sexta-feira, setembro 18, 2009

Propriedade e empréstimo som questom de valores



Nom som partidária dos livros de texto. As editoriais nom deveriam marcar nem as programaçons, nem o dia-a-dia das aulas. Mas, mentres o sistema escolar nom se libera de velhas ataduras e nom rompe esquemas que o mantenhem case na sua totalidade, em quanto à metodologia, imutável desde mediados do século XX, temos que aceptar que a utilizaçom do livro de texto, como eixo vertebrador dos processos de aprendizagem, é hoje o enfoque metodológico mais extendido nas aulas. Polo tanto, todo o que gira ao redor do livro de texto, desde os contidos até o jeito de adquiri-los e utiliza-los, influe enormemente no sistema educativo, polo que o debate actual sobre a gratuidade ou nom dos livros, nom pode limitar-se, sendo importante, só a um problema de dinheiro.

O sistema de empréstimos que se véu desenvolvendo tardiamente na Galiza co governo bipartito, fomentava umha série de valores que cumpre publicitar. Porque ali onde podamos, as pessoas que acreditamos na urgência dumha sociedade mais justa, temos que contrarrestar a agitaçom social promovida desde a Consellería de Educación, baseada em sentimentos de inveja e ressentimento, fronte à solidariedade pretendida. Assim, temos às famílias do alumnado mais pendentes de quem recebe a ajuda e quem nom, de ver se "lhe pagamos" ou nom os livros ao filho do vizinho, que tem salário fixo, ou um coche "que já nos gostaria na porta”, que dumha séria reflexom, junto co resto da comunidade educativa, sobre que é o que verdadeiramente perdemos ou ganhamos com este cámbio.

Nom chega com argumentar que volver ao antigo sistema de livros em propiedade é muito mais caro para os orçamentos públicos, e polo tanto muito mais caro para toda a sociedade, dado que mentres o sistema de empréstimo mantinha os mesmos livros ao longo de quatro anos, o sistema em propiedade obriga a dar ajudas continuas cada curso.

Nom chega com argumentar que vam ser moi poucas as famílias que recebam a ajuda e que essa ajuda nom vai cobrir o 100%. Hai que explicar que o sistema em propiedade gera desde o princípio de curso grandes desigualdades. Só teríamos que passear-nos polas aulas para ver quantos nenos e nenas levam desde o dia dez sem livros, porque na sua família nom cobrárom ainda o paro ou o finiquito para poder mercar-lhos e posteriormente pedir a ajuda. Co sistema de empréstimos todo o alumnado começava, quando menos nesse aspecto, em igualdade de condiçons. Agora volveremos a ver os livros todos sublinhados ou desgastados polo mal uso, aproveitados polo familiar ou vizinha menos favorecida. Sempre sairám de balde, mentres que a ajuda obriga a um desembolso total primeiro, e só a recuperar umha porcentagem, seja grande ou pequena, depois.

Nom chega com argumentar que a gestons das ajudas supom umha sobrecarga para as escolas, ou que as equipas informáticas habilitadas nos centros som insuficientes e precisam de muitos apoios porque o analfabetismo informático é moi maioritário no nosso país. Hai que explicar que é um cámbio no sentido contrário ao do aproveitamento e optimizaçom dos recursos. Ingentes cantidades de papel serám empregadas cada curso em repetir praticamente as mesmas ediçons duns livros que acabarám a sua funçom, na maioria dos casos, a finais de Junho.

Hai que exigir que fagam públicos os estudos aos que se chama a Conselharia, que demostram os melhores resultados académicos entre escolares com livros em propiedade e os que tenhem sistema de empréstimo. Que fagam saber que mostra tomarom, em que estrato social e ámbito geográfico, e como vinculam propriedade do livro e êxito escolar.

O que demostrou o sistema de empréstimo é que ao final de curso, nom saíam, como era habitual, as folhas e as capas, cada umha co seu próprio plano de vóo, polas janelas. Os livros passárom a ser espaço compartido, território em mancomum, que se respeita e se coida. Assim, a igualdade entre o alumnado conseguia-se nom polas ajudas ou subsídios, senom polo dever que tinham em coidar o que era de todos e de todas.

Perdemos em valores de igualdade e responsabilidade, perdemos em actitudes de respeito e colaboraçom, perdemos na educaçom de cidadáns e cidadás conscientes em direitos e deveres. Mais penso que todo isto já se sabia e mesmo se perseguia, polos novos dirigentes da Consellería de Educación.

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domingo, setembro 13, 2009

Radio Galega, a rádio roubada

Roubárom-nos a rádio pública galega. Asaltárom-na e ferida de morte, dérom-lhe o tiro de graça coa nova grelha. Som @s de sempre. Os mentiráns e censuradores que ao longo dos governos presididos por Fraga Iribarne, ocultárom e restringírom informaçom, escorados ao lado do poder, esquecendo a vocaçom de serviço público e objectividade e pluralidade informativa e formativa que compete a umha rádio pública. Som os mesmos nomes, encabezados polo inesquecível Xusto López Carril, condutor durante a era Fraga dos informativos da manhá; María Xosé Rodríguez, sempiterna protagonista dos magassines, ou Tino Santiago, malabarista da mentira e a subxectividade informativa ao serviço do poder. Som os mesmos nomes, as mesmas idéias, o mesmo provincianismo, a mesma radio de segunda que nom merecemos.

Nom poderiam ser outros nomes, porque as xefas volvem ser as mesmas. Rosa Vilas Nuñez, desde o ano 1989 na RTVG, já foi subdiretora de informativos cos governos do PP até o 2005, agora ascendida a diretora da TVG. E Rosa Martínez Rivada nova diretora da Radio Galega, ainda que velha servidora dos interesses do PP nos médios públicos. Leva na Radio Galega desde 1986, foi subdiretora cos anteriores governos do PP.

Como é que estas pessoas nom tenhem que responder pola censura coa que forom cúmplices durante tantos anos? Como é que estas pessoas volvem colher o espaço público como se os três anos e medio no que respiramos nas ondas um pouco de liberdade, fossem só um espelhismo, um sonho. A realidade volve a ser a sombra da caverna.

Doe como volvem a usurpar a Radio Galega, e como mendicantes buscamos aqueles dias e minutos contados onde aparece na programaçom algo que motive, solprenda, entretenha ou mova à reflexom. Sim, esses minutos existem. Ainda a nova direcçom nom se deu conta dessas bolsas de oxigeno que nos permitem respirar e seguir existindo como ouvintes da radio pública. Mas a mim pessoalmente, doe-me que eliminaram da parrilha o programa Extrarrádio, conduzido por Belén Regueira. Os sábados e domingos pola manhá, na casa ou viajando, escoitavamos a Belén e a sua equipa e sentiamo-nos a gosto. Nom porque as idéias, os comentários, a informaçom ou os temas tratados fossem os que eligiríamos no caso de poder participar na elaboraçom do guiom, incluídas, numha mostra de pluralidade inexistente até o 2006, muitíssimas entrevistas a dirigentes do PP. Mesmo levamos umha decepçom quando se eliminou a secçom dos comentários de Carlos Taibo. Senom porque era um espaço de respecto, posta em valor dos sinais de identidade galegos, um abraço entre as distintas realidades de Galiza, onde confluía o rural e o urbano, o moderno e o antigo, o tradicional co inovador. Todo isto desde umha rádio de calidade, onde a formaçom das profissionais que o conduzíam, marcava a diferença. Divertia, ensinava, movia à reflexom. Em fim, o que tem que ser a rádio. Agora lembro com morrinha o espaço dedicado ao concelho de A Veiga no último programa, foi excepcional.

Caiu-nos a condena dumha longa singladura polo deserto. Quando ganhou as eleiçons o PP, Belén Regueira dizia num artigo n'A Nosa Terra que nom havia que cair no vitimismo, que o que havia que fazer era viver. Quitam-nos o ar para respirar, a terra debaixo dos pés e ademais de todo isto, andamos encerelhando entre nós botando-nos areia aos olhos, penso que só podemos centrar todos os esforços em sobreviver. Eu tampouco dou para moito, só se me ocorreu enviar um correio de protesta ao programa "somosquen@crtvg.es", outro à diretora da radio "dir.rg@crtvg.es" e outro à xefa de programas "radiogalega@crtvg.es".

Como garantir a independencia d@s profissionais da RTVG? Como evitar a sua privatizaçom? Como protege-la dos cambios politicos que a apartam do serviço a sociedade galega? Como garantir esse controlo social?

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quinta-feira, setembro 10, 2009

Que che fixemos Laura?


Tenho preocupaçom pola reacçom social que envolveu o assassinato de Laura Alonso Pérez no concelho de Toén. A medida que passavam os dias depois da sua desapariçom, as vozes que pediam endurecimento das penas, cadeia perpetua ou mesmo pena de morte íam in crescendo, coa ajuda inestimável dos meios de comunicaçom que abriam foros e votaçons para a reforma do Código Penal, como si a existência ou nom da violência machista tivesse relaçom co número de anos, meses e dias das sentenças que se ditam. Só hai que mirar, como me apontava umha amiga, que muitos agressores actuam como terroristas suicidas, sem dar opçom à justiça a actuar contra eles.

Mentres a sociedade siga alimentando sentimentos de vingança e ensanhamento, e nom esté disposta a acometer os cámbios necessários para arrincar as raízes que alimentam a violência machista, seguiremos enterrando a muitas Lauras.

Já som muitos os sinais que nos indicam que a sociedade galega deu um golpe de timom no rumo que a levava cara a umha sociedade inspirada nos valores da igualdade. Coa morte de Laura, apontam as contradiçons entre o que significa chorar diante do seu cadaleito e apoiar políticas que preparem o escenário do novo crime. Sem dúvida estamos diante dumha involuçom do que pareciam ser avanços consolidados em quanto a liberdade e direitos das mulheres.

Essa reacçom visceral ante o assassinato de Laura convertida num feito mediático, espida absolutamente de análise e reflexom, indica-nos até que ponto a sociedade galega está impossibilitada para rematar coa violência machista e evitar mais assassinatos de mulheres. Nom se pode deconstruir ou desactivar o que se desconhece, e segue havendo umha grande ignoráncia social a respeito da violência machista, por quê se dá?, quais som os efeitos que produz nas vítimas?, que tipo de masculinidade a exerce?, e sobre todo... como prevé-la?.

Exercer umha responsabilidade política, aumenta em muitos graos o efeito dessa ignoráncia. É também muito perigoso, desconhecer ou minimizar o efeito que sobre o repunte ou o retrocesso da violência machista, tenhem as políticas que se aplicam desde os poderes públicos ou a influência que neste fenómeno tem, a ideologia que extendem as instituiçons mais poderosas na nossa sociedade, nomeadamente a cúpula católica.

Essa ignoráncia demostrou-na o Presidente da Xunta, Alberto Nuñez Feijóo, na declaraçom institucional realizada a raiz do assassinato de Laura Alonso, comentando que na Galiza o assassinato de mulheres era algo "excepcional". Palavras pouco adequadas para referir-se a um fenómeno social no que a morte de cinco mulheres no que vai de ano, é só a ponta dum iceberg que arrastra miles de denúncias nos julgados, e que agocham muitas mais agressons todos os anos no nosso País.

Seriam só palavras, que se poderiam desculpar, se nom agachassem umha ideologia e umhas políticas que vam na direcçom contrária dos valores da igualdade. O Partido Popular ao que pertence, deu sobradas monstras delo, opondo-se à Lei de Igualdade, á reforma da Lei do Aborto, á inclussom nas escolas da asignatura "Educación para a Cidadanía", a igualdade de direitos das pessoas homosexuais, apostando pola guerra ... e abandeirando umha política económica de privatizaçom dos serviços públicos, baixada de impostos e aforro do gasto público em serviços e prestaçons sociais, que é um ataque directo à igualdade das mulheres.

Seriam só palavras, as de Feijóo, ante a morte de Laura Alonso, que poderíamos disculpar se nom tivessem detrás umha vontade política de colocar ao frente das instituiçons galegas pessoas de conhecida ideologia integrista e misógena, que, como no caso do Conselleiro de Educación -Xesús Vázquez Abad-, aceita como bom, a segregaçom por sexos nas escolas, ameaçando o presente do sistema público de ensino, onde umha parte muito importante da comunidade escolar esforça-se, na formaçom em valores da igualdade, do ecologismo e a paz. El conhece esse passado recente e esse presente. Sabe como reaccionou o ensino público ante a catástrofe do Prestige ou ante a guerra de Irak. Sabe-o el, e o Opus Dei, a organizaçom que parece inspirá-lo. Polo que o ensino público, vai ser umha das instituiçons galegas mais atacadas nesta legislatura. Umha instituiçom chamada a ajudar a formar pessoas cumha nova masculinidade, novos roles nom esteriotipados, novas relaçons afectivo-sexuais baseadas no respecto e a igualdade.

As de Feijóo, forom só palavras, que seríam anécdota, se o governo que dirige, nom estivera abrindo umha fenda nos direitos e liberdades das mulheres. A Conselleira de Sanidade -Mª Pilar Farjas Abadía- vai à frente dessa actuaçom, nom só pola sua carreira privatizadora dum serviço público básico para as mulheres, senom que nela se arroupa o mais reseso dos integrismos que qualificam o aborto como um assassinato. Assim pretendem aplicar na Galiza o terrível modelo de apoio às mulheres com embaraços nom desejados, que já está em vigor em Valencia. O objectivo é, em primeira instáncia, convencê-las de que o melhor para elas é levar a termo o embaraço, que já haverá a quem entregar ao seu filh@ umha vez parid@, sem ter em conta os sentimentos ou a afectaçom que para a saúde mental das mulheres comporta esta terrível decissom. Essas mulheres vam poder ser acolhidas por outras familias, que por suposto lhes transmitiram os valores dumha maternidade adnegada na que a sua vontade e desejo conta bem pouco. Um modelo que ignora a responsabilidade masculina, e que vai dirigido fundamentalmente às mulheres mais vulnerábeis (adolescentes ou mulheres pobres), nom para empodera-las e dar-lhes a suficiente autonomia para que tomem com liberdade às suas própias decissons, senom para encorsetá-las num modelo feminino herdado dos manuais da "Sección Feminina" e das ordes religiosas, tradicionalmente dedicadas a redimir "vidas descarriadas". É que a Conselheira di que o aborto é a monstra palpável do fracasso da educaçom sexual. Teria-nos que explicar de que educaçom sexual fala Pilar Farjas e onde se imparte.

O alcalde de Toén, aparecia nos meios de comunicaçom primeiro abatido, logo, ante a detençom do agressor, com cuja família mantinha umha forte vinculaçom política e de amizade, o abatimento convertiu-se em desorientaçom. A vítima e o verdugo dentro do seu círculo de confiança. O discurso oficial de condea nom servia. Era como se se dera conta por um momento que algo tinham feito mal em Toén. Como se puido chegar até aí? Como é que nom pararom a tempo as cousas quando havia que para-las? Por que um rapaz de boa família chega a fazer o que fixo? Por que a umha rapaça como Laura, as idas e voltas dumha relaçom lhe custam a vida? Nom lhes virom nunca nada na escola? Que lhes diziam na misa? E no centro de saúde, nunca lhe notarom nada? E na casa, que lhes diziam na casa? Que se fai nestes casos? Que haveria que fazer antes?... Mas entóm, Alberto Nuñez Feijóo, o seu presidente, o seu máximo dirigente, chegou a Toén para reprogramar umha única resposta correcta a todas estas perguntas. Umha resposta que ademais apresentou, como umha reivindicaçom das organizaçons de mulheres: hai que aumentar as penas para os maltratadores. Assim, o que era algo "excepcional", converte-se em razom para cambiar o Código Penal. Todo para seguir dando às costas ao problema da violência contra as mulheres. Todo para que siga intacto o sacrosanto sistema patriarcal que contamina todas as expressons sociais. Todo para que os titulares da prensa recolham a pergunta Que che fixérom pequecha? no canto de: Que che fixemos Laura?

06-09-2009
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