quarta-feira, outubro 01, 2008

Com passo imparável



Mulheres urbanas e mulheres das organizaçons agrárias incorporam ao discurso e à prática feminista o diretio à soberania alimentária


Aquelas e aqueles que andámos polas ruas de Vigo o 23 de Maio de 2004, na mobilizaçom européia, nom podemos deixar de emocionar-nos ao pensar na possibilidade de participar numha nova convocatória da Marcha Mundial das Mulheres. Como naquela ocassom, imos ter a oportunidade de marchar, esta vez, junto a mulheres vindas dos cinco continentes, e participar da energia transformadora que aportam tantas vontades e tam diferentes, unidas para construir um mundo onde a pobreza e a violência sejam erradicadas .

As delegadas que provenhem dos setenta países nos que está organizada a Marcha Mundial das Mulheres, vam estar reunidas na Residência de Panxón, concentrando no nosso país toda a energia e sabedoria que se poda desprender destes debates. Som convidadas da cidadania galega, pois som os recursos públicos, gestionados pola Secretaria de Igualdade, o que vam fazer possível que ao longo dumha semana, mulheres de distintas condiçons culturais e econômicas podam ter alojamento e lugar para o debate, num país onde exercer de anfitrionas conleva um alto nível de auto-exigência. Vam ser convidadas dumha cidadania que está convocada a compartilhar com elas a manifestaçom do domingo pola manhá, o Foro e a Feira de Soberania Alimentária, onde as delegadas da MMM vam abrir os seus debates para todas e todos os que nos acheguemos a Vigo o 18 e o 19 de Outubro.

Mentres altofalantes patriarcais, desde o coraçom do Império, anunciam a chegada dum novo feminismo coa figura de Sarah Palin, candidata polo Partido Republicano, arroupada nos valores do militarismo, o racismo, a repressom e exclussom sexual, o enriquecimento sem límites ou a depredaçom da Natureza; o velho feminismo, o múltiplo e variado feminismo, o das pensadoras, o das ativistas, o das artistas, o das velhas e o das novas... o feminismo que bebe e re-escreve os valores da democracia, da justiça, da liberdade, da igualdade e da paz, tece redes no mundo para sustentar umha nova realidade onde melhorem as condiçons de vida e de direitos das mulheres do planeta.

Nessa rede também trabalha, e desde os cinco continentes, a Marcha Mundial das Mulheres, que traz a este velho país, novos ingredientes para engadir ao discurso feminista europeio. Um discurso que tem muito desenvolvido em quanto à loita contra a violência machista, os direitos sexuais e reprodutivos, a representaçom política ou o reparto do trabalho, mas que nesta ocassom tem que deslocar-se do medio urbano, onde construiu a súa palavra e acçom, para incorporar as realidades das mulheres que em âmbitos rurais ou pesqueiros tenhem definida a sua identidade como produtoras de alimentos. Este convite para ampliar a olhada do feminismo europeio, vem feito polas feministas das Américas, da Índia e de África, que participam das luitas pola terra, polos alimentos, pola áuga..., para defender-se das políticas desenhadas pola Organizaçom Mundial do Comércio, o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional, que favorecem os monocultivos intensivos, o agronegocio e os agrotóxicos. Estes organismos e estas práticas agrícolas, gandeiras e pesqueiras, definem a produçom e o mercado da alimentaçom em Europa, com conseqüências, ainda nom bem analisadas nem quantificadas, no modo de vida e na saúde das mulheres. Da aliança entre as feministas urbanas e as mulheres das organizaçons agrárias, nasce a necessidade de incorporar ao discurso e à prática feminista, o direito à Soberania Alimentária. Este debate, que vai centrar as atividades do 18 e 19 de Outubro em Vigo, vai permitir também o encontro com todas aquelas iniciativas e proxectos coleitivos, que no nosso país levam tempo dando passos a prol deste direito dos povos, definido pola rede internacional "Via Campesina" em 1996, na Cumbre Mundial da Alimentaçom.

No ano 2000 as mulheres organizadas na Marcha Mundial diziamos que havia "mil razóns para marchar juntas". Neste outono recém estreado, onde a terra, se nom lhe viramos as costas, nos oferece alimentos para superar os rigores da invernía, temos mil razóns para acudir a Vigo e arroupar coa nossa presença e solidariedade, a estas mulheres convidadas da cidadanía galega para fortalecer o seu passo imparável. Com elas expressaremos o nosso desejo de "Cambiar a vida das mulheres para cambiar o mundo, cambiar o mundo para cambiar a vida das mulheres".

Ferrol, 1 de Outubro do 2008
Lupe Ces

Publicado no portal altermundo.org

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