ativistas, o das artistas, o das velhas e o das novas... o feminismo que bebe e re-escreve os valores da democracia, da justiça, da liberdade, da igualdade e da paz, tece redes no mundo para sustentar umha nova realidade onde melhorem as condiçons de vida e de direitos das mulheres do planeta.

Nessa rede também trabalha, e desde os cinco continentes, a Marcha Mundial das Mulheres, que traz a este velho país, novos ingredientes para engadir ao discurso feminista europeio. Um discurso que tem muito desenvolvido em quanto à loita contra a violência machista, os direitos sexuais e reprodutivos, a representaçom política ou o reparto do trabalho, mas que nesta ocassom tem que deslocar-se do medio urbano, onde construiu a súa palavra e acçom, para incorporar as realidades das mulheres que em âmbitos rurais ou pesqueiros tenhem definida a sua identidade como produtoras de alimentos. Este convite para ampliar a olhada do feminismo europeio, vem feito polas feministas das Américas, da Índia e de África, que participam das luitas pola terra, polos alimentos, pola áuga..., para defender-se das políticas desenhadas pola Organizaçom Mundial do Comércio, o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional, que favorecem os monocultivos intensivos, o agronegocio e os agrotóxicos. Estes organismos e estas práticas agrícolas, gandeiras e pesqueiras, definem a produçom e o mercado da alimentaçom em Europa, com conseqüências, ainda nom bem analisadas nem quantificadas, no modo de vida e na saúde das mulheres. Da aliança entre as feministas urbanas e as mulheres das organizaçons agrárias, nasce a necessidade de incorporar ao discurso e à prática feminista, o direito à Soberania Alimentária. Este debate, que vai centrar as atividades do 18 e 19 de Outubro em Vigo, vai permitir também o encontro com todas aquelas iniciativas e proxectos coleitivos, que no nosso país levam tempo dando passos a prol deste direito dos povos, definido pola rede internacional "Via Campesina" em 1996, na Cumbre Mundial da Alimentaçom.

No ano 2000 as mulheres organizadas na Marcha Mundial diziamos que havia "mil razóns para marchar juntas". Neste outono recém estreado, onde a terra, se nom lhe viramos as costas, nos oferece alimentos para superar os rigores da invernía, temos mil razóns para acudir a Vigo e arroupar coa nossa presença e solidariedade, a estas mulheres convidadas da cidadanía galega para fortalecer o seu passo imparável. Com elas expressaremos o nosso desejo de "Cambiar a vida das mulheres para cambiar o mundo, cambiar o mundo para cambiar a vida das mulheres".

Ferrol, 1 de Outubro do 2008
Lupe Ces

Publicado no portal altermundo.org

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quinta-feira, setembro 25, 2008

A mantenta da celebraçom na Galiza do VII Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres

"O direito ao aborto é o refugio ideológico onde o máis ráncio do patriarcado pretende dar a súa batalha final"

Lupe Ces Rioboo,
docente e integrante Marcha Mundial das Mulleres


O vindeiro Outubro, Galiza converterase no lugar de acollida do VII Encontro Internacional da Marcha das Mulleres, que supón este feito para o feminismo galego?

Por um lado que Galiza seja anfitriona de tantas mulheres, activistas feministas dos cinco continentes, é um reflexo do caminho andado desde o ano 2000, no que constituimos a Coordenadora Nacional Galega da Marcha Mundial das Mulheres. O feminismo galego tem umha história organizativa, de pensamento e discurso, que está na base da vida da Marcha Mundial das Mulheres na Galiza, e também nas distintas expressons feministas que hoje convivem na nossa sociedade, no ámbito cultural, artístico, académico e institucional. Todo o que temos agora debémos-lho a aquelas que na década dos setenta e em plena ditadura reivindicárom-se feministas.

Que se espera deste VII Encontro?

Agardamos que , como passou coa mobilizaçom europeia convocada pola MMM em Vigo no ano 2004, e que reuniu a miles de mulheres na primeira Feira feminista, em tres Foros de debate e numha grande manifestaçom popular, este VII Encontro Internacional seja um passo mais na melhora das vida das mulheres, e polo tanto um passo mais na democratizaçom e na construçom dumha sociedade mais justa. Dentro desta valoraçom, cumpre fazer especial mençom de que com este VII Encontro e as actividades que o vam acompanhar durante a fim de semana do 18 e 19 de Outubro na cidade de Vigo (Foro e Feira de Soberania Alimentaria, Manifestaçom e Milhadoiro, Encontro de Xovenes Feministas ) queremos conseguir tecer redes entre as mulheres do rural galego( o feminismo foi tradicionalmente um movimento de mulheres urbanas), e as mulheres das cidades. Também estamos trabalhando com colectivos e movimentos sociais que até agora semelhavamos ser compartimentos estancos, e este VII Encontro descubriu-nos que temos muitos obxectivos em comúm e podemos aportar distintas perspectivas que se complementam e enriquecem, como é nesta ocassom co direito à soberania Alimentaria.

Cales son as principais reivindicación e obxectivos a acadar durante os próximos anos?

Precisamente as delegadas que tenhem pensado comezar os seus debates o próximo día 14 de outubro na Residencia de Panxón, vam avaliar o Plano estratégico aprovado no Encontro de Perú de hai dous anos, e aprovar a mobilizaçom mundial do ano 2010. Reforzar a organizaçom e o discurso da MMM nos blocos de acçom que nos temos marcado ( Aceso aos recursos e Bem Comúm, Violência, Trabalho e paz e Desmilitarizaçom) nos permitirá chegar ao 2010 preparadas para cumplir cos obxectivos dessa grande mobilizaçom mundial que vimos preparando.

"Aos velhos estereotipos somam-se agora os novos, que falam da ambiçom das feministas, dado que parece que o temos todo acadado"

Cre que os vellos estereotipos sobre o feminismo e as feministas aínda continúan vivos?

Claro que sim, ainda que máis debilitados e cada vez com menos defensores na sociedade galega, falar doutros ámbitos geográficos ou culturais seria mais complicado. O problema é que aos velhos estereotipos somam-se agora os novos, que falam da ambiçom das feministas, dado que parece que o temos todo acadado, ou mesmo da facilidade cos que se consiguem postos de responsabilidade e o subsidiadas e favorecidas que estamos as mulheres neste momento. Som novos estereotipos cos que temos que loitar moi duramente.

O Encontro celebrarase no medio da polémica xurdida trala creación da comisión de estudio da reforma da Lei do Aborto e logo do caso da Clínica Isadora. Que opinión lle merece a decisión do goberno e que principios sería necesario que se recollese para garantir unha lei eficaz?

O direito ao aborto é neste momento o refugio ideolóxico onde o mais rancio do patriarcado pretende dar a súa batalha final. A súa batalha final, para ganha-la e desencadear um proceso de cambio ideolóxico na sociedade e volver a meter no oscurantismo e na dor, a sexualidade das mulheres e a maternidade. Polo tanto a reacçom social, nom só das feministas, senom das mulheres em geral e dos grupos políticos, que apoiarom coa mobilizaçom, as autoinculpaçons e os pronunciamentos públicos e no parlamento, às mulheres e às clínicas acosadas desde algúm julgado e desde algumha organizaçom ultracatólica, foi importantíssima. A polémica vem agora dada pola Comissom de Espertos elegida pola Ministra de Igualdade, onde o movimento feminista ou as clínicas nom estám representadas, e pola eleiçom dentro do Conselho do Poder Judicial, de magistrados que seguem a pensar que as mulheres que decidimos abortar somos umhas assassinas.

Considera que medidas como a paridade das listas favorecen a plena igualdade entre mulleres e homes ou son medidas populistas destinadas a desviar a atención de problemas máis importantes?

Som medidas importantíssimas, que tiverom um efecto inmediato em muitos aspectos. De súpeto passamos de ter listas onde as mulheres nom queriam participar em política, ou nom existiam, a que os partidos tivessem que buscar e deixar sitio para as mulheres, e claro que aparecerom!! Tam válidas ou tam inútiles como os seus companheiros varóns. Que umha mulher perda a vida a maos do seu companheiro é grave, mas isso nom pode ser excusa para deixar de aprovar ou defender medidas que som direitos democráticos como o é asegurar a participaçom política do 50% da sociedade tradicionalmente excluida.

Algunhas mulleres consideran que se está a producir unha rebaixa do ideal feminista. Comparte esta opinión?

Por suposto que nom. O que está a suceder baixo o meu ponto de vista e atendendo à minha experiencia é que o feminismo está em expanssom em todo o mundo e está chegando a todos os ámbitos humanos, mesmo está toleando-lhe a cabeça aos homes das hierarquias religiosas mais misógenas. Um feminismo mais cercano, mais achegado aos problemas reais das mulheres e das sociedades, e um feminismo em coaligaçom co resto dos movimentos de transformaçom social, eis o feminismo que vejo eu no século XXI.

Que futuro lle agarda ao feminismo como movemento político, de militancia e crítico nun mundo globalizado e en plena crise do social?

Ainda que penso quedou um pouco definido na resposta à pergunta anterior, todas desejamos que o futuro do feminismo esteja cargado de éxitos como o está este curto percorrido de dous séculos. Ainda assim somos conscientes das ameazas e dos perigos e atrancos que no presente e no futuro máis inmediato, já nos estám ensombrecendo o caminho, a re-organizaçom e presença mundial dos integrismos religiossos e da extrema direita; a hegemonia do modelo económico capitalista que gera pobreza e destrucçom do planeta. Mas hai que falar de que nos próximos días mais de 150 mulheres reunidas num pequeno país chamado Galiza, vam tecer sonhos dum futuro de Paz, Justiça, Liberdade, Democracia e Solidariedade para toda a Humanidade.

Entrevista realizada polo Movemento polos Dereitos Civís
Publicada no xornal "Gz Nación / En Movemento"
Setembro de 2008

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terça-feira, agosto 26, 2008

Todas e todos temos um convite para ir a Vigo o 18 e 19 de Outubro



A rede feminista Marcha Mundial das Mulleres realiza cada dous anos o seu Encontro Internacional, que reúne delegadas dos cinco continentes. Para o ano 2008, este Encontro Internacional terá como sede a cidade de Vigo e realizarase entre o 14 e o 21 de outubro na Residencia de Encontro e Formación de Panxón. Esta xuntanza reunirá a 150 participantes aproximadamente procedentes das coordenadoras nacionais e do Comité Internacional da Marcha Mundial das Mulleres. Esperamos contar coa participación duns 40 países e coa presenza de xoves militantes de cada delegación, co obxectivo de permitir que as xoves desenvolvan un sentimento de pertenza cara aos valores da Marcha, que participen nos procesos de toma de decisión e asegurar o intercambio de experiencias e de coñecementos interxeracionais.

http://www.feminismo.info/

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domingo, julho 20, 2008

O mercado de Caranza fecha


Coa frase "O privado é político" aprendimos que o que sucede na casa e sobre todo o que sucede na cama tem muito que ver coa construçom social e moral. A crença de que cada quem faz o que quere na sua casa, é isso, só umha crença, porque as normas tecidas socialmente que levárom, e seguem levando em muita medida, discriminaçom e desigualdade entre os seus nos, marcam o dia a dia dos nossos afectos, da nossa sexualidade e a organizaçom do nosso espaço e do nosso tempo no privado. Eis o trabalho de desfazer esses nos, alguns deles muito resistentes.

Agora estamos aprendendo que nas nossas cozinhas, ademais de compartir o trabalho, temos a enorme tarefa de construir umha relaçom diferente cos alimentos, porque "o que comemos é político", e as mulheres, que somos maioria na produçom e elaboraçom dos alimentos, temos nas nossas mans a ferramenta para expulsar a enfermiça ambiçom capitalista das nossas cozinhas e das nossas mesas.

A derrota do proxecto de lei da equipa de Cristina Fernández, Presidenta de Argentina, mais corretamente expressado, a derrota dos movimentos populares e de esquerdas para pôr um freio à exportaçom de grao por parte das multinacionais, num país deficitário em alimentos, é umha mala nova. É umha mostra mais do aviso continuado da presença do capital financeiro na alimentaçom. Por extensom, da presença dos especuladores, da gente sem escrúpulos e sem ética, com essa compulsom enfermiza de ganhar dinheiro, ainda que seja a conta da desgraça alhea, e que hoje representam a maioria da actividade económica mundial. Os alimentos estam-se convertendo cada vez mais no refúgio da inversom financeira, e sabemos que sem crise sem que se desequilibre a oferta e a demanda, sem picos nos preços e desestabilizaçom dos mercados, os tiburons nom comem, nom hai benefício financeiro. Aninharom no petróleo, logo na vivenda e agora na comida e na auga.

A Via Campesina, que reúne movimentos agrários de todo o mundo, fala da Soberania Alimentaria como soluçom ao desequilíbrio existente no planeta entre a produçom e a demanda de alimentos. As mulheres de Via Campesina falam de aceso à propriedade da terra, e melhora das condiçons de trabalho e de vida. Falam de agricultura que nom as intoxique nem a elas nem às suas famílias, nem à gente que consuma os seus produtos. Falam de ter presença nos organismos de decisom, que se tire das maus da Organizaçom Mundial do Comércio o poder de decidir sobre as políticas agrárias. Falam de priorizar a produçom e a distribuçom em mercados locais e um mercado mundial com relaçons de igualdade, afastado da especulaçom. Falam dum processo de empoderamento das mulheres do campo e um processo de respeito e cooperaçom mútua na relaçom coa terra da que vivemos.

Imos avançando na participaçom na vida pública, avançando em direitos sexuais e reprodutivos, sendo reconhecidas como cidadás de pleno direito, esta-se a escrever a nossa história e abriu-se o campo da investigaçom científica para nós. É hora de democratizar a economia, porque só numha atividade económica democratizada, longe da ditadura do capital, poderemos ter igualdade.

Em quanto todas estas forças se debatem no mundo, e também na Galiza, no meu bairro de Caranza vai fechar o mercado para abrir um centro comercial. O mercado no meu bairro, foi esmorecendo na medida que iam medrando os grandes Hipermercados internacionais e iam esmorecendo as pequenas explotaçons agrárias em Ferrol Terra, onde a gente, consciente ou nom, meteu eucalipto até a mesma porta da casa, e nom houvo quem recolhesse os conhecimentos agrários imprescindíveis para seguir alimentando a umha comarca que agora come kiwi de Nova Zelanda ou Chile no mês de Julho, ou amorodos argentinos no mês de Dezembro; umha comarca que está afeita, e nom passa nada, a que de súpeto todo o azeite de girassol se retire dos supermercados por estar contaminado e outro dia faltem produtos básicos pola folga do transporte; umha comarca que já está afeita a que os ovos som de cor pálida e os pólos tenhem a auga e a textura das sardinhas. Sim, sardinhas ainda hai, mas competem e muito cos peixes importados e os medicalizados das piscifactorias.

A política do Mercado e do Imperio está nas nossas cozinhas e nas nossas mesas. Precisamos umha resposta política. Precisamos Soberania Alimentaria.

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segunda-feira, junho 30, 2008

Conservadorismo


Ai estivérom, nos cartazes, nos dípticos, nos mitins... muitas, muitas mulheres. Postas por lei, por decreto. Pois sim, foi o jeito de que aparecessem por fim, de que as fossem buscar, de que as tivessem em conta, ainda que quedaramos a fim de contas com poucas alcaldesas, boas e malas, preparadas ou incapaces, honradas ou corruptas, como os alcaldes, mas é umha questom de democracia. Esta vez o conservadorismo ficou mais calado. "É que elas nom querem" repetiam campanha trás campanha. Esse conservadorismo baseado na aceptaçom das cousas como estám, do pessimismo dos feitos consumados. Esse conservadorismo vital na direita e carcinoma letal na esquerda. Esse conservadorismo que vem de falar pola boca de Sarkozy convertendo a "liberté, igualité e fraternité" em "esforço, trabalho e mérito", valores todos eles imprescindíveis, mas que na boca da direita ou do conservadorismo, traduzem-se em privilégios para os que desde sempre tivérom "méritos" sem "esforço" a conta do "trabalho" dos demais. De verdade alguém cre que as desigualdades som um problema de falta de trabalho, esforço ou méritos?

Comentava que o conservadorismo na esquerda é letal. Estas palavras, andam muito da mam por Ferrolterra desde que se permitiu umha prova com gaseiro na planta de REGANOSA . "Agora já está feita!" "Umha vez que se puxo ai hai que apandar com ela!" "Nom morre a gente em acidentes de tráfico?" Tudo isto funcionando como pás de areia que intentam tapar umha das maiores tramas de corrupçom político-empresarial dos últimos anos. Umha trama (documentada em Muros de silencio, trabalho editado pola asociación Fuco Buxán) que vai desde verquidos contaminantes e recheios ilegais na Ria de Ferrol, negócios de carburantes que já estám nos julgados, até documentos oficiais manipulados e pactos secretos entre representantes públicos e empresariais sem escrúpulos. Umha trama que tem a sua origem no Grupo Tojeiro, que se fixo possível pola total identificaçom e cumplicidade do governo de Fraga Iribarne, mas que abrangue cos seus longos tentáculos a sectores que defendem visons produtivistas, antiecológicas e perigosas para a populaçom, com presença na Conselharia de Indústria, nas organizaçons políticas que sustentam o actual Governo da Xunta e mesmo no sindicalismo nacionalista. Nom podemos descuidar tanto a nossa casa! Esse conservadorismo letal polo que campeam sem problemas as políticas neoliberais e contra o que se levanta com muito "esforço" um movimento de resistência civil que soma o "trabalho" de mais de 50 organizaçons e que tem o "mérito" de conseguir romper nos últimos dias os muros de silêncio.

Lupe Ces
Xuño de 2007

Publicado na revista "Tempos Novos" - nº 121, xuño de 2007

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sexta-feira, maio 16, 2008

Hoje fum ao sindicato



Estivem nos locais comarcais da CIG da Avda de Esteiro de Ferrol. Fum até ali ao conhecer que a empresa ESHOR, ia intentar outra vez entrar nos locais do sindicato, para arrincar umha retificaçom das declaraçons realizadas numha rolda de imprensa, presidida polo Secretario Comarcal Xosé Manuel Pintos, onde se denunciava um trato escravista para com as trabalhadoras e trabalhadores imigrantes.

Cheguei a ver dous autocarros que transportárom até Ferrol a umhas 100 pessoas, a maioria, polo seu aspecto, peruanos, equatorianos... Diziam que vinham de Madrid, aproveitando o festivo de Sam Isidro. Comezárom a rodear os locais, os de diante com muita força berrando "Pintos mentiroso" termando dumha faixa em galego onde solicitavam à CIG que nom os defendera. Atrás, silencio e passividade. Havia umhas sete mulheres, a mais activa a Chefa de Pessoal, que agarrava também umha faixa. A consigna máis coreada Viva ESHOR! Viva ESHOR! Os ovos que traiam para lançar quedárom esmagados entre os A3 que ficárom no cham. Algumha discussom, berros...

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Umha barreira de homens e mulheres da afiliaçom da CIG, aguardavam, junto a duas dotaçons policiais, nas portas do sindicato mostrando algumhas das diferentes fazes que componhem a actividade sindical na comarca.
Dentro da sede comarcal, os comentários iam e vinham. A Direçom estivo reunida no salom de atos, e a normalidade mantinha-se como se podia.
Alguns trabalhadores de ESHOR argumentavam no meio do rebumbio, que eles estavam ali porque por culpa da CIG a empresa estava perdendo contratos. Aqui do que se trata é que empresas como ESHOR desapareçam do sector da costruçom. Empresas que competem deslealmente conseguindo ofertar uns custes mais baixos, mantendo condiçons laborais de escravitude.
Som case 500 as baixas voluntárias na empresa desde hai ano e medio. Parece ser que já as assinam junto co contrato, coa data em branco. Mas tudo isso e muito mais, sairá no juiço que a empresa tem que enfrontar o próximo dia 10 de Junho.De todo isto , para mim nom é nada especialmente salientável. Ao fim, centos de trabalhadores e trabalhadoras que passarom por ESHOR, as suas famílias, amistades... conhecem a verdade e assim se clarificará no julgado, ainda que isso nom seja exatamente fazer justiça.
Mas o verdadeiramente salientável é a agressom e violentaçom da liberdade sindical. O feito sem precedentes da mobilizaçom dumha empresa, que acarretando a uns trabalhadores e a algumha trabalhadora às portas do sindicato, pretende pôr atrancos à acçom sindical, porque esse é o papel que lhe corresponde aos sindicatos, denunciar as irregularidades, denunciar os abusos, denunciar a explotaçom, às empresas piratas e escravistas que fam o seu lucro a base do tráfico de seres humanos.Os julgados, as inspeçons de trabalho, SMAC, o Conselho Galego de Relaçons Laborais... atúam para resolver os conflitos e as denúncias apresentadas e mediar ante a acçom sindical. Assim se vai avançando, ou retrocedendo, em direitos e seguridade no trabalho.
A CIG é um sindicato formado, na comarca, por mais de 8000 pessoas. Dentro da CIG confluem muitas correntes sindicais, e também distintos interesses partidários ou de grupos de poder. À hora de elaborar estratégias de acçom sindical, pode haver diferencias, mesmo choques ou reinos de taifas entre federaçons ou organismos. O que nom sabe quem pretende amordaçar à CIG, que existe a solidariedade obreira, que existe a consciência sindical, que essa consciência e essa história do movimento sindical na nossa comarca, é quem de romper sectarismos e interesses pessoais para criar a barreira que defenda a organizaçom imprescindível da classe trabalhadora. Todo isto seja qual sejam as siglas, seja qual seja o nome das pessoas que num momento determinado a dirijam. É o sindicato, aquilo que temos para defender os nossos direitos, e que está aberto também para a defesa dos direitos daqueles companheiros e companheiras, que traem a pel mais escura, os rasgos dos olhos também diferentes, que sentem mais frio que nós quando chove dous dias seguidos, e a quem a morrinha fai-lhes de companhia porque nom vem muito o sol por aqui.
Gostaria-me que desde a direçom da CIG, e desde as direçons de todos os sindicatos, se propusera umha mobilizaçom do movimento obreiro em Ferrol, para reafirmar a inviolabilidade dos direitos sindicais, e a necessidade dos sindicatos como garantes dumha sociedade democrática.

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quarta-feira, maio 14, 2008

Rendistas


A minha irmá enviou-me esta foto num correio. O cartaz resume, num tom irónico, seguramente sem vontade de faze-lo, qual é a situaçom dos locais que albergam pequenos negócios na cidade de Ferrol. Os rendistas desta cidade som os que fam o agosto. Sabem que onde se aluga, ao pouco se fecha. Neste tempo é difícil competir coas grandes superfícies. Mas nom é problema, onde se fecha ao pouco se aluga, sempre hai alguém que o vai intentar, ainda que desista aos poucos meses. Mentres, os alugueres de escândalo vam enchendo as suas bolsas. Nom podemos esquecer o pequeno detalhe de que em muitas ocassons estes locais nom estam dados de alta ou carecem do estudo de seguridade, ou proxecto técnico correspondente, é dizer, pouca inversom, todo ganho. Concluindo, algum dia alguém escribirá a história dos rendistas de Ferrol, esses ferroláns de pro, e também algumha ferrolá, que coa sua avaricia asfixiarom muito do futuro desta cidade envelhecida.

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A fantasma do patriarcado

Hoje umha nena de 4 anos informou a toda a aula que a sua madrinha dixera que era a moda das pulseiras. A mestra perguntou-lhe que era isso da moda. Muitas fôrom as vozes que voluntariamente explicavam ao grupo que a moda era levar pulseiras, até se dixo que a moda era desfilar coas pulseiras. Entom, no meio das explicaçons, um neno de cinco anos afirmou "a moda é levar as pulseiras para estar guapas e casar". Quando a mestra lhe perguntou se também se levavam pulseiras para estar guapo e casar, o neno dixo que nom, que isso era só cousa de rapazas.

Abriu-se todo um coro de apoio a essa crença tam rotundamente afirmada. Só quando a mestra começou a perguntar se conheciam a algum homem ou rapaz que levase pulseira, comezou a nomear-se a algúm pai, tio ou curmám. Deixo aqui o relato. Deixo neste ponto esta assembléia de pequenos e pequenas. Agora perguntemo-nos como é possível, que estas crenças que mantenhem desigualdades, podam estar tam presentes nestas idades tam temperas. Queria trazer a estas linhas um pequeno exemplo da presença do patriarcado no pensamento das crianças. Um patriarcado que para muita gente nom existe. É certo que pode ser invisível, ou aparecer em pequenas cousas como as que vos acabamos de relatar, mas é o mesmo patriarcado que levou a vida estes dias, de duas mulheres assassinadas em menos de 12 horas polas suas parelhas. Som partes dum todo. Por isso existe e trabalha o feminismo, por isso o esforço em associaçons, movimentos... Levamos dous séculos fazendo reunions, mobilizaçons, escrevendo livros... para destruir a fantasma do patriarcado. Umha fantasma que pode acabar coa vida dumha mulher ou filtrar-se na mente dumha criança.
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segunda-feira, maio 12, 2008

Quê fai o poder na tua mesa?

Na década dos 80, Josep Vicent Marques publicava um livro titulado "Quê fai o poder na tua cama?", a onda feminista que arrancou na década dos 70, falava de que o privado era público, e começou a bucear na sexualidade feminina para, em primeiro lugar denunciar a sua existência, negada tanto por científicos como por filósofos e teólogos; em segundo lugar anunciar aos quatro ventos a potência da sexualidade feminina, umha sexualidade nom dependente nem passiva, e em terceiro lugar para separa-la definitivamente da maternidade.

Vicent Marques perguntava Quê fai o poder na tua cama?. Agora queremos perguntar-nos "Quê fai o poder na tua mesa?" e quem di na mesa di na cozinha, di na cesta da compra. As feministas sabíamos que as mulheres no planeta desenvolvemos o 70% do trabalho mas só possuirmos o 1% da propriedade da terra. Somos maioria na produçom de alimentos agrícolas e gandeiros, e somos maioria na elaboraçom desses alimentos, segundo a agencia para a alimentaçom das Naçons Unidas essa porcentagem chega ao 70% nos países empobrecidos.

Desde há uns anos as organizaçons campesinas do mundo estam organizando-se em redes trabalhando por um direito que asseguram é fundamental para a sobrevivência dos povos e do planeta: a soberania alimentaria.

As labregas feministas estam aportando novas reflexons e campos de acçom ao feminismo, nesta ocassom nom só reivindicando o espaço rural e a agricultura como um modo de vida das mulheres onde devem ter assegurados os seus direitos como trabalhadoras e como mulheres, senom empoderando a todas as mulheres como elaboradoras de alimentos para cambiar modelos patriarcais e capitalistas que afetam à saúde das pessoas e do planeta.planeta.Pruduzir alimentos, para consumilos tendo em conta a cultura das comunidades, e nom aceitar pasivamente novos hábitos de alimentaçom mediatizados pola publicidade e as decisons econômicas da Organizaçom Mundial do Comércio e as multinacionais; consumir os alimentos locais, apoiando as agriculturas de proximidade, aforrando a energia do transporte e conservaçom dos alimentos que vam dum continente a outro; nom aceitar alimentos produzidos em monocultivos de grandes terratenentes que nom duvidam em utilizar a repressom contra as comunidades que desenvolvem agriculturas locais nesses países; desbotar o usos de pesticidas e demais produtos que ameaçam a nossa saúde e à da terra; dar-lhe as costas aos alimentos transgênicos... som muitos os princípios que construem o direito à soberania alimentaria. A urgência da crise humanitária que está cruzando o planeta, concretada na subida dos prezos dos alimentos básicos, nos está exigindo olhar às labregas feministas e às suas organizaçons, para poder levar adiante um cambio tam profundo como necessário e urgente: o jeito de produzir e consumir os alimentos, garantindo os direitos das mulheres campesinas e assumindo e pondo em prática as suas alternativas.

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domingo, maio 11, 2008

Maio de Romeo e Julieta

Susana Barrul Salazar, tirou-se a noite do 25 de Abril à Ria de Ferrol, desde a ponte das Pias. Tinha 17 anos e ninguém poido salvar-lhe a vida, sucedia na nossa cidade, em Ferrol. A rapaza vivia em Caranza coa sua nai. Nem os medios de salvamento despregados imediatamente na zona, e que despertárom ou mantiverom em alerta a todo o vecindário de Caranza, fórom quem de atopa-la até o dia seguinte, quando recuperárom o seu cadáver. Os meios de comunicaçom refletírom a noticia, todos os jornais, televissons, rádios... reflectiam a nova. O que nom transcendeu foi a morte, uns dias depois do seu mozo, de 18 anos, por sobre dose de barbitúricos. Esta nova só circulou polo bairro, nas conversas mais íntimas, apareceu também nas sempre bem informadas esquelas. As conversas iam acompanhadas da explicaçom do inexplicável, a rapaza discutia coa sua nai porque nom a deixava relacionarse co seu mozo. O mozo quitou-se a vida ao enteirar-se da morte de Susana. Romeo e Julieta em Caranza, numha nova representaçom do assassino chamado "amor romântico", e da intransigência social ante o comportamento afetivo-sexual das e dos adolescentes.

Nunca! nunca perdoaremos o sofrimento e a dor causada polas ideologias políticas, religiosas ou culturais, que mantenhem o amor e o sexo mutilado das alas da liberdade que lhe som próprias. Para Susana, e para o seu moço, as nossas disculpas, por nom chegar a tempo às suas vidas, polas vezes que calamos ante actitudes machistas e sexistas, que negam a necesidade da educaçom afectivo-sexual no curriculum escolar e seguem a manter, dentro das escolas umha formaçom religiosa onde contam que Adam e Eva fórom expulsados do paraíso por comer da fruta proibida.

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segunda-feira, abril 14, 2008

A liberdade para eleger


Na prensa de hoje, que incluía os seus suplementos dominicais, aparecia anunciado um novo produto que permite, sem passar polo quirófano, aumentar o volume dos peitos. Trata-se dum gel de ácido hialurónico que se inxecta e precisa de manutençom cada seis meses. O seu preço oscila entre 3.000 e 4.000 euros. Porém, noutra das publicaçons que acompanhavam hoje os diários, dentro dumha entrevista à cantante Rosario Flores, aparecem as seguintes declaraçons:

"Ainda hai quem me sugere que me opere, que me ponha umhas tetas algo visíveis. Custa-lhes entender que eu estou feita para o meu, para pegar saltos derriba do escenario. Ademais, o público nom deve distrair-se coas minhas mamas. Tem que fixar-se na minha arte, que é o que importa".

Sei que muitas pessoas mantenhem que a liberdade de eleger é o mais prezado dos bens, e que estas duas respostas ante a possibilidade de modificar o tamanho dos peitos, manifesta a diversidade e riqueza da nossa sociedade. Sei que hai quem pensa que a liberdade para eleger, a liberdade pessoal, está por riba de critérios morais, éticos ou políticos. Mas num mundo, onde se nos demonstra cada dia a necessidade de reduzir o consumo e a produçom, que os recursos som limitados, e as consequências som trágicas par milhons de pessoas, hai quem elege investigar, produzir e vender para o superfluo, para centrar a atençom, no que verdadeiramente importa, um centímetro mais o menos de teta. Eu, desde a minha liberdade pessoal, mostro-lhes o meu mais sentido desprezo.
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domingo, abril 13, 2008

Resaca de debate


Sentimos um sabor agridoce polos debates que se dérom no Parlamento espanhol estes dias para eleger ao Presidente do Governo. É um sentimento contraditório. Por umha banda lembramos aquel 8 de Março de 1999, quando as organizaçons feministas e sindicais, percorríamos as ruas de Compostela baixo o lema "Queremos ser um problema de estado", denunciando as agressons machistas e o número de mulheres mortas a maus dos seus agressores. Zapatero acaba de anunciar que vai reunir aos presidentes das Comunidades Autónomas para falar de violência de gênero como um problema de estado. Passárom 10 anos, e moitas mulheres mortas, mas parece que imos conseguindo arrincar pequenas vitórias ao patriarcado. Mas as raízes da violência na organizaçom social, religiosa, militar, na educaçom afetivo sexual e mesmo na organizaçom do trabalho e a economia seguem case intactas, mesmo algumhas, como no caso das estruturas religiosas, parecem apontar um rebrote da misoginia.

Por outra banda, quedárom sem nomear no debate reivindicaçons feministas moi presentes na última fase da legislatura, como é o caso da Lei do aborto. Sorprendentemente só mencionada polo portavoz do BNG, e totalmente esquecida polo candidato a governar.

Estaremos diante dumha legislatura onde se dê um frenazo às políticas de igualdade e de defensa dos direitos das mulheres? Estaremos ante umha política de manter o que se tem sem avançar?

As feministas sabemos, que no caso do direito ao aborto, esta postura política nos deixa na total indefensom. Bota-nos diretamente nas garras dos inimigos das mulheres, os integrismos religiosos disfarçados de defensores da vida. Os mesmos que vem com malos olhos os coidados paliativos. Preparemo-nos pois para estes anos borrascosos.
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terça-feira, abril 01, 2008

O seu peso em ouro


Soraya Saez de Santamaría, vim-na na televisom, radiante, recém nomeada portavoz do PP no Congresso. Beijos, abraços ... dos seus colegas e dalgumha colega também da direçom do partido. Nunca me passou desapercebida desde que começou a aparecer em pantalha. Vim-na em vários debates e atentamente seguim as suas declaraçons sobre diferentes temas, sobre todo saía no verám, quando outros andavam de férias. Nom me passava desapercebida pola sua presença física ou o seu jeito de expressar-se, senom polo que defendia e como o defendia. É o que se chama umha mulher de partido. Defendendo sempre a linha oficial, fosse antes a que marcava a liderança de Aznar, ou agora Mariano Rajoi.

Soraya sabe argumentar ainda quando a sua linguagem corporal nom poda ocultar que nom está convencida do que dí. Mas hoje estava feliz,mesmo descuidadamente peiteada ante as câmaras. Estes anos de esforço pagavam a pena. Uma mulher relativamente nova, trinta e sete anos, num posto destacado da política espanhola representando a um partido com mais de dez milhons de votos.

Nom passou hoje pola cabeça de Soraya que a súa eleiçom poido estar moi mediatizada polo feito de ser mulher, e nova, dado que no outro partido, ao que pretendem vencer nas eleiçons de 2012, a paridade é umha prática cada vez mais afiançada polas reivindicaçons feministas e posta em lei desde o ano passado, ainda coa abstençom do PP. Umha Lei, tímida, mas que o partido de Soraya tem recurrido, primeiro ao Tribunal Constitucional e depois ao de Estrasburgo. Porque pensa Soraya, como a maioria da militância e votantes do PP, que para chegar a um posto importante em política, hai que trabalhar duramente e valer, nom ser um número dumha quota. Pensa Soraya que ela trabalhou e vale, e seguramente será assim. O que resulta insultante para o resto das mulheres é que o Partido Popular pense, ela incluída, que a representaçom minoritária que temos as mulheres na vida pública, incluindo partidos políticos, é conseqüência de que nom trabalhamos o suficiente e nom valemos.Pola contra, todos e cada um dos homes que participam em política som moi trabalhadores e valem o seu peso em ouro.

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domingo, março 30, 2008

O meu tempo, machistas e misógenos


Umha companheira da Marcha, mandou-me estes dias três artigos de opiniom assinados por José Luis Alvite publicadas no Faro de Vigo. Esta companheira estava ofendida polo conteúdo altamente misógeno dos artigos dete jornalista. Ainda mais ofendida porque o jornal Faro de Vigo os publicasse. A verdade é que os três tenhem umha profunda carga de ódio contra as mulheres e concretamente contra as feministas. Nom vou repetir agora o conteúdo dos artigos. A quem lhe pique a curiosidade que os leia, é moi doado encontra-los na rede ou nas hemerotecas. Um correio moi parecido enviou-me um amigo sobre um artigo dum jornal de Zaragoza, e outra amiga a semana passada, pediu-me que lhe buscasse o artigo de Pérez Reverte, onde pedia poder matar às mulheres que vaiam com roupa nom adequada ao seu físico, segundo os seus critérios estéticos, argumentava este escritor que se se podem matar aos cavalos deveria ter licença para poder fazer o mesmo coas mulheres.

Às vezes penso que quando a alguns escritores se lhes vam acabando as idéias, cada vez mais recorrem ao anti feminismo. Sabem que vam ter resposta, das organizaçons feministas, das feministas e de mulheres que sem reconhecer-se feministas, sentem-se agredidas polos envites destes persoeiros. Nas páginas web, nos blogs, nos folhetos ... vam ter assegurada umha publicidade que elevará o seu índice de popularidade. Como di o refram "que falem de mim ainda que seja mal". Por isso eu nem leio, nem escrevo para rebater aos misógenos. Nem comento as suas frases nem envio emails ao jornal que lhes publica porque nom quero dar-lhes o meu tempo nem a minha energia. Ademais, como a liberdade de expressom acho que é um direito fundamental que quero para mim, como para as demais pessoas, nom pedirei censura destas idéias. Nom leio as suas colunas nem merco os seus livros e ponto! Outro cantar é que com meus cartos, e o dinheiro da cidadania, se sustentem, coa publicidade institucional, medios de comunicaçom que se fam eco do machismo e a misogínia. Mas isso é umha luita muito mais difícil que a decissom pessoal de nom dar nem um dos teus euros, nem um só minuto da tua vida, para aumentar a audiência e a fama destes cultos pregoeiros do patriarcado. É umha loita mais difícil porque ainda com leis de igualdade, com leis contra a violência machista e com mais de trinta canles de televisom das que diferenciar-se, as televisons públicas, incluída a TVG, seguem utilizando tópicos machistas, sexismo e misogínia, para vender séries, e concursos vários. Como se nom fosse possível fazer arte, humor, entretenimento... sem que as mulheres tenhamos que passar pola alfândega e pagar o imposto de peagem. Falta criatividade, que nos permita prescindir do machismo sem cair na "ñoñeria" e os tópicos do políticamente correto. Pode ser que suceda algo tam simples como a história do ovo e a galinha. Que foi primeiro?, umha sociedade machista consumidora duns meios de comunicaçom machistas, ou uns meios de comunicaçom que ajudam a reproduzir o machismo na sociedade? Mentres a pescadinha traba-se na cola, mentres a roda gira, as feministas seguimos a elo, intentando baixar as agulhas para que o trem cambie de caminho de ferro.

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quarta-feira, março 26, 2008

Neste inverno resseso

Estes últimos dias frios de Março som como umha volta atrás. Como se a vida nom quisera continuar para diante. Como se mostrasse resistência a entrar numha nova porta que significa a chegada da primavera. As eleiçons, a data do 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, a chamada Semana Santa... pusérom-nos diante dos olhos das feministas, um filme demasiado rápido, ademais de intenso e cumprido, por nom dizer espesso. É por isso que esta volta atrás, este inverno reseso, nos convida à reflexom, a observar todo o que está ao nosso redor, o que aconteceu, o que acontece e o que vai acontecer. Para aprender, e começar a primavera de verdade, sentindo que agroma de novo a vida, que sai a luz outra vez intensa também para nós, para as feministas e para os homens amigos das feministas.

É necessário serenar-se para nom cair no desânimo e sobre todo ser conscientes de que o que vemos, pode ser a primeira vista umha imagem distorsionada da realidade. Muitas vezes olhamos só o que nos deixam, e pode parecer que nada muda. Nas escolas, quando se apresenta umha pintura ao alumnado de idades moi temperás, cobre-se a obra de arte cumha cartolina de jeito que se vam abrindo pequenas janelas que mostram um anaquinho de quadro para ir construindo desde os detalhes o que vai ser a descoberta total da obra. Trata-se de ir fomentando a imaginaçom, fazendo hipóteses do que pode haver debaixo da cartolina.
Na olhada que se nos permite desde a maioria dos informativos nom há essa intencionalidade, nem se pretende a reflexom para chegar á percepçom global. Simplesmente observamos a janelinha que se nos oferece. Isto é o que acontece estes dias coas novas relacionadas com o Tibet, o governo chinés e as olimpiadas. Abrirom essa janelinha para que observemos a repressom chinesa sobre os habitantes do Tibet e os seus representantes políticos. Pensaram que cinco minutos de informaçom tras anos e anos de silêncio, nos dem a conhecer a realidade de mais de 1200 milhós de pessoas. Esses minutos sim que nos dam para observar que os sacerdotes representantes dumha outra religiom, também som homes e comprovar a presenza teimudamente masculina em todos os àmbitos de poder do imperio chinés. Abrem-nos a janela para que semelhe que nestes días no mundo nom há defensores dos direitos humanos como o Dalai Lama e os seus seguidores, ou que nom há violadores dos direitos humanos como o governo chinés.

Já mais achegado, abrirom-nos outra janelinha para contar-nos como foi a chamada Semana Santa. Alí onde as feministas vemos integrismo religioso, clasismo, exaltaçom do sofrimento e a construcçom da figura dum Deus tam machista que só lhe valeu umha virge de 13 anos para ser a nai do seu filho, querem que vejamos a importáncia da arte figurativa e o ganho económico polo turismo.

Também abrirom a janelinha da romaria de Chamorro, a primeira do ano que pola chuvia nom foi o lucida que se agardava. Volvimos ver pernas de cera, braços e gente oferecida a umha virge que tampouco dá nada por nada. Dis que exige sacrifício e sofrimento, trapicheando coa gente com cousas tam sentidas como a saúde e mesmo a vida dos seres queridos.

Por isso venhem bem estes dias frios, para saber que som só pequenas partes da realidade, janelas que se abrem para mostrar-nos o que outros olhos querem ver por nós. A realidade, a visom global do quadro que é a vida, toca-nos faze-la a nós, mesmo como no caso das feministas, fazendo os nossos próprios traços, pincelada a pincelada por um mundo mais justo e em igualdade.

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quarta-feira, março 12, 2008

Entre luzes e sombras

Este 8 de Março nom se mezclará na nossa memória com tantos outros vividos. O especial desta data, tivo as suas sombras e as suas luzes. Sombras na proibiçom das manifestaçons feministas. Sombras nos siléncios cómplices. Sombras nos abandonos, nom só polas proibiçons, porque é certo que o convencimento de que se deve fazer o correcto, se juntou ao medo e à incertidume sobre o que está bem ou está mal fazer. Mas também forom abandonos polo conteudo que as feministas da Marcha démos a este 8 de Março. Um conteudo que tocava um tema ainda tabú na sociedade. Um tabú que se junta a muitos outros, todos rodeando os nossos úteros.

O feminismo leva décadas intentando que a razom, a ilustraçom e a ciencia liberem os nossos úteros da carga de misticismo, esencialismo e tabú que levam soportando tantos anos.O feminismo vive o aborto como um direito, mentres que ainda umha maioria social ve-o como o inomeável. Também sombras polos abandonos ocasionados pola claridade da mensagem ao culpar, sinalar e combater as forças reacionárias que ameazam conquistas arrincadas co esforço de várias geraçons de feministas. Ponhiamos-lhes nomes e apelidos: Conferencia Episcopal e Partido Popular. Este último saiu mesmo na prensa denunciando as mobilizaçons feministas e ameazando com invalidar o processo eleitoral. Sombras também polas críticas desde o próprio movimento feminista que aproveitárom um momento de dificuldade para sinala-lo como um momento de debilidade e claudicaçom.

Forom muitas sombras. Mas também houvo luzes. Luzes de solidariedade feminista, luzes dos amigos das feministas que somarom esforços. Luzes de algumhas cumplicidades desde as profesionais e os profesionais dos medios, e é que somos miles as mulheres que tivemos nalgúm momento da nossa vida que exercer o direito ao aborto, ainda que nom nas condiçons mais adecuadas.

Foi um 8 de Março onde estivemos moi pendentes de nós. Só na canle Euronews alcancei a ver a manifestaçom de Filipinas, miles de mulheres por umha ampla avenida pedindo direitos e liberdades, denunciando a violencia machista, o tráfico sexual...

Elas coma nós coas suas faixas, coas suas cançons... Ali estavam como as de Iram, Turquia, Brasil... Havia eleiçons, havia atentados terroristas, havia manifestaçons de miles de professoras e professores, como foi o caso de Portugal, mas nós sabíamos que também era o 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, Dia Internacional de Luita Feminista e em todo o planeta saímos às ruas.

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quarta-feira, fevereiro 27, 2008

O preço da liberdade

Valladolid, Valencia, Cádiz e Madrid, lugar de morte onte mesmo para quatro mulheres, a mais nova, de 22 anos, a que caiu em Madrid, boliviana, apunhalada pola sua parelha. A mais velha 54 anos morria dum tiro numha cafetaria de Valencia. A de Cádiz também morreu apunhalada, tinha 49 anos. A de Valladolid também morreu dum disparo, nom sei a sua idade. Som desconhecidas para mim. Som quatro mulheres que morrérom assassinadas o dia do meu aniversário, o mesmo dia no que cumpria cinqüenta anos, em lugares conhecidos, em cidades polas que eu caminhei. Som mulheres desconhecidas..., ainda que sim compartilhava muito com elas. Como elas, a mim me chegou o tempo de namorar. Comparto com elas a altura do mesado da cozinha pressionando levemente o ventre mentres se agarda polas patacas dourando-se no azeite borbulhante. Na face enrugada amosamos preocupaçom por ter botado leixívia de mais, na água de passar o banho pois nos rasca na gorxa. Som estas e mais ousas... A elas aquelas mans que se foram convertendo em estranhas, arrincarom-lhes a vida, tanto era o ódio acumulado por ser elas! Algumhas estavam coas amigas... como estivem eu onte, dia do meu aniversário, compartindo risas e problemas. Quero pensar que nom vam ser mais, que todo vai a melhor, que nom é reaçom contra a liberdade, que nom é terror aplicado por quem se resiste a perder o domínio... Mas todo me di que sim, que as mulheres imos pagar cada vez mais com medo, com amargura, com sangue e coa vida a nossa liberdade.

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