terça-feira, dezembro 07, 2010

Estado de Alarma


Os sindicatos CCOO, UGT e USO, anunciárom a convocatoria de folgas nos aeroportos de AENA para estes dias de Natal. Mariano Rajoy e José Luis Rodríguez Zapatero anunciárom que estám em disposiçom de prorrogar o estado de alarme que conlevou a militarizaçom do tránsito aéreo. Se a alguém cum mínimo de consciência tinha algumha dúvida sobre o efeito devastador que, sobre os direitos laborais, tivo e tem o conflito que mantenhem as controladoras (um número moi importante som mulheres), e controladores aéreos, e o Ministério de Fomento, nestas próximas semanas verá a cousa com mais claridade.

O linchamento mediático de todo um colectivo de trabalhadoras e trabalhadores foi possível porque o discurso monocorde nos médios de comunicaçom ia acompassado, sem fissuras. Algo disto nos temíamos quem passeávamos com preocupaçom por umhas cidades desertas que se tingírom em bicolor quando o campeonato do Mundo deu a vitoria à equipa de Espanha. Tanta sincronia nom podia agoirar nada bo.

Se bota-se-mos umha olhada hai um ano, aos comentários que se verquiam nos médios de comunicaçom contra a folga convocada polos trabalhadores e trabalhadoras do metal em Vigo, ou pola convocada no Metro de Madrid este mesmo ano, veríamos que coincidiam letra a letra, ofensa com ofensa, cos verquidos estes dias contra este colectivo. Num medio de comunicaçom como Faro de Vigo, pedia-se que se lhes bota-se a todos ao paro, que nom volvessem trabalhar em Vigo, penas de cárcere por delinquentes... Mas a maior coincidência entre estes três colectivos ( as diferenças salariais, de condiçons de trabalho... já as conhecemos), é a vulneraçom do convenio colectivo nos três casos. É dizer, os maiores conflitos dos que tenho eu consciência nos últimos tempos, nom som por melhorar as condiçons laborais e salariais das trabalhadoras e trabalhadores, senom por manter o que se tinha até o momento, o que se tinha assinado e ganhado por convênio.

No caso das controladoras e controladores, tivérom um recorte salarial do 40% no mês de Fevereiro, e três decretos mais ao longo do ano que violavam direitos laborais básicos do Estatuto dos Trabalhadores, como é a obrigaçom que se lhes impom, via decreto, de recuperar as horas de baixa por enfermidade, por permiso maternal, lactáncia, horas sindicais, ferias... Todos estes decretos, mantinham a este colectivo num alto nível de descontento e impotência, que nom puidérom expressar na folga do 29S ao impor-lhes uns serviços mínimos do 100%. A constataçom na prática de que o direito à folga nom existe para o seu colectivo, levou-nos a um abandono massivo do posto de trabalho aludindo motivos de saúde. Desse jeito tam desesperado é que este colectivo protestava pola privatizaçom de AENA, e por umha volta de torca mais nos seus direitos laborais.

Agora virá a quenda do resto dos trabalhadores e trabalhadoras de AENA. O estado de Alarme com seguridade vai fazer cambiar muitas das vontades que pretendiam defender a titularidade pública dumha empresa que nom dá perdas. A campanha mediatica está feita, criminalizaçom sindical, da resposta obreira e linchamento de quem ouse romper a monotonia do cotidiano. Essa monotonia de quem nom se questiona o que vem de arriba, só o carga sobre o seu lombo, como se dum fenómeno natural se tratase, e a seguir!

A divida contraída coas entidades financeiras, fai que o governo, veja nas privatizaçons um jeito de encher de imediato as arcas públicas, para pagar os interesses que lhe exigem os acreedores. Estes, polo visto, nunca perdem, ainda que botem um pulso co estado. O governo está disposto a dobregar-se à chantagem dos mercados e reserva as respostas ofensivas para aqueles colectivos que ousem desafiar as suas políticas de privatizaçom e recortes sociais.

Na minha cidade os trabalhadores e trabalhadoras do Souto de Leixa levam semanas loitando contra a privatizaçom do seu centro de trabalho. Em mobilizaçom permanente, intentam consciencizar à cidadania de que os serviços públicos som o melhor garante dos nossos direitos assistenciais, sanitários e educacionais. Agora eu engadiria de serviços básicos como o transporte ou a energia. Nom tenhem convênio de grandes salários, nem som elites privilegiadas dentro da empresa pública, mas ainda assim, nom parece que sejamos conscientes de que a sua loita é a nossa, que nos jogamos muito e imos perdendo.
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domingo, dezembro 05, 2010

Privatizar o Outono


Em quanto os dias se fixérom mais curtos, os caminhos do meu bairro começárom a encher-se de cores luminosas. Amarelos, laranjas, ocres, mesmo vermelhos, saiam-me ao passo polas ruas, polos caminhos entre os parques, no passeio à beira do mar. Um mar de gente, sobre todo crianças, apanhavam castanhas nos soutos urbanos que forom consolidando-se ao longo destes anos em distintos pontos de Caranza. Carvalhos, castinheiros, marmeleiros, ameneiros, bidueiros... e mesmo algum albedro e arces japoneses, agasalham as suas melhores cores, para que vejamos nelas a luz e o consolo que um debilitado sol, e um ceo gris, dia sim e dia também, nos negam empurrando-nos cara a tristeza dumha natureza que se apaga.

Só assim, apoiadas e apoiados na contemplaçom das cores luminosas do Outono, podemos sobreviver até a chegada do solstício de inverno onde mais umha vez, a luz volverá a ganhar o dia.

É por isso, que este ano vivim com preocupaçom este Outono que chega a súa recta final. Nesta febre neoliberal com convulsons privatizadoras, suspeito que o Outono vai ser privatizado, de jeito que só um grupo privilegiado vai ter aceso a el. O Outono nas cidades nom é rendível a olhos de quem aspira a recortar gastos e vê na nossa saúde, entendida o mais globalmente possível, algo que, ou se tira negocio de-lo ou é valorado como um lastre, algo que pom freio a um crescimento inevitável, lembremos neste ponto que os cancros, os tumores, som também um crescimento desregulado das nossas células.

O Outono nas cidades precisa de coidados. As folhas tenhem que ser recolhidas para que nom tupam as sumidoiros, e para que nom produzam acidentes sobre todo entre a gente de mais idade que desfruta dos passeios. As árvores tenhem que ser coidadas, junto a todas as zonas verdes, das que o meu bairro, por sorte, conta polo de agora, de abondo. Isso se traduz em gasto para a instituiçom municipal, afogada polos obrigados recortes que nos impom o cancro que padecemos, é dizer, o medre duns mercados desregulamentados, convertidos em tumores malignos moi activos e com grande capacidade de metástase que, ameaçam, entre outras cousas seguramente mais importantes, o desfrute colectivo da maravilha outonal. O Outono significa postos de trabalho para coidar de algo que nom se valora como produtivo, e agora coa máxima de que “quem o queira que o pague”, podemos começar a ver como se substituem por cimento, ou por espécies perenes, que nada tenhem a ver coa paisagem que precisamos para fazer com cordura esta viagem de transiçom ao inverno, os nossos parques e os nossos passeios.

Privatizaram o Outono. Numha comarca onde a invasom do eucalipto nom permite vê-lo nas fragas mais achegadas, onde um monótono e sedento verde grisalho nos acompanha todo o ano. Entom, o Outono ficará nas grandes fincas privadas. E nós iremos busca-lo detrás dos feches dessas fincas, como a grande maravilha que nos será negada. E estaremos com menos saúde, com menos alegria, e nom seremos quem de ser nós, seremos irremediavelmente gente diferente.

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domingo, novembro 14, 2010

No adeus a Martinho

Assistim ao soterramento das cinzas de José Sanmartim Bouça "Martinho". Compartilhei com ele anos de militáncia na UPG, BNG, CIG... e junto com ele, figem parte dumha geraçom que partindo da experiencia traumática da reconversom industrial, e fruto do discurso político dum nascente nacionalismo que nom assumia o processo de transiçom espanhola, reivindicava o exemplo de Moncho Reboiras, e  por cima de tudo tinha o desejo de ver cámbios reais de já, numha sociedade que abraçava os valores burgueses e virava às costas aos sinais de identidade da Galiza.Essa geraçom víamos no EGPGC o nosso refente político em quanto acreditávamos que nos defendia dos ataques do capitalismo e mostrava unha vontade incontestável de ser unha naçom.

Visitei com assiduidade a Martinho ao longo dos anos nos que estivo em prisom, primeiro na Corunha e logo sofrendo a política de dispersom, nos cárceres onde estivo como consequência da sua pertença ao Exercito Guerrilheiro. Para ele, converteu-se numha opçom de vida, o que foi para mim umha aprendizagem dolorosa, umha experiencia política e pessoal traumática, e me mostrou quam errada estávamos essa geraçom de jovens, e nom tam jovens, naquele caminho empreendido. A camaraderia e a amizade cambiou polos enfrontamentos pessoais, que chegarom a ser moi duros. Ele seguiu acreditando numha derrota co uso da violência, do capitalismo e o Império. Eu me afiancei no caminho da via democrática ao socialismo, na convicçom de que as guerras, as armas, a pena de morte..., devem ficar longe da acçom política e nada bo podem aportar na construçom dumha sociedade mais justa. Eis a verdadeira diferença entre os dous caminhos. Porque se poderia pensar na utopia em quanto a correlaçom de forças armadas e estruturas de poder que tem que doblegar, quem escolha o primeiro caminho, mas o caminho democrático ao socialismo, na Galiza, semelha nestes momentos igual de inalcançável. Quem é quem de conseguir aunar vontades, dar por finalizadas antigas alianças, e criar outras novas entre todos os sujeitos políticos, que estariam chamados a protagoniza-lo?

Esses sujeitos políticos, existir existem. Existem forças partidárias que acreditam no modelo socialista; existe um movimento sindical que demostrou a sua fortaleza e a sua vontade de enfrontar o neoliberalismo o passado 29S; existe um movimento labrego organizado e que conta com experiencia e alternativas para dar a batalha pola soberania alimentária; existe o movimento ecologista nas suas distintas expressons organizativas; existe o movimento feminista, plural, introduzido em diferentes sectores sociais e campos de actuaçom, junto ao movimento na defesa da identidade sexual ; hai experiencia de alternativas financieiras populares; existem expressons organizadas de espiritualidade e religiosidade non opressoras; existem plataformas de defessa dos serviços públicos, com organizaçons associadas que luitam em sectores específicos pola melhora da qualidade destes serviços; existe experiencia no papel que cumprem ante os cámbios políticos, os médios de comunicaçom monopolizadores da opiniom, fracassos acumulados no intento de contrarresta-los, e umha diversidade de iniciativas, ainda que de alcance minoritárias, de médios alternativos; existe umha rede moi ampla de organizaçons que tenhem o seu agir na defesa da Língua e a Cultura; organizaçons de defensa dos direitos civis e democráticos, incluindo os das pessoas com diversidade funcional, das pessoas migrantes...; organizaçons que reivindicam e preservam a nossa memória histórica ...

Temos os sujeitos políticos objectivamente interessados em protagonizar a construçom dum modelo socialista por vias democráticas, mas falta o lubricante que faga rodar o processo. Falta o momento da reflexom comúm que resposte a estas duas perguntas:

1ª Que modelo socialista estamos em disposiçom de compartir?

2ª Em que objectivos deixaríamos parado o nosso trem, com as contradiçons e erros que tenhamos que assumir, o tempo necessário, e cos cámbios e reajustes que se precisem, para que ninguém de esses sujeitos se apeie antes de chegar a essa hipotética meta?

Mentres os segundos e as horas deixam atrás o momento em que despedimos a Martinho no cemitério de Fene, quero ficar coa lembrança dum home que amou ao seu Povo e à sua Língua, e loitou por um mundo melhor.

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domingo, novembro 07, 2010

Golpista ecuatoriano na Galiza

Quero manifestar a minha total repulsa pola presenza na Galiza do ecuatoriano Luis Villacís Maldonado, pertencente ao Movimento Popular Democrático do Ecuador (MPD), convidado pola organizaçom MCB-Capítulo Galiza, vinculada às organizacións independentistas Primeira Linha e Nós-UP, e que vai protagonizar um acto político no Centro Social "A gentalha do Pichel" da cidade de Compostela o próximo dia 11 de Novembro. Luis Villacís Maldonado apoiou o intento de golpe de estado contra o Presidente Rafael Correa do pasado 30 de Setembro. As intençons para vir ao nosso país som claras. Pretende, baixo o paraugas de forças de esquerdas, adoctrinar à gente mais nova, com inquietudes revolucionarias, em contra dos procesos transformadores que estam a levar a cabo os países do ALBA, aos quais pertence Ecuador por decissom do governo de Rafael Correa, que mantem umha posiçom claramente antimperialista e conta co apoio de amplos sectores populares da sociedade ecuatoriana como som o Partido Comunista do Ecuador, a Juventude Comunista do Ecuador, Confederaçom de Trabalhadores do Ecuador, Confederaçom de Povos e Organizaçons Campesinas Indígenas do Ecuador, Frente Unido de Mulheres e Federación Ecuatoriana de Indígenas.

Este adoutrinamento permitirá que novos intentos de derrocar as políticas antiimperialistas dos governos do ALBA, agora via golpes de estado, como o que triunfou em Honduras, nom encontrem a solidariedade internacionalista que se precisa nestes momentos onde as forças do capitalismo concentram os seus esforços em afogar qualquer alternativa que o questione.

É hora de preguntar-se quem apoia a gira europea desta pessoa, quem lhe dá acobilho na Galiza, quais som os poderes e a ideologia que sae reforçada deste agir político; que poderes estám detrás do obxectivo de derrocar ao governo de Rafael Correa?

Nestes enlaces achega-se informaçom.

http://ccb-galiza.org/

http://primeiralinha.org/home/

http://www.kaosenlared.net/noticia/hoxhistas-pcmle-mdp-complices-insurreccion-fascista-sectores-policiale-1

http://www.youtube.com/watch?v=c1sxoEnaW84&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=aOpf82P_j3E

http://www.youtube.com/watch?v=3dsV-jsYlw8&feature=related

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domingo, outubro 24, 2010

Fum ao teu magosto

Os passos nom me queriam levar. De feito, andei às voltas pola casa, botando mais tempo do habitual nas rutinas de levantar a mesa e recolher a cozinha. Mas sabia que a hora era chegada. Tinha que assistir à minha cita com Anita. A um ano da sua morte, a família e às pessoas mais achegadas a ela,  convocavam-nos a um magosto na sua lembrança.

Um dia chuvoso, gris,  ajudava a confundir o nosso estado de ánimo. Aguardavam-nos castanhas, vinho e música, mentres a dor pola sua perda, parecia suspendida no ar segundo passavam as horas. Ao entrar no Galicia de Caranza, olhei de esguelho o seu rostro fotografado num grande vinilo que nos sorria desde o ponto mais ao longe, e nom puidem soster-lhe a mirada.

Uns segundos mais tarde a conversa coa sua nai, a calor das castanhas, e tanta criança tomando o espaço, brincando, bailando, participando na música... e tantas pessoas queridas, falando-nos, contando-nos cousas, arroupando-nos... foi enchendo de conforto pouco a pouco os nossos coraçons.  Os dedos da pequena Aldara faziam que sentiramos mais perto a magia da vida, e os olhos do Antón, nos lançavam ao futuro ao ir gravando-nos de mesa em mesa, de grupo em grupo, na sua memoria para sempre.

Forom valentes. Nom era doado acertar com o melhor jeito de viver este aniversário. Mas, Anita sabia-o, tinha a melhor gente com ela. Assim foi como nos curarom um pouco mais as nossas feridas; como, mais umha vez, recebemos máis do que demos.

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domingo, setembro 26, 2010

O direito à folga nom existe

De manhá, de tarde ou de noite, nas ruas e nas casas, nos postos de trabalho... todo o mundo participamos ou escoitamos estes días conversaçons sobre a folga que está convocada para o próximo 29 de Setembro. Nom estou a falar das horas e horas de campanha antisindical e antifolga, desenvolvidas polos medios de comunicaçom, preocupados por umha suposta violaçom do direito a ir a trabalhar, direito que se lhe nega em todo caso a mais de 220.000 na Galiza e catro milhons e médio de pessoas todos os días no estado espanhol, e por uns serviços mínimos, que ocupam o lugar que deveriam protagonizar os agentes convocantes da folga e o debate sobre a reforma laboral e das pensons, que tanto vai marcar as nossas vidas e o nosso futuro. Tampouco me estou a referir a esses tertulianos regurgitadores, na súa maioria, do prefabricado pensamento único, senom às conversas onde se discute se se vai a apoiar à folga, como se vai a organizar o día, que se opina dos sindicatos, e que esperança hai de cambiar as cousas ... porque isso sim, todo o mundo coincidimos de que a cousa pinta mal.

Se bem é certo que o meu pulsómetro de opiniom é bem reduzido, e que só se vê ampliado polas experiencias e comentários sobre outras conversaçons escoitadas pola gente que à sua vez fala comigo, vou dar o meu testemunho sobre o que levo vivido estes dias e que se condensa numha soa frase “O DEREITO À FOLGA NOM EXISTE NA MAIORÍA DOS POSTOS DE TRABALHO”, e só, a valentia e convicçom de muitos trabalhadores e trabalhadoras vai fazer possível que o 29S podam cumprir-se minimamente os objetivos de mobilizaçom.

Os tertulianos e algumhas tertulianas, todos estes días vozeavam que se os sindicatos conseguiam parar o transporte público, a folga estaria ganhada, dando a entender que era doado acadar o seu objetivo, como dicindo “assim qualquera fai umha folga geral” , quando em realidade, o destacável é que só no sector público e tamém, ainda que em menor medida, na grande empresa que concentra um número significativo de empregados e empregadas num só centro de trabalho, com comités de empresa fortes, com anos de experiencia organizativa, os trabalhadores e trabalhadoras podem ir à folga com um mínimo de garantías. No resto de empresas, quitando honrosas excepçons, a chantagem, a coacçom, o medo ao despido e às represálias, estám instaurados no dia a dia da vida dos trabalhadores e trabalhadoras.

Este é o verdadeiro termómetro democrático da sociedade que temos neste momento. A reforma laboral, a reforma das pensons, as medidas económicas... nada disto estava nos programas eleitorais dos partidos, e menos do partido que exerce no governo espanhol. Todas estas medidas forom inspiradas e exigidas por organismos internacionais (FMI, BM, Comissom Europeia...) que nunca fôrom elegidos democraticamente e nunca pugérom baixo a soberania popular a aprovaçom das suas políticas de “reajuste estrutural”.

Se preguntamos à maioria das pessoas em idade de trabalhar se quere que se aumente a idade de jubilaçom, a resposta seria maioritariamente negativa. O mesmo sucederia se se pergunta polo modelo de despedimento, polo tipo de contrato, polo salario mínimo, pola quantia das pensons, …

Outra pergunta que aclararia muito a situaçom seria a consulta sobre a banca pública, ou em que medida tenhem que aportar ao benestar social as grandes fortunas. E como essa, outras muitas que realmente fixeram aumentar a participaçom cidadá na aprovaçom de políticas públicas que tanto influem na vida e saúde das pessoas. Porque estamos falando da diferença entre viver umha vida laboral tranquila, enfrontando só os problemas que vam xurdindo dia a dia, que nom som poucos, derivados da própria atividade laboral, e o viver como se vive agora, por umha importantíssima porcentagem da classe trabalhadora, co medo ao despido, sem esperança pola escassez de emprego e aturando humilhaçons e chantagem, unido a prolongadíssimas jornadas laborais que já está tendo um efeito devastador nesta geraçom em quanto a enfermidades, acidentes e esperança de vida ...

Todo isto se desprende das conversas destes dias “se vou à folga, o xoves me chamam à oficina e dam-me o finiquito”; “agardaremos aos piquetes, fechamos e logo volvemos a abrir, isso é o que nos mandam”; “se perdo o posto de trabalho a onde vou?”; “como aqui tenhem moi difícil que poidamos vir trabalhar, obrigarom-nos moi amavelmente a colher vacacións”... Isso é o que hai, e me ratifico NOM EXISTE O DIREITO À FOLGA.

Dos sindidatos, das suas políticas, do que temos que cambiar em todos eles, nos nossos e nos que nos som alheos... hai que falar depois do 29S, agora unidade, unidade, unidade sindical fronte ao Capital.

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sábado, setembro 25, 2010

Cigana


Saudei a umha família cigana que aguardava, caída a noite, em urgências, no ambulatório de Ferrol. Chamárom à cigana máis velha, da minha idade, e mentres aguardávamos intercambiamos informaçom familiar para pôr-nos ao dia pois havia tempo que nom conversávamos. Apareceu a mulher, vestida completamente de negro, dizendo que era verdade o que ela suspeitava, tinha a tensom polas nubes. Colocárom-lhe duas pílulas debaixo da língua e mandárom-lhe aguardar. Sabiam-lhe mal, e como puído, convenceu à filha para que leva-se à mais pequena a casa. A nena tinha sono e havia que ir à escola ao día seguinte. Deu, no seu característico castelám dialectal, as indicaçons precisas. Que nom se pelee co irmao, saca-lhe ti a roupa para deitá-la, que nom a molestem ... Logo ficou soa, ao meu lado, totalmente em silenço com os seus pensamentos, apertando a boca com um pano. Pouco a pouco aquele corpo tenso começou a relaxar-se... Estás melhor? Dixem engadindo o seu nome. Ela afirmou, e começou lentamente a relatar o porque estava ali. “Já mo dixo a doutora, que che passou para vir asi? Som as preocupacións polos filhos... Desde os oito anos trabalhando... lavando a roupa que nos metíamos na auga até aqui (sinalando o vam)...logo loitando co home, fiquei viúva aos vintedous... saquei os filhos adiante...e agora querem boa ducha, boa limpeza na casa, comida... e só tenho umha paga de trescentos euros, e o meu filho, ti o conheces, como está com essa merda pom-se moi agressivo e molesta à gente ... e eu me ponho moi mal com todo isso... que já lhes digo que vaiam à marea, porque eu iria, co meu caldeirinho, mas nom podo, tenho vertigos e artrite... e é que o corpo nom aguanta mais...”

Dixérom o meu nome. Quando saim da consulta chegavam de novo a filha e a nora para recolhe-la. Saudei desexando melhoría, mas eu sabía que efectivamente aquel corpo estava rendindo-se, e ademais outra merda muito máis perigosa vai achegando-se pouco a pouco, e acavará enfermando ainda mais à sua família. Viaja desde o leste, e como umha nova peste vai avançando por Europa, mostrou já o seu rostro máis amargo em Alemanha e em Itália, agora está moi perto, na Franza de Sarkozy ... e onte, Antena 3, infectava co vírus maligno do racismo, unha sociedade que, igual que os montes que temos cheios de maleza, sem coidar, com um pequeno lume, arderá violentamente e sem remédio. E nom ponhem médios, nem orçamento, nem políticas que nos livrem del. Só para afrontá-lo, contamos co pouco de consciência, compromiso e valores de esquerda que poidam quedar em nós.

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segunda-feira, julho 12, 2010

Querem roubar-nos os filh@s outra vez



A “Lei de apoio á família e á convivência ” que aprovou o parlamento galego, vai subvertir o espírito da “Lei de Reproducçom Sexual e Reprodutiva e da Interrupçom Voluntária do Embaraço”, que regula entre outros o direito ao aborto.

O debate nom fica já só na obxecçom de conciência na sanidade pública, ou os recursos escassos a dia de hoje, em médio do processo privatizador e recortes orçamentários dos serviços públicos. Tampouco chega com falar de se estám ou nom bem protegidos os direitos das adolescentes, mesmo que casos ficariam fora da lei e teriam que seguir buscando noutros países o que aqui se lhes nega. Nem é suficiente já falar da excessiva desconfiança sobre o raciocínio das mulheres, que tantos antecedentes históricos tivo, veja-se para exemplo, os debates sobre o direito ao voto nos distintos parlamentos ou na prensa de época. Mais umha vez se exigem três dias de reflexom, umha vez que as mulheres acodem a solicitar a prestaçom. O nosso sexo é irresponsábel e irreflexivo, é por casualidade que passamos por alí, pola consulta, para solicitar nos seja practicado um aborto.

O debate e a realidade volvem ao tempo preconstitucional, por nom dizer ao franquismo. A maioria que ostenta o PP no governo galego, impom o direito do feto, sobre o direito da mulher, dando-lhe personalidade jurídica independente. Esta lei ademais abre as portas a organizaçons como Red Madre, para receber subsídios públicos e protagonizar o espaço de informaçom e formaçom às mulheres gestantes. Labor para o que estám deslegitimadas se queremos garantir a liberdade de consciência e de eleiçom que promove o marco constitucional, que o partido que governa Galiza di defender. Como pode ser que unha organizaçom que fala de que o aborto é um assassinato, e como consecuencia, as mulheres que abortamos somos assassinas, poda formar parte na elaboraçom e contido desse sobre informativo que vam receber, sei que para favorecer a reflexom que promove a Lei do aborto, as mulheres que solicitem essa prestaçom sanitária? Onde está assegurada a liberdade para eleger das mulheres? Onde está garantida a maternidade livre e responsável?

O feminismo nom nasceu para dizer-lhe às mulheres se tenhem que ser nais ou se tenhem que abortar. O feminismo conformou-se hai dous séculos como movimento social para conseguir que as mulheres recuperaramos o direito a decidir em todos os ámbitos. As organizaçons enmarcadas dentro do que se denomina o movimento Pro-Vida, tenhem um objectivo: obrigar mediante pressom psicológica às mulheres e às nenas, mesmo tenham dez anos como já se deu o caso, a que levem a termo o seu embaraço ainda que nom o desejem, ou como no caso das nenas, ainda que seja algo tam cruel.

Falando de crueldade, a lei galega pom mais de actualidade as desapariçons e raptos de nenos e nenas de famílias republicanas por parte de organizaçons que formavam parte do sistema franquista, como o Auxilio Social ou Falange. Estes casos denunciados ante o juiz Garzon, forom investigados e documentados polo historiador Ricard Vinyes. Nos cárceres, se separava às mulheres republicanas dos seus filh@s dos que nom volviam a ter noticia. As nenas em moitas ocasions eram entregadas e recluídas nos conventos, onde acabavam por renegar da sua família. Sabe-se de casos de rapto quando estas crianças eram acolhidas por famílias republicanas exiladas. O número de crianças separadas das suas famílias ascende a 12.000 segundo um informe da própria Falange Espanhola de 1949.

Os descendentes ideológicos destas organizaçons fascistas, querem apropriar-se mais umha vez das nossas crianças. Som as que agora aprovárom coa lei galega a potenciaçom da adopçom e acolhida dos filhos paridos por aquelas mulheres e nenas, que estas organizaçons vam acompanhar tam amavelmente, até que param. Justificam todo isto argumentando que tomar umha pastilha no teu centro de saúde para interromper um embaraço de poucas semanas de gestaçom, cria mais sequelas psicológicas que gestar durante nove meses, cos seus correspondentes dias e as suas correspondentes noites; passar as horas de trabalho de parto e conseguinte recuperaçom pós-parto e entregar à criança que acava de nascer a pessoas alheas. Tudo isto dim que nom coleva nengumha marca dramática na saúde mental das nenas e mulheres gestantes.

Mais umha vez nom se permite que as mulheres vivamos a maternidade como um proxecto que forma parte da nossa vida, e como outros, deve ser livremente elegido. Converte-se mais umha vez, numha penitencia que nos acompanhe ao longo da nossa existência, onde as pantasmas dos filh@s gestados e paridos, e logo entregad@s, aumentem a caricatura de nós mesmas como malas mulheres e malas nais, vitimas, ponhamo-nos como nos ponhamos, do nosso desejo sexual, que ao fim e ao cabo, assim o patriarcado deixou-no dito nas sagradas escrituras de todas as religions monoteístas e politeistas, foi a origem dos males da Humanidade.

Essas mesmas organizaçons vam ser as encargadas de inxectar no curriculum educativo a necessária formaçom nas conciencias máis jovens para educar nos valores da maternidade, nom como algo livremente elegido, senom como o túnel do medo e terror que acompanhe sempre as relacións sexuais como umha das súas inevitábeis consecuencias, ainda que prometem levar-che ao “mundo feliz” , se te deixas acompanhar de estas santas senhoras e senhores da beneficencia.

Só numha cousa tenhem razom, as mulheres com menos recursos nom podem decidir com liberdade levar a termo a súa maternidade. Tenhem também dificuldades para aceder de jeito gratuito a umha interrupçom voluntaria. Mas nom som estas organizaçons, nem os seus representantes políticos, as que vam a garantir a estas mulheres, e as mulheres em geral, umha maternidade protegida, tampouco está nesta ideia o governo galego. As políticas de recorte dos direitos sociais, a privatizaçom dos serviços públicos, as condiçons de trabalho que se formulam desde a Comissom Europeia e os organismos internacionais como o FMI e o BM, e que alimentam os mercados de especulaçom financeira, vam no caminho contrário ao que precisamos as mulheres para ter garantidos os nossos direitos.

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terça-feira, maio 25, 2010

24 de Maio, fagamos outras contas

Crianças de Gaza assassinadas polos avións de combate israelís

O debate gerado polo plano de recortes aprovado polo governo de Zapatero, e que está no centro de atençom informativa e no debate social, tinge dunha cor especial a celebraçom do Dia Internacional das Mulheres pola Paz e o Desarme. Um dia que o movimento feminista aproveita para denunciar a situaçom das mulheres que vivem baixo conflitos armados. No nosso país a Marcha Mundial das Mulheres organizou projeçons de filmes que visibilizam estas situaçons.

Mas, mais aló das análises e denúncias da situaçom das mulheres vítimas da guerra, a celebraçom deste ano está vinculada à economia. Num momento político onde em toda Europa se estam aplicando recortes sociais e de direitos, ditados polos grandes organismos financeiros, cumpre conhecer e divulgar um outro modelo económico que permita construir outra realidade, e que parta da ideia de que a guerra nom é negócio, a guerra é um crime contra a Humanidade.

Estes dias puidemos analisar como os recortes sociais nos afeitam diretamente às mulheres. Temos no sector público, o sector máis afectado, umha oferta de trabalho em pé de igualdade. Nom temos que passar o filtro dos estereotipos machistas que imperam na empresa privada. Somos umha porcentagem elevada do funcionariado, concretamente somos maioria trabalhando para a Administración General del Estado. Seremos pois afetadas pola reduçom salarial. Mais obio é o efeito que terá nas mulheres a retirada do "cheque bebe". As pensons ou os recortes na lei da dependência som medidas que quando menos, suponhem um freio nos avanços para a incorporaçom laboral das mulheres e um afundamento na feminizaçom da pobreza.

As feministas temos que unir as nossas vozes a aquelas outras que estám reivindicando um novo jeito de gestionar os recursos, o comum, o público. Agora sabemos, porque hai gente que botou as contas, que hai outro jeito de ajustar o gasto público. Um jeito que permitiria ir construindo um novo modelo socioeconómico e afastando o negocio da guerra das nossas vidas, ou dito mais corretamente, conseguindo reduzir as possibilidades de que alguém se lucre co crime da guerra.

Se se retirassem as tropas espanholas de Afganistam, conseguiria-se o mesmo aforro nos orçamentos públicos que congelando as pensons. Se se congelam os 1.400 milhos de euros previstos para investimento em armamento, poderiam ir no lugar dos 500 milhos das pensons, mais os 670 euros da reforma das prestaçons por dependência. Ademais estam as grandes compras de armamento, 10.795 milhos de euros a investir até o 2024 no aviom de combate Eurofighter, e 1.353 milhos para os 24 helicópteros de combate Tigre. Outras quantidades mais pequenas, mas que somam também, som as investidas na guerra por controlar a explotaçom dos recursos pesqueiros nas augas de Somalia. A operação Atalaya contra os "piratas", na sua primeira fase custou 53 milhos de euros, e pensa prorrogar-se até o 2011.

Todos estes recursos para destruir a vida das pessoas e do planeta deveram ser desviados para investi-los em manter a vida e os cuidados que esta precisa. Neste 24 de Maio, o dia das mulheres que queremos a paz e o desarme do planeta, dicemos que se podem fazer outras contas, umha contabilidade que garanta o básico para todas as pessoas e limite a riqueza. Tam singelo de dizer como de fazer. Querer é poder.

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quarta-feira, maio 12, 2010

A realidade supera a ficçom



Se alguém nos dixera hai uns meses, que um aviom com motores avariados por umha nuvem de cinza volcánica, poderia precipitar-se sobre a planta regasificadora de Mugardos, tomariamo-lo como tolerias dumha pessoa trastornada ou de muita imaginaçom. Mas a dia de hoje, os aeroportos fechados, voos cancelados e umha vigilancia constante dessa nuvem de cinzas que nom acouga, forma parte da nossa realidade.

Umha das cousas que aprendim desde que me interesso polo funcionamento das plantas regasificadoras, é que a probabilidade de acidentee nunca é cero. Pode ser mais alta ou mais baixa, mas nunca é cero. Eis o porque das leis e normas de seguridade. Eis o porque, essas próprias leis e normas cambiam umha e outra vez, sacando aprendizagens, muitas vezes doorosas e trágicas dos acidentes. Também sei que o primeiro inimigo destas normas é o máximo benefício. As normas de seguridade levam acarreado custes, relentizam cos seus protocolos a produçom... mas salvam vidas.

Nestes dias um incêndio em Forestal do Atlántico puido provocar o temido efeito dominó, pois sucedeu ao tempo que descargava um gaseiro. É umha dessas coincidências que quem promoveu e permitiu que Reganosa seja umha realidade na Ria, nom tivo em conta.

Som muitas sinais em pouco tempo. Estamos jogando a umha roleta rusa, co cálculo de probabilidades, porcentagens e estatísticas. Cada nova incidência, cada novo sinal no triángulo mortal mugardés (Forestal, Imegasa, Reganosa) som oportunidades perdidas para tomar decissons que podam salvar-nos a vida, librar-nos a nós e a nossa gente querida da tragédia.

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segunda-feira, maio 10, 2010

Celebrando a nossa Língua

Como todos os anos, na Praça Rosalia de Castro do Concelho de Ferrol, haverá umha homenagem à nossa Língua na figura da precursora da recuperaçom das nossas letras. Em anos anteriores, e em regime de auto convocatória, várias organizaçons e colectivos sócio-culturais coincidíamos o 17 de Maio neste pequeno acto. Este ano, com tantos ataques para a nossa Língua, está convocada pola Plataforma Queremos Galego, umha manifestaçom nacional que apoia o nosso colectivo sócio-cultural. É polo que, nos animamos a tomar a iniciativa de impulsar a convocatória para a Praça de Rosalia trasladando-a para o sábado 15 às 18hs, mantendo o regime de auto convocatória.

Todas as associaçons e colectivos sócio-culturais podem intervir no acto com comunicados, poesias ou outras intervençons. As pessoas a título individual também podem fazê-lo, e desde a Revolta convidamos a quem assim o deseje a assistir co traje tradicional como um outro jeito de reivindicar a nossa identidade.



GALICIA será a miña xeración quen te salve?
Irei un día do Courel a Compostela por terras liberadas?

Non, a forza do noso amor non pode ser inutil!

Uxio Novoneira
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quinta-feira, maio 06, 2010

Loitar em tempos revoltos

Umha situaçom de confusom geralizada semelha estar consolidando-se nos últimos meses na nossa sociedade. Pouco a pouco o medo e a incerteza sobre todo relacionados coa situaçom laboral, vam atacando a resistência que freava o pessimismo, e vai-se assentando a depressom colectiva e a desconfiança. Unha depressom que hai umhas décadas viveramos já na comarca de Ferrol Terra, depois de que a loita contra a reconversom dos estaleiros, acabara em derrota psico-social. Umha depressom colectiva que nom curou, só se paliou cumha perda de populaçom que converteu à comarca e nomeadamente à cidade de Ferrol, num lugar envelhecido e mesmo condenado ao esgotamento político e social. E assim medrou também a gente nova de Ferrol nestes anos, escoitando e reconhecendo-se numha melodia que dizia que este era um sitio de derrotas, mas que havia que ficar aqui. Desobedecendo o mandato, muitos e muitas acabárom marchando.

Os fenómenos meteorológicos e geológicos, estám ajudando a aprofundar na impressom de que imos cara a um abismo. A informaçom sobre fenómenos naturais, ocupa agora um espaço importante dos informativos, como tem que ser. Mas sempre sem analisar, que parte hai de natural, e que parte poderia ter-se evitado, das desgraças que acompanham estes fenómenos, como em Haiti, Madeira, Chile, Turquia. China, Islándia... A nós já nos tocou algo. Nos últimos tempos, vivemos o dramatismo do Klaus, e paralisou-nos o medo ao Xhintia. Com o Klaus sentimos a incomprensom de quem a poucos quilómetros nom sofriam as suas consequências. Com o Xhintia a incomprensom puxemo-la nós, mas que aprendemos?

A vida chama todos os días à porta e hai que ir trabalhar, ou buscar emprego, estudar, atender as necessidades diárias, estar pendente das pessoas queridas e mesmo acudir a umha que outra actividade social. Mas a vida nom está a fluir com normalidade. A nossa respiraçom colectiva é cortada e agitada. Nom sabemos cara onde vai o mundo, e como nom sucedia desde havia muito tempo, agora nom sabemos o que vai ser de nós a um ou dous anos vista. Case todo o mundo sinte que antes ou depois, a terra que pisa vai começar a se mover, também no senso literal. As vozes da direita aproveitam a incerteza para lembrar-nos o bem que vive o povo sem vontade, sem ter que pensar e decidir, o bem que se vive se te tutelam. Assim declaram as bonanças do passado. Todo, dim, deveria volver ao de antes, ao branco e gris da época onde se marcava até a rúa pola que deverías andar moceando, e o longo da saia, definia a altura moral da mulher que a portava. Nom havia nada que aguardar, nada que pensar, nem um sobressalto ía romper a triste monotonia dos cantos litúrgicos ou da tabla de multiplicar. Cada quem sabia o seu lugar e o que tinha que fazer.

As vozes da esquerda pola sua parte, estám enfeitizadas polos cantos das sereias. O discurso de que a culpa de que nom saiamos da crise é dos sindicatos, porque nom dam entrado na reforma laboral que se precisa, ganha adessons. Puidemos escoitar na Cadena Ser o sábado 1º de Maio, como se defendia a congelaçom dos salários do funcionariado entre os contertulios e ninguém punha o contraponto. O mesmo passou quando se falou da jubilaçom aos 67 ou doutras medidas de recorte de direitos laborais. Umha e outra vez repetiam que os sindicatos tinham a culpa, porque nom sabiam explicar-lhe bem aos trabalhado@s todas estas medidas modernizadoras e preventivas para que o sistema nom creve.

Alguns sindicatos estám na negociaçom dumha reforma laboral. Acudem a essa negociaçom numha posiçpm de debilidade. Nas poucas declaraçons públicas que permitem escuitar os monopólios da informaçom, transmitem o síndrome da vítima de maltrato “vou calar para que nom se enfureça”, assim levam as negociaçons, sem luz nem taquígrafos, dando vantagem aos especuladores, que pretendem sacar o máximo beneficio desta crise.

É verdade, os sindicatos nom estám explicando bem as cousas. Nos discursos deste 1º de Maio, nom se explicou o que está a passar em Grécia, ou as consequências negativas dos informes das agencias de rating, como Standard & Poor's. Por certo, interei-me ainda estes días que só hai tres no mundo, duas norte-americanas e umha inglesa, mas que tenhem o poder de baixar ou elevar, segundo os seus informes, os juros da débida pública dos estados. Os sindicatos nom mobilizarom para que se acabe com esse oligopólio e se criem agencias públicas, como também deveria criar-se banca pública, e emprego público. E mentres nom chegamos a estes objectivos, os sindicatos deveriam marcar no dia a dia da classe trabalhadora que realidade alternativa podemos construir desde já. Tendo em conta a frase que iluminou o reagir do Feminismo na década dos setenta “O Privado é Político”, os sindicatos, como movimento social transformador, deveriam dar alternativas para o cotidiano, por exemplo, que fazer coas hipotecas ou os alugueres, onde meter os aforros, como mercar para debilitar o poder das multinacionais, que cultura consumir para fortalecer a ideologia de classe e cargar-nos de argumentos fronte ao capitalismo que ameaça com deglutir-nos a nós e ao planeta, que como bem ensinam em Bolivia, todo é a mesma cousa.

Mas, a gente que conformamos os sindicatos, que estamos nos centros de trabalho, que ponhemos dirigentes ou os sacamos, ou todo o contrário, estamos em disposiçom transformadora ou simplesmente aprendimos um discurso e apoiamos um modelo social, que nos permite seguir agarrando umha parte do pastel mentres milhos tenhem só as faragulhas? Em Grécia, a unidade sindical convoca a folga geral. Só estamos em disposiçom de aparcar o que nos separa quando vemos o tsunami arrasando-nos? Nom podemos tecer redes de uniom que nos amparem antes?

Mentres, os donos da tarta, querem aproveitar-se de que imos subindo a escaleira coa luz apagada, às apalpadas. A confusom das palavras nos discursos que explicam a crise económica, que falam dos problemas sociais, que alarmam sobre os cámbios no clima, som como guedelhos que se liam nos nossos pés e convertem em mais torpes aqueles passos que imos dando para superar cada escano. Imos virando às costas a quem nos representou no seu día e hoje, nos traspasa co seu discurso, sem provocar em nós nem umha pequena emoçom. Tampouco somos quem de pôr nomes e apelidos a quem montou este barulho. Deveríamos pechar-lhes as nossas casas, os nossos coraçons e as nossas vidas. Rechaçar o seu mercado, os seus empréstimos, o cacho de paraíso que nos querem vender. Fazê-los avergonhar nos seus despachos, nos seus clubes privados, nas portas dos seus templos. Queremos e devemos conhecer e sinalar aos seus representantes nos assentos dos seus escanos, nas redacçons dos seus diários ou nos tribunais onde ditam sentência.

Som os usurpadores de direitos. Som os sanguesugas do trabalho alheo. Som os ludópatas do casino-planeta. Intentarám apertar para que trabalhemos mais, descansemos menos, para que morramos antes, para que nom haja ninguém que nos coide quando o precisemos, para que sobrevivamos entre o lixo que vam produzindo e estrando. E sobre todo, faram o impossível para que nom saibamos, que nom comprendamos o que estám a fazer, e nom saibamos que hai outro jeito de viver sem eles. Por que Grécia tem que vender as súas ilhas? Quem pode mercalas? Para que? Por que se limita o salário mínimo, as penssons, a idade de jubilaçom, o tempo de subsídio e nom se limita a riqueza? Nom é esta umha pergunta sinxela? Pois logo, terá doada resposta.

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terça-feira, abril 27, 2010

A guerra dos corpos

Artigo publicado na revista "Atenea" do mes de Março, editada polo Ateneo Ferrolán.
Escoitamos falar da guerra que se livra polo controlo dos recursos energéticos, a mais descarnadamente directa, que bombardeia, assassina, destrue países inteiros. Escoitamos também a diário, falar da guerra contra o terrorismo, que é a bandeira que se ondeia como escusa para desatar essas guerras de destrucçom. Mas também sabemos da que se livra polo controlo do espaço. Os satélites amoream-se porque também formam parte da guerra polo controlo da informaçom. A guerra tecnológica tem na espionagem e sabotagens, as suas melhores armas, fronte aos primeiros brotes de tecnologia conseguida baixo sistemas de criaçom livre e colectiva. Mas a guerra que se livra no corpo das mulheres, só se visibiliza nalgumha das suas expressons, e nom se analisa como um todo global que persegue, o mesmo que no caso da energia, e os recursos naturais, o controlo da potencialidade do corpo e a mente das mulheres, e o poder simbólico que ao longo dos tempos jogou para manter os poderes religiosos, políticos ou de supremacia dumhas culturas sobre outras.

A guerra nos corpos das mulheres tem umha das batalhas mais virulentas no controlo da sua capacidade reprodutora. O aborto voluntário é o cabalo de batalha dos poderes religiosos das distintas confessons, e tem no conservadorismo político o seu maior aliado. Vai associado a outros objectivos como som a capacidade de controlo por parte das mulheres da maternidade, e a potencialidade sexual e em geral, de autodeterminaçom das mulheres, extendida a todos os aspectos e momentos da sua vida. Atinge a todas as mulheres e todas som vítimas ou de criminalizaçom e repúdio social, ou de condenar-se de por vida a umha existência ajustada a normas morais que sacralizam a desigualdade, a dor e a abnegaçom de obrigado cumprimento, nom de livre eleiçom.

Esta batalha, que tivo umha primeira parte, exitosa para as mulheres em quanto abriu novos espaços de direito, na década dos setenta do século passado, revive agora em todo o planeta, também na Europa do século XXI. As mulheres que temos abortado voluntariamente, somos acusadas de assassinato desde os púlpitos, e desde os médios de comunicaçom que, faltando ao código deontológico mais básico, fam de altifalantes da Conferencia Episcopal sem, salvo contadas excepçons, colocar quando menos, ao mesmo nível a argumentaçom e a presença das defensoras dum direito fundamental como é a soberania do próprio corpo. E todo isso sem que essas acusaçons diárias de assassinato, tenham nengumha conseqüência. Só umha conjuntura política que mantém em certas estruturas do poder político a feministas, novas e velhas, falo da Ministra de Igualdade, mas também das suas assessoras, fam possível que se avance nos direitos das mulheres e das moças. Umha conjuntura que pode virar em qualquer momento.


Ainda desde sectores progressistas, como se dumha purgaçom de culpa se trata-se, dramatiza-se o aborto, falando dumha decissom difícil, de um trago amargo ao que as mulheres se tenhem que agarrar como última opçom, quando um aborto, nas primeiras semanas de gestaçom, que é no que se realizam a imensa maioria, poderia ser umha intervençom de ambulatório, sem mais trascendência. O que é um trago amargo é passar por abortos clandestinos onde as mulheres que nom perdem a vida, podem ficar com lessons para sempre. É um direito traer umha criança desejada a este mundo, e também é um direito vir a este mundo como um ser desejado, porque alguém quere dar-che a vida e comprometer-se contigo para sempre.


A ofensiva nom é exclusiva da hierarquia católica espanhola, nem sequer da hierarquia católica assentada no Estado do Vaticano. O integrismo religioso, evangelista, islámico, budista, judeu, batalha polo poder no útero das mulheres. Somos expulsadas do nosso próprio corpo, para viver para sempre baixo um poder alheo. Em EEUU mesmo se assassina a médicos que praticam abortos. Em Polónia, onde o aborto é ilegal e só se permite nuns supostos moi restritivos, umha campanha associa nestes dias, nas vaias publicitárias, o aborto com Hitler, pretendendo concienciar à povoaçom da necessidade da ilegalizaçom total. Em Nicarágua, depois de ter conseguido a lei mais avançada em América latina, no século passado, baixo o governo Sandinista, fortemente tutelado pola hierarquia católica, aprovou-se a proibiçom total. E assim em todo o planeta, alzan-se vozes em defessa dum “código genético que pode chegar a ser pessoa”, presente já no momento da fecundaçom do óvulo, mentres a Injustiça e a Desigualdade, seguem devorando seres vivos, arrincando do colo das suas nais a seres indefensos ante a guerra, a fame e a pobreza.


Outra fronte de batalha é a que condena às mulheres a ser as portadoras do símbolo cultural dos povos. As mulheres portamos a esência da cultura ou da religiom, seja nos costumes associados a momentos importantes da nossa existência, nascimento, morte, emparelhamento ... ou no nosso jeito de mostrar-nos ao mundo, bem na vestimenta ou no espaço que ocupamos, ou na nossa linguagem corporal. Muitos países que tinham esquecido o uso do velo nas mulheres, recuperam assim este costume para marcar umha diferença cultural e religiosa, em oposiçom aos símbolos ocidentais de permissividade na vestimenta das mulheres. A resistência ao Império, que invade e usurpa os seus territórios e recursos, com cruentas guerras, é expulsado do corpo das mulheres , onde se instala a esência do islamismo cultural e político, e também da identidade diferenciada das mulheres fronte a identidade das mulheres que vivem baixo os desígnios das normas imperiais.

Também, o Império, baixo a desculpa de liberar o território do corpo das mulheres, dos seus velos de opressom, justifica guerras como a de Afganistam, com extensons nom tam directas, mas sim igualmente devastadoras em Paquistam, Bangladês, Iemem, ou o mesmo Iram. Cada medida repressora ou limitadora em ocidente do uso da vestimenta simbólica, nom vai conseguir o efeito libertador que presumivelmente se persegue. Antes bem, cargara-se mais de simbolismo na medida que seja foco de atençom nas sociedades dominantes. Sociedades que, co seu poder político, militar e económico fixérom emerger, fronte a movimentos laicos e democráticos, um forte sentimento identitário que vê nos integrismos religiosos, umha resposta às agressons que padecem constantemente.

As mulheres em ocidente sofremos os nossos bombardeios mediáticos para que nos esforcemos para dar a medida do corsé que estigmatiça as enrugas, as canas, passar dos centímetros e quilos estipulados, ou ficar curta. O êxito das operaçons estéticas, a todas as idades e em todos os sectores sociais, com algumha diferencia marcada sobre todo polo poder aquisitivo, visibiliza esses outros velos, nom impostos por hierarquias religiosas ou políticas, mas sim por um patriarcado que segue a ter a vara de medir o corpo das mulheres, e a maneja, neste caso, ao ritmo que precise o mercado. Operaçons de peitos, de lábios, de nariz, liposuçons, reconstruçom de himens e na última fornada, operaçons de reducçom dos lábios da vulva.

Neste ambiente belicista, a prostituçom é a nai de todas as batalhas no corpo das mulheres. O importante nesta batalha nom é se as mulheres optam voluntariamente ou nom, a vender uns serviços sexuais, poderíamos entóm pôr fim a esta guerra simplesmente perseguindo um delito de rapto e escravitude laboral. Tampouco se trata de se com essa actividade se lucram proxenetas, ou as conexons destas redes co tráfico de armas ou estupefacientes. Sabemos de delitos contra a Humanidade de grandes Coorporaçons Económicas, ou mesmo o que supom a fabricaçom e venda de armamento. A prostituiçom, forçada ou nom, simboliza o domínio, mediante compra, dos corpos das mulheres, o afianzamento dumha sexualidade, que deita no mesmo leito a satisfacçom e livre decissom das partes (suponhendo que estas existam), coas leis do mercado, e um modelo sexual alienado coa opresom. Eis a iniciaçom sexual de miles de moços no nosso tempo. Analfabetos nas relaçons afectivo-sexuais que afiançam estereótipos machistas nos prostíbulos, onde triunfa a sua masculinidade no espelhismo do cerco e conquista facilitado polos euros.

Este ano lembramos o centenário da celebraçom do 8 de Março, como umha data de reivindicaçom dos direitos das mulheres. Volvíamos umha vez mais a vista atrás, para admirar ainda mais as loitas das mulheres sufragistas. A sua batalha foi polo direito ao voto. Por conseguir o que os nossos companheiros revolucionários franceses nos negárom na constituiçom da Primeira Repúbica de 1792. Se pensamos na batalha desatada no corpo das mulheres, temos que respirar profundamente e ser conscientes dos retos que temos por diante para conseguir a soberania sobre os nossos corpos. O feminismo que pretende transformaçons sociais de tanto calado, longe de ter conseguido avanços importantíssimos, semelha que como umha criança, só começou a dar os primeiros passos.

domingo, abril 25, 2010

Contra o fascismo sem fisuras



Acudim hoje à concentraçom convocada por umha dúzia de organizaçons baixo o lema "Pola Xustiza Universal, contra a impunidade do franquismo". Umhas mil pessoas acudírom a esta convocatória, mas eu sabia, e me doíam, as muitas ausências. O meu sindicato, CIG, e outras pessoas situadas ideologicamente à esquerda, nom acudirom, mesmo se desligárom publicamente da mesma. A figura do juíz Baltasar Garzón, prevalecia sobre outros argumentos à hora de fazê-lo. Pesou-lhes mais a imagem que da convocatória faziam os médios de comunicaçom, que repetiam e repetem que foi umha mobilizaçom em apoio ao juiz Garzón, que os comunicados emitidos polas organizaçons convocantes, antes, ou lidos nas distintas concentraçons. Pesou mais essa figura trajeada entrando e saíndo da Audiência Nacional, que os lemas das faixas que encabeçavam as distintas manifestaçons organizadas nesta jornada, dentro e fora do Estado Espanhol. A cegueira política e ética, confundiu-nos. O pulso nom se dá por saber si Garzón é condenado ou nom a avandoar a magistratura, se é culpável de prevaricaçom ou nom. Aqui do que se trata é de se os crimes do fascismo podem ser julgados ou nom.

"VERDADE, XUSTIZA E REPARACIÓN", esse foi o lema da faixa que em Ferrol, encabeçou a concentraçom da Praça de Armas. Umha faixa que as pessoas que trabalham a prol da recuperaçom da Memória Histórica, cederom para que protagonizaram o acto a familiares das vítimas da ditadura franquista em Ferrol. Alí estavam para lembrar-nos o longo caminho andado em soidade durante todos estes anos. Alí estavam para lembrar-nos que ainda hoje é um caminho proibido, silenciado, penalizado... Alí estavam para demostrar-nos que o monstruo se levanta cada vez que escoita os seus passos, as suas vozes, que sente a sua sede de justiça. Por isso, hoje, nom se lhes podia deixar sós. Porque pese ao que representa para muitos e muitas de nós a figura do juiz Garzón, ante o fascismo nom pode haver fissuras.

Quando vim o filme "El laberinto del Fauno", reconhecim as cores de muitas das passagens da minha infáncia. De nena nom entendia muitas cousas, mas havia pessoas como o avó dos meus curmáns, ou o padrinho dumha das minhas irmás, que sabia que tinham algo que os diferenciava dos demais. Andando o tempo da minha vida, enterei-me que á avoa da minha curmá, na casa onde celebráramos muitos anos o seu aniversário, no bairro de Canido, vinheram-lhe buscar ao home para matá-lo e deixaram-na soa com seis filh@s. Ela me mira ainda agora, desde as fotografias que conservo desses anos cumha imensa tristeza. Como se esse fosse o único xeito que se poidera permitir de rebeldia. Alí aparece, entre os rostros sorrintes pola festa, a sua abrumadora e interrogante tristeza. Logo conhecim à família de Amada García, e hai moi poucos anos descubrim que à nena que compartilhava comigo muitas horas de instituto, fuzilaram-lhe o avó, Mendiguchía Real. Escoitei-na reivindicar firme e afectuosamente a sua memória, num acto no peirao de Ferrol na visita do barco Idra. Comprendim que quando representávamos no instituto a obra "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry, ela já conhecia que significava a palavra Liberdade.

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quinta-feira, abril 08, 2010

Em Ferrol, como em Vigo, manifestaremo-nos em defensa da nossa saúde


O próximo domingo dia 11, às 12 do meio-dia, desde o ambulatório do centro de Ferrol, sairemos em manifestaçom defendendo a sanidade pública, proclamando a saúde como um direito, mostrando a nossa oposiçom a convertê-la num negócio. Todo isto diremos-lho a Feijóo e ao seu governo, responsáveis diretos destas políticas que perseguem tirar negócio dos serviços públicos, criados para garantir ao conjunto da populaçom os seus direitos básicos.

Imos colher o relevo da cidadania que o 25 de Março, encheu coa mesma vontade as ruas da cidade de Vigo. Desde alí venhem informaçons que falam de actuaçons dos actuais responsáveis políticos para apropriar-se de conquistas sociais que garantem a cobertura universal da atençom sanitária, para entregar-lhas aos seus amigos mercaderes das grandes corporacións. A saúde, as pensons, a educaçom, os serviços sociais ... som vistos como grandes ocassons de negócio, umha ingente quantidade de recursos económicos, que hai que retirar do controlo público para ser colocados nas ambiciosas mans dos seus negócios. Só assim se explica, como um hospital projetado para Vigo por valor de 300 milhos de euros, pasará a custar 1000 milhos ao privatizar a sua construçom e gestom. Setecentos milhos que sairám das arcas públicas para engordar benefícios privados e precarizar o trabalho do pessoal sanitário e diminuir a qualidade da assistência.

Por desgraça nom é o único. A ameaça do sistema de copago, a reduçom de pessoal, o pago de medicamentos ... está presente nos projetos da Conselharia de Sanidade, onde a secta Opus Dei ocupa importantes postos de decissom. Esta secta actua coerentemente, pois tem a crença de que as nossas enfermidades e sofrimentos, nom som algo a combater e erradicar, senom que som provas que Deus nos pom para ser merecentes da sua eternidade. Esta secta anima a oferecer os sofrimentos das pessoas enfermas a um deus, que as aceita como demostraçom de amor incondicional, de despreço pola vida na Terra e desejo de estar com ele no Ceu. Toda esta perversom e utilizaçom ao redor do sofrimento humano derivado da falta de saúde, junta-se a umha búsqueda enfermiça do poder político e económico por médios nada transparentes nem democráticos.

O domingo 11 sairemos polas ruas de Ferrol para dizer que a saúde nom é um negócio, é um direito.
Umha grande mobilizaçom cidadá pode fazer de freio a esta loucura privatizadora e concienciar à cidadania na necessidade de afastar dos centros de poder a quem nom esté em disposiçom de garantir coas suas políticas os nossos direitos fundamentais.

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domingo, março 14, 2010

Lei de Estrangeria para a nossa Língua



Já está aí. Chegou o que temíamos. Por decreto, o Galego vai ter a categoria de Língua Estrangeira no ensino. O ódio ao galego está instalado em Sam Caetano. Mas quem inspira todos estes ataques? Por quem estamos governados? Hai uns dias nas tertúlias da manha da Radio galega, escoitavamos dizer ao jornalista Roberto Blanco Valdés que já lhe diziam a Feijoo que o tempo corria contra del, que tinham que governar e levar adiante o decreto, e a quem nom lhe gostasse que roera, que para isso ganharam as eleiçons. E já vemos que lhe fixo caso, mas em que foro, em que estrutura se reúnem estes senhores? Noutra ocasom, no antigo programa "Hai debate", o mesmo no que outro jornalista, Carlos Luis Rodríguez, afirmava que "o galego já nom é a Língua própria da Galiza", Roberto Blanco Valdés também fazia referência a algum tipo de reuniom com frases como "nós já o dixemos" ou "nós já o temos falado", sem que ninguém dos presentes no plató tivesse o reflexo de perguntar-lhe por quem som "nós". Assim, seguimos sem saber quem nos governa. Por um lado sabemos que a seita Opus Dei tem colocados vários numerários e numerárias nas Conselharias. Mas, Roberto nom semelha tal, e Feijoo tampouco, polo que temos que pensar que hai outro governo paralelo noutra parte. Se tivessem o sentido democrático da transparência nolo diriam. O que estou certa, é que esta decissom, de igualar no ensino o Galego a umha língua estrangeira, nom sae dum proceso democrático de debate nas filas do PP.

Manha concentraçons em toda Galiza, e aguarda-nos um ano movido. Que triste história a destes senhores! Som os malos na superproduçom que se fará sobre a história dumha maldiçom que cae sobre esta Terra, e entre intrigas e loitas cainistas, logram desactiva-la dous rapazes fazendo um vinho misterioso que converte a quem o bebe em boa pessoa.

Agora deixemos a fantasia, descansemos esta noite, que manha toca loitar coa realidade, por seguir sendo galegas e galegos.
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