quarta-feira, março 26, 2008

Neste inverno resseso

Estes últimos dias frios de Março som como umha volta atrás. Como se a vida nom quisera continuar para diante. Como se mostrasse resistência a entrar numha nova porta que significa a chegada da primavera. As eleiçons, a data do 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, a chamada Semana Santa... pusérom-nos diante dos olhos das feministas, um filme demasiado rápido, ademais de intenso e cumprido, por nom dizer espesso. É por isso que esta volta atrás, este inverno reseso, nos convida à reflexom, a observar todo o que está ao nosso redor, o que aconteceu, o que acontece e o que vai acontecer. Para aprender, e começar a primavera de verdade, sentindo que agroma de novo a vida, que sai a luz outra vez intensa também para nós, para as feministas e para os homens amigos das feministas.

É necessário serenar-se para nom cair no desânimo e sobre todo ser conscientes de que o que vemos, pode ser a primeira vista umha imagem distorsionada da realidade. Muitas vezes olhamos só o que nos deixam, e pode parecer que nada muda. Nas escolas, quando se apresenta umha pintura ao alumnado de idades moi temperás, cobre-se a obra de arte cumha cartolina de jeito que se vam abrindo pequenas janelas que mostram um anaquinho de quadro para ir construindo desde os detalhes o que vai ser a descoberta total da obra. Trata-se de ir fomentando a imaginaçom, fazendo hipóteses do que pode haver debaixo da cartolina.
Na olhada que se nos permite desde a maioria dos informativos nom há essa intencionalidade, nem se pretende a reflexom para chegar á percepçom global. Simplesmente observamos a janelinha que se nos oferece. Isto é o que acontece estes dias coas novas relacionadas com o Tibet, o governo chinés e as olimpiadas. Abrirom essa janelinha para que observemos a repressom chinesa sobre os habitantes do Tibet e os seus representantes políticos. Pensaram que cinco minutos de informaçom tras anos e anos de silêncio, nos dem a conhecer a realidade de mais de 1200 milhós de pessoas. Esses minutos sim que nos dam para observar que os sacerdotes representantes dumha outra religiom, também som homes e comprovar a presenza teimudamente masculina em todos os àmbitos de poder do imperio chinés. Abrem-nos a janela para que semelhe que nestes días no mundo nom há defensores dos direitos humanos como o Dalai Lama e os seus seguidores, ou que nom há violadores dos direitos humanos como o governo chinés.

Já mais achegado, abrirom-nos outra janelinha para contar-nos como foi a chamada Semana Santa. Alí onde as feministas vemos integrismo religioso, clasismo, exaltaçom do sofrimento e a construcçom da figura dum Deus tam machista que só lhe valeu umha virge de 13 anos para ser a nai do seu filho, querem que vejamos a importáncia da arte figurativa e o ganho económico polo turismo.

Também abrirom a janelinha da romaria de Chamorro, a primeira do ano que pola chuvia nom foi o lucida que se agardava. Volvimos ver pernas de cera, braços e gente oferecida a umha virge que tampouco dá nada por nada. Dis que exige sacrifício e sofrimento, trapicheando coa gente com cousas tam sentidas como a saúde e mesmo a vida dos seres queridos.

Por isso venhem bem estes dias frios, para saber que som só pequenas partes da realidade, janelas que se abrem para mostrar-nos o que outros olhos querem ver por nós. A realidade, a visom global do quadro que é a vida, toca-nos faze-la a nós, mesmo como no caso das feministas, fazendo os nossos próprios traços, pincelada a pincelada por um mundo mais justo e em igualdade.

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