sábado, outubro 24, 2009

Anita



Apartando a intensa dor que me impede quase respirar, achego-me a este teclado. Tento pensar que nom é a mim a quem corresponde paralisar-me e deixar-me afogar no poço da sem-razom que é a sua morte. Enquanto esse tornado de dor e desesperaçom estará engolindo agora a todos o seus seres queridos, sinto que eu tenho que transmitir ao mundo quem era Anita, para que vos compadeçais de nós por tê-la perdido, e para que saibais o que perdechedes, as pessoas que nom a puidechedes conhecer.

Anita era umha sustentadora do mundo. Assim aparece nesta foto que se veio asinha à cabeça em quanto soubem da sua trágica morte. Assim, sustendo a Colcha da Solidariedade que muitas mulheres do mundo tecerom no ano 2005, com o anaco aportado por nós em Vigo, e que tam bem simbolizava a solidariedade.

Sustentadora do mundo, porque por onde quer que passava, ainda que o tempo a alonjara dum contacto diário, a sua pegada quedava indelével. Por isso, no dia de hoje, onde um maldito segundo roubouno-la para sempre, soa um eco por toda a comarca Ártabra "que imos fazer sem ela?"

Trabalhei com Anita muitos anos na MMM. Nada seria igual sem ela, sem a sua habilidade construtora de optimismo e esperança. Sei que foi o mesmo na sua actividade de mais nova no colectivo juvenil "Ar Ceibe". A Secretaria da Mulher da CIG, teve também o privilégio da sua participaçom, assim como outros colectivos políticos e sociais.

Mais queria sublinhar o seu bom fazer profissional. Como educadora social puidem ver os seus logros no curto espaço que o Concelho de Valdovinho a tivo contratada. O trabalho e a coordenaçom com o meu centro, o CPI de Atios, dérom tantos benefícios para o estudantado com problemas, que desde o Conselho Escolar tentamos sem sucesso, umha e outra vez, que voltara a ser contratada. Assim passou também na sua curta estáncia nos serviços sociais do concelho de Ferrol, onde levou adiante muitas iniciativas, todas elas sanadoras e criadoras de vida.

Porque Anita era umha sanadora. Chamavas para consultar-lhe um problema porque sabias que ela abria as maos e ali te oferecia um recurso, umha ideia. Sempre lembrarei especialmente o que me ajudou nos últimos anos da vida de meu pai. Foi ela a que abriu a mau para que aparecesse Ana, que o acompanhou a el, e sobretudo à minha mai, nos últimos meses.

Agora tinha um cargo muito importante no CAMF de Ferrol, como se correspondia à sua professionalidade. Imagino a todas e a todos unindo-se ao nosso eco "que imos fazer sem ela?"

Nunca, nunca , nunca pensei que teria que escrever isto, tam injusta é a tua morte para ti e para os teus. Por isso só posso dizer-te entre lágrimas, que viverás nos nossos pensamentos enquanto dure o nosso tempo, e que tentaremos ser cada dia um pouco coma ti. Anita, Anita...
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