domingo, dezembro 10, 2006

Entrevista en Praza das Letras: Le comigo

Praza das Letras - Le comigo

Docente e integrante da Marcha Mundial das Mulleres
Lupe Ces Rioboo

10-12-2006

Cal foi o primeiro libro en galego que liches?

O meu primeiro libro en galego foron os Cantares Gallegos. A asociación de veciños á que estaba vencellado o meu pai entregaba uns premios consistentes nas obras completas de Rosalía de Castro. Había volumes sobrantes por alí, e foi así como chegou ás miñas mans.

E un libro que fose especialmente importante na túa vida?

Sen dúbida o libro que máis me marcou foi Sempre en Galiza, de Castelao. Lino cando tiña 17 anos, en 1974.

Que libro che gustaría ler en galego? Algún relacionado co teu ámbito profesional?

A nivel xeral El Quijote. Non sei se está xa traducido, pero gustaríame ter a oportunidade de lelo en galego. No ámbito profesional, todos os libros da editorial Grao. Os seus traballos achéganse moito ás necesidades que hoxe en día se nos presentan na docencia. Actualmente están dispoñíbeis en castelán e catalán. Podo lelos en castelán, porque o entendo, pero preferiría facelo na nosa lingua.

Cal pensas que podería ser un referente para a xente cativa e nova?

Depende moito da idade. No nivel de infantil, co que eu traballo, O coelliño branco é todo un éxito literario. Pero tamén gozan moito coa literatura de maiores, gústalles moito a poesía de Rosalía, que chegan a aprender de memoria.

Que libro pensas que ha de acompañar o teu nadal?

Agora mesmo estou lendo Camiño errado, dunha feminista francesa, que rematarei nas festas. Trátase dunha reprobación feroz ao feminismo desenvolvido nos dez últimos anos. Sempre está ben escoitar as críticas ao que estamos a facer...
Cal has de querer agasallar?

Pois posiblemente tres obras da editorial Grao, que antes comentaba. Trátase de libros que reflexionan sobre a acción comunitaria e o movemento asociativo.


Publicado na Revista impresa "Praza das Letras" e no sítio web "Le comigo".


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terça-feira, novembro 21, 2006

25-N

Lupe CesA realidade monstra-nos que em muitos países do planeta os direitos das mulheres nom som reconhecidos, e nom existem leis que as protejam fronte ás violências que as afectam. Porém, na Galiza, como em muitos países europeios da nossa área de influência, vivemos um presente político e social onde actuam instituiçons que promulgam leis que contemplam medidas integrais de protecçom ás vítimas de violência; redactam-se e aprovam-se leis de igualdade, e desde os meios de comunicaçom assistimos a umha condena sem precedentes do maltrato e os maltratadores.

Mesmo assim, as mulheres continuam a ser assassinadas polos seus agressores; as denúncias continuam a ser contabilizadas a milheiros cada ano; duas de cada dez pessoas na Galiza conhece algum caso de violência de género [1] e as novas geraçons reproduzem os roles e valores sexistas nas relaçons afectivo sexuais [2].

Ante esta realidade e a um ano da aprovaçom da Lei Integral Contra a Violência de Género no parlamento espanhol, e ás portas de ser aprovada a primeira Lei Galega para actuar cara ao mesmo objectivo, cumpriría que desde o feminismo se afirmara a necessidade de reflexom e de acçom em dous pontos:

*As Leis nom podem ficar no papel, necessitam meios para desenvolver-se e aplicar-se.

*Nom se erradicará a violência contra as mulheres mentres nom se avance no cámbio social e este se consolide.

Os serviços assistenciais, jurídicos e policiais que existem até o momento ao aveiro da Lei, nom garantem na maioria dos casos umha atençom integral ás vítimas de violência [3]. Existe ademais um imenso valeiro no planeamento do enfoque e medidas concretas em serviços fundamentais como saúde mental e ensino. Devemos continuar exigindo umha optimizaçom dos recursos, ampliaçom de orçamentos para desenvolver as leis e novas medidas que as completem.

Mas também devemos exigir-nos a nós próprias, e exigir a todo o tecido social um maior compromiso na luita pola erradicaçom da violência contra as mulheres. Lembremos que três de cada quatro pessoas que conhece situaçons de violência nom as denuncia [4]. Esa erradicaçom nom vai vir só da promulgaçom de leis e da actuaçom desta ou daquela outra administraçom, ou da aplicaçom de políticas mais ou menos ajeitadas que paliem os efectos da violência, senom da assunçom por amplos sectores da sociedade dos valores feministas [5].

A construcçom dessa nova sociedade esta-se fazendo dia a dia, com a luita de muitas mulheres no activismo feminista, mas também na suas casas, no seu entorno familiar e social e a solidariedade e complicidade dos homens que rexeitam um género construido desde a desigualdade e a opressom. Mas cumpre acelera-lo e fortalece-lo, e nom baixar a garda ante os cámbios políticos perjudiciais para as mulheres, que se estám a dar em Europa. Esse cámbio social é o que pode garantir que a vida de tantas mulheres nom fique apagada ou segada pola violência.Essa mudança começa polo respeito, exijamo-lo.

Assinado.-Lupe Ces
25 de Novembro de 2006

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Notas.-

[1] Informe Outubro 2006 sobre a percepçom da violència de género da Secretaria Geral de Relaçons Instritucionais da Conselharia de Vicepresidencia da Xunta de Galiza.

[2] Informe de Maria Jose Barahona, profesora da UCM

[3] Informe de Amnistia Internacional 2006 sobre a Violência de Genero no estado espanhol.

[4] Informe Outubro 2006 sobre a percepçom da violència de género da Secretaria Geral de Relaçons Institucionais da Conselharia de Vicepresidéncia da Xunta de Galiza.

[5] A Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade desenvolve os valoras da Igualdade, Solidariedade, Liberdade, Justiça e Paz. www.marchemondiale.org
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segunda-feira, maio 22, 2006

Um impulso popular ao Dia das Letras

Este ano 2006 a celebraçom do aniversário da publicaçom do livro de Rosalia de Castro, Cantares Gallegos, pareceu ter um novo ritmo e fôrom muitas as iniciativas que ao longo do país tivérom como objetivo a reivindicaçom da normalizaçom do galego como língua própria da Galiza. Mas segue a ser escasso o número de pessoas que participárom em cada umha destas iniciativas ainda que a manifestaçom de Compostela organizada pola Mesa de Normalizaçom Lingüística convocara alguns miles. Digo que é escasso pola situaçom de emergência que vive o nosso idioma e cumpre intentar outras iniciativas que em datas tam sinaladas coma esta das Letras, convoquem à maioria social a expresar o sentimento e a consciência colectiva, que independentemente da identificaçom com proxectos nacionalistas ou nom, vivem a identidade da Língua e a cultura comúm..

Aguardava-se que desde o novo governo se impulsase algo mais que actos institucionais ou a participaçom de cargos eleitos na manifestaçom da Mesa. Ao final o mais novidoso resultou ser a programaçom da TVG, que por primeira vez refletiu umha jornada diferente e mesmo propiciou nalguns programas pequenos debates sobre a situaçom lingüística.

Cumpre ilusionar a umha parte importante da cidadania na defesa, ainda que seja por um dia, de umha língua e umha cultura própria, e sentir e visualizar a identidade colectiva com propostas criativas e cargadas de simbolismo, que arredem da luita partidista a questom do idioma. Sem essas propostas, o dia feriado das Letras Galegas, converte-se para a maioria social em umha oportunidade de descanso, e se cadra bem colocado, para desfrutar de ponte laboral para mesmo realizar umha pequena viagem ou visitar à família. Só nos meios de comunicaçom aparecerám pequenos sectores que continuam mobilizando-se, ou instituiçons que representam umha maioria, mas que nom alcançam a comprender a necessidade de comprometer a participaçom cidadá nas suas políticas, também na defesa da língua e cultura do país.

Muitas pessoas com militáncias políticas,tenhem comentado que desde que o Dia das Letras é feriado, os actos de celebraçom e reivindicaçom tenhem mermado nom só em número, senom em participaçom, e muitas se perguntam se nom seria mais acaído que este fosse um dia laborável onde nos centros de trabalho e de ensino se volvesse às raízes do debate da necessidade de falar o galego e defender os direitos lingüísticos das pessoas que habitamos este pequeno país.
Estas análises nom reparam na debilidade do movimento associativo cultural, no próprio envelhecimento da populaçom galega ou na presença da nossa língua e cultura dentro do currículum escolar, o que converte em obsoletas, actividades que resultavam atrativas nos anos 80 e 90, quase sempre girando ao redor das figuras do santoral literário.

Pola contra, cumpre aproveitar este dia feriado para convocar a identidade colectiva e monstrá-la publicamente, olhando-nos, reconhecendo-nos na pluralidade que representamos e polo tanto independentemente das reivindicaçons que cada colectivo social mantém e deve também mostrar esse dia, completando esse abano que deve dar um ar novo, um impulso popular à construcçom e conservaçom da identidade.

Na celebraçom do 25 de Julho, som as distintas alternativas políticas e partidárias as que protagonizam a data apresentando distintos projectos para a construcçom do projecto nacional. O debate político sobre os problemas do país e quais som os melhores caminhos para solucioná-los, a análise da conjuntura na que se move esta velha naçom que se esforça por ser também no século XXI, passam a primeiro plano. Umha data para a mobilizaçom, a expressom política na rua e os discursos de quem pretenda ou simplesmente esté no seu destino, liderar um projecto chamado Galiza.

Estamos assistindo a um moi positivo e celebrado processo polo que a nossa sociedade, muitos anos confessional católica, está redefinindo-se em umha sociedade laica, este processo, é certo, está sendo muito mais lento do desejado, ainda assim parece irreversível. As datas festivas já nom tenhem o sentido religioso da época franquista. Seria bom contar-mos com datas feriadas onde nos reconhecesemos todas e todos, independentemente das crenças religiosas. O feito de que na Galiza a grande maioria social seja galego falante ou quando menos nom rejeite o uso do galego em momentos determinados da sua vida, favorece a possibilidade de celebrar essa identidade colectiva dum jeito lúdico e á vez profundamente simbólico.

Imaginemos que desde as instituiçons galegas e desde os colectivos sociais se convoca-se à sociedade galega a participar activamente num Dia das Letras Galegas diferente. Um dia onde todas as pessoas que vivemos na Galiza poideramos aguardar que alguém nos agasalhasse cum livro, um cd ou um filme na nossa língua, ou que as pessoas que temos mais próximas no-lo oferecesse como agasalho. Um dia onde, ainda feriado, as livrarias de todo o país organizassem feiras nas cidades e vilas para que isto fosse facilitado, e para servir de ponto de encontro. Um dia no que todas as pessoas levaramos um sinal que nos identifica-se coa nossa língua, por exemplo umha flor de tojo ou de gesta, que também poderia sinalizar os carros, os autocarros, os estabelecimentos públicos ou as xanelas e portas das vivendas. Um dia onde se comprometesse a todos os grupos que trabalham pola recuperaçom do folclore popular, e a todas as pessoas que assim o dispuserem, a que saisem à rua engalanados cos trajes tradicionais para tomar as praças, e brindar dança e música,... e teatro e cinema ao ar livre, e concertos de música em galego, e novas danças inspiradas nas nossas raízes..., um dia festivo e reivindicativo da língua e a cultura. Umha festa para desfrutar colectivamente e lembrar também, que há anos, tivemos a sorte de que umha mulher tivo a disposiçom de volver a dar à nossa língua um formato escrito e começar um processo de dignificaçom do galego que cumpre que continuemos nós, habitantes da Galiza, explorando todos os caminhos possíveis.
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segunda-feira, abril 17, 2006

Das duas cidades que conformam Ferrol

Nom gosto de que me mintam. Som consciente do necessário lugar que ocupa a mentira no comportamento humano. No mundo infantil, a mentira é considerada um indicador de inteligência das crianças para sobreviver às regras do mundo adulto. Mas as crianças nom toleram bem a mentira adulta, polo de desorientaçom que representa, por inesperada e pola confusom e frustraçom que leva aparelhadas. Pois bem eu tampouco a levo bem, mas ao medrar numha família muito numerosa onde cada quem guarda no seu subconsciente lembranças diferentes que podem dar lugar a múltiplas versions do mesmo feito, aprendim a conhecer a verdade como algo relativo e valorar mais nas pessoas os seus feitos, afectos e atitudes, que o que contam, ainda que incluam pequenas coleiçons de mentiras mesclando imaginaçom, desejo e realidade.

A mentira de quem impom as regras, as normas, ou se encarga de mante-las, deveria ativar no organismo coletivo umha reacçom de incompatibilidade que frustrara automaticamente qualquer intento de manipulaçom. Mas nom ocorre assim, como se este organismo colectivo que conformamos as pessoas nas suas formas mais variadas (comunidades familiares, classes, povos, gêneros, minorias...), nom apresentara capacidade genética para fazê-lo, e fosse só trás um longo processo de criaçom de anticorpos que puidera frear a imunodeficiência que nos caracteriza. Os movimentos Nunca Mais ou o efeito derivado da informaçom do governo Aznar sobre os atentados do 11-M, som dous exemplos que me cadram nesta teoria.

Esta reviravolta introdutória quere levar-vos a umha mentira que a Cámara de Comércio de Ferrol elaborou há uns dias, e que o jornal La Voz de Galicia elevou a nova de primeira plana na sua ediçom comarcal. A Cámara de Comércio assegura que a celebraçom da Semana Santa ferrolana trai à cidade 50 vezes mais de benefício que o que se inverte ne-la. As contas da Cámara de Comércio som simples. Para fazê-las utiliza umha folha de cálculo onde aparecem dumha parte os ingressos, é dizer, os subsídos que venhem das arcas do próprio concelho, a Deputaçom ou a Xunta, e por outra parte os supostos ingressos nos negócios de hostelaria da cidade que podam aportar os miles de visitantes que acudem nestas datas a Ferrol.

Esta é umha dessas mentiras que resulta de valorar um feito polo que parece obvio, sem reflexom sobre efeitos e consequências que conleva, ou sem capacidade de reflexom que associe idéias e busque mais além do que se vê.

Para luitar contra umha mentira, nom cumpre mais que desmonta-la em cada um dos argumentos nos que se construa. Existe primeiramente umha crença que assegura que a gente acode a Ferrol a ver as manifestaçons religiosas. Mentres nom se realize um estudo sociológico que o confirme, eu também podo assegurar que o que impulsa à gente a vir à nossa cidade é mais bem o mesmo impulso que move a outra a visitar a Feira do Encaixe de Camarinhas, ou os múltiplas balneários que salpicam a nossa geografia e prometem uns dias de relaxaçom, cámbio ou simples curiosidade, entendida como ganhas de conhecer.

Tampouco é de esquecer que Ferrol é hoje por hoje umha cidade de emigraçom, com um fluxo constante de perda de habitantes. Esses mesmos habitantes que retornam em datas moi sinaladas, Nadal e verám incluidos, e como nom, nesta semana onde muitas pessoas desfrutam dumhas pequenas ferias que lhes permitem viajar com um pouco de tempo. Nestas datas sentimos as ruas mais cheias, e os negócios sintem um pequeno impulso que ainda assim, nom evita a constante pingueira de feches que entre carteis de “aluga-se ou vende-se” esta-lhe dando um ar fantasmagórico ao nosso casco urbano.

Teríamos as mesmas visitas? Regressariam a Ferrol as pessoas nadas na cidade e agora fora por razons laborais? Acudiriam a outras ofertas de ócio caso de que as expressons católicas que percorrem as nossas ruas nom tiveram o apoio dos cartos públicos, e se limitassem a umha expressom expontánea de religiosidade e nom a uns actos assumidos como beneficiosos por interesse turístico? Ou o que é mais importante, realmente som mais os benefícios ou os perjuiços que arrodeam à celebraçom da Semana Santa ferrolana?

Polo que eu tenho valorado, a Semana Santa ferrolana tem uns custes engadidos que fam pensar em grandes perdas para a populaçom em geral. É umha actividade que, tal e como está concebida, repercute negativamente na sociedade, com elevadíssimos custes económicos. A minha folha de cálculo tem muitas mais entradas que a da Cámara de Comércio.

Quando umha estrutura religiosas está permanentemente vinculada ao poder numha sociedade, como é o caso da nossa, pensemos na figura do Arcebispo Gelmirez, a Inquisiçom ou a simbiose entre a Igreja católica e o franquismo, é muito difícil observar como irregulares certos comportamentos dumha sociedade democrática, que para sê-lo, deve ser também laica. De aí as irregularidades que se apresentam se pensamos que dos orçamentos do estado, a Igreja Católica percebe do estado, instituiçons autonómicas e municipais, uns 3.004.988.280€, é dizer, mais de três mil milhons de euros, e dessa cifra só um 15% se recaudam através do 0,54% voluntário que as pessoas declarantes a Fazenda podem doar, sem que o Estado cobre à Igreja Católica polos serviços de recaudaçom gratuita dessas doaçons. Esse dinheiro é aportado por toda a cidadania, independentemente de que esteja de acordo coas doutrinas e políticas morais do catolicismo dominante.

Os salários de sacerdotes, os colégios religiosos concertados, as infraestruturas (igrejas, colégios, rectorais...), que se utilizam como base para organizar e alimentar este tipo de manifestaçons religiosas, correm como gasto a conta dos cartos de toda a cidadania. Mais ainda, utilizam-se as Forças Armadas e os Corpos de Seguridade do estado para dar-lhe aos desfiles um carácter de oficialidade e pensamento único possível que visibiliza a ligaçom entre o poder religioso e o político.

Poderiamos pensar que esta vinculaçom Igreja-Estado, renovada polos Acordos coa Santa Sede em 1979, podia partir da idéia de que a cultura, a sanidade, a educaçom, som um direito, nom um negócio, e polo tanto o direito à desenvolver a própria espiritualidade ou a colectiva, também deve estar garantida polo Estado, mas o que defendem esses acordos é a perpetuaçom duns privilégios por umha instituiçom que está exenta de impostos e tem mais propriedades em bens imobiliários que o próprio estado.

E ainda há mais, porque nom é já o que nos custa a toda a cidadania manter umha Igreja coa que nom coincidimos nos seus critérios morais a maioria da populaçom, basta ver as estatísticas favoráveis ao divórcio, aos direitos de homossexuais e lesbianas, aborto, uso de preservativo...senom os enormes custes em quanto a saúde mental e sexual que a influência do catolicismo oficial acarrea à nossa sociedade. A última declaraçom do Bispo de Ourense fronte ao matrimónio celebrado entre um concelheiro do Partido Popular e o seu moço, agora já esposo; ou a do portavoz da Conferência Episcopal, condenando a masturbaçom, as relaçons sexuais fora do matrimónio, a homosexualidade, o aborto e a eutanásia, levantam todas as fantasmas dum modelo social gris e repressor, onde as pessoas nom podem ser felizes. Um modelo social que coincide com o defendido no seu momento polo Consejo Local del Movimiento, ao que pertencérom na sua última época na nossa cidade, algumhas das pessoas vinculadas à organizaçom das Confradias da Semana Santa ferrolana. De aí o gosto polo sofrimento, a morte associada à tortura, o lujo dos materiais, a hierarquia militarizada, e as vestimentas herdadas da tradiçom inquisitorial. Essa é a simbologia na que se expressa a espiritualidade nas ruas ferrolanas.

Há uns dias coincidim num acto celebrado no Ateneo Ferrolám, baixo o título “Feminismo enfermo de satisfaçom”, com um home que detentara um cargo de responsabilidade na Camara de Comércio durante muito tempo e agora já está jubilado. Aproveitou a sua intervençom desde o público para argumentar em contra da incorporaçom das mulheres ao mundo laboral e culpabilizar aos novos modelos de família da violência de gênero. A sua idade nom justificava a sua postura claramente sexista e discriminatória, mas o situava anclado no modelo social e político que o encumbrara e lhe dera o controlo do que agora parecia se lhe escapava das mans. Mas que é o que justifica agora a valoraçom da Cámara de Comércio e o efeito lupa aplicado por La Voz de Galicia ?

As novas geraçons que tanto desde as instituiçons como desde as estruturas económicas deveriam dar um impulso à nossa cidade, carecem de projecto, de idéias, de criatividade, de visom de futuro, e seguem construindo em falso umha cidade que se vem abaixo. Umha cidade escrava das elites que a dominárom e a governárom desde que decidírom fusilar ao alcalde que representava umha modernizaçom baseada numha sociedade laica. Junto a Quintanilha, todas as cidadans e cidadaos que sonhavam e construíam esse futuro. E como símbolo do círculo que ciclicamente se repite, pechando esperanças defraudadas, esforços de cámbios nom logrados, de defesas coletivas inconclusas, no 72 ou nas sucessivas reconversons do nosso monocultivo industrial, os baches nas estradas ferrolanas abrem-se umha e outra vez para lembrar-nos que estamos fazendo-o mal, construindo umha cidade sobre gándaras, intentando permanentemente soterrar os seus rios e as suas fontes; fechando em falso feridas, que como a da Ria supuram com cada marea baixa um cheiro pestilente resultado da batalha entre as duas cidades que conformam Ferrol, a cidade dos vencidos e vencidas, mortalmente ferida pola sangria da polpulaçom mais jovem; e a cidade dos vencedores e vencedoras, totalmente estériles e agonizantes num modelo social e económico esgotado e mórbido para todos os seres que respiramos por estes lugares.
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segunda-feira, abril 10, 2006

O desejo...

Aguardo que encontres do teu interesse este blogue, que che seja útil, como encontro eu útil, e me confortam, as ideias e pensamentos, sugerências e reflexons que compartilham comigo todas as pessoas que creem na construcçom do colectivo.
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