segunda-feira, abril 14, 2008

A liberdade para eleger


Na prensa de hoje, que incluía os seus suplementos dominicais, aparecia anunciado um novo produto que permite, sem passar polo quirófano, aumentar o volume dos peitos. Trata-se dum gel de ácido hialurónico que se inxecta e precisa de manutençom cada seis meses. O seu preço oscila entre 3.000 e 4.000 euros. Porém, noutra das publicaçons que acompanhavam hoje os diários, dentro dumha entrevista à cantante Rosario Flores, aparecem as seguintes declaraçons:

"Ainda hai quem me sugere que me opere, que me ponha umhas tetas algo visíveis. Custa-lhes entender que eu estou feita para o meu, para pegar saltos derriba do escenario. Ademais, o público nom deve distrair-se coas minhas mamas. Tem que fixar-se na minha arte, que é o que importa".

Sei que muitas pessoas mantenhem que a liberdade de eleger é o mais prezado dos bens, e que estas duas respostas ante a possibilidade de modificar o tamanho dos peitos, manifesta a diversidade e riqueza da nossa sociedade. Sei que hai quem pensa que a liberdade para eleger, a liberdade pessoal, está por riba de critérios morais, éticos ou políticos. Mas num mundo, onde se nos demonstra cada dia a necessidade de reduzir o consumo e a produçom, que os recursos som limitados, e as consequências som trágicas par milhons de pessoas, hai quem elege investigar, produzir e vender para o superfluo, para centrar a atençom, no que verdadeiramente importa, um centímetro mais o menos de teta. Eu, desde a minha liberdade pessoal, mostro-lhes o meu mais sentido desprezo.
________________

domingo, abril 13, 2008

Resaca de debate


Sentimos um sabor agridoce polos debates que se dérom no Parlamento espanhol estes dias para eleger ao Presidente do Governo. É um sentimento contraditório. Por umha banda lembramos aquel 8 de Março de 1999, quando as organizaçons feministas e sindicais, percorríamos as ruas de Compostela baixo o lema "Queremos ser um problema de estado", denunciando as agressons machistas e o número de mulheres mortas a maus dos seus agressores. Zapatero acaba de anunciar que vai reunir aos presidentes das Comunidades Autónomas para falar de violência de gênero como um problema de estado. Passárom 10 anos, e moitas mulheres mortas, mas parece que imos conseguindo arrincar pequenas vitórias ao patriarcado. Mas as raízes da violência na organizaçom social, religiosa, militar, na educaçom afetivo sexual e mesmo na organizaçom do trabalho e a economia seguem case intactas, mesmo algumhas, como no caso das estruturas religiosas, parecem apontar um rebrote da misoginia.

Por outra banda, quedárom sem nomear no debate reivindicaçons feministas moi presentes na última fase da legislatura, como é o caso da Lei do aborto. Sorprendentemente só mencionada polo portavoz do BNG, e totalmente esquecida polo candidato a governar.

Estaremos diante dumha legislatura onde se dê um frenazo às políticas de igualdade e de defensa dos direitos das mulheres? Estaremos ante umha política de manter o que se tem sem avançar?

As feministas sabemos, que no caso do direito ao aborto, esta postura política nos deixa na total indefensom. Bota-nos diretamente nas garras dos inimigos das mulheres, os integrismos religiosos disfarçados de defensores da vida. Os mesmos que vem com malos olhos os coidados paliativos. Preparemo-nos pois para estes anos borrascosos.
___________

terça-feira, abril 01, 2008

O seu peso em ouro


Soraya Saez de Santamaría, vim-na na televisom, radiante, recém nomeada portavoz do PP no Congresso. Beijos, abraços ... dos seus colegas e dalgumha colega também da direçom do partido. Nunca me passou desapercebida desde que começou a aparecer em pantalha. Vim-na em vários debates e atentamente seguim as suas declaraçons sobre diferentes temas, sobre todo saía no verám, quando outros andavam de férias. Nom me passava desapercebida pola sua presença física ou o seu jeito de expressar-se, senom polo que defendia e como o defendia. É o que se chama umha mulher de partido. Defendendo sempre a linha oficial, fosse antes a que marcava a liderança de Aznar, ou agora Mariano Rajoi.

Soraya sabe argumentar ainda quando a sua linguagem corporal nom poda ocultar que nom está convencida do que dí. Mas hoje estava feliz,mesmo descuidadamente peiteada ante as câmaras. Estes anos de esforço pagavam a pena. Uma mulher relativamente nova, trinta e sete anos, num posto destacado da política espanhola representando a um partido com mais de dez milhons de votos.

Nom passou hoje pola cabeça de Soraya que a súa eleiçom poido estar moi mediatizada polo feito de ser mulher, e nova, dado que no outro partido, ao que pretendem vencer nas eleiçons de 2012, a paridade é umha prática cada vez mais afiançada polas reivindicaçons feministas e posta em lei desde o ano passado, ainda coa abstençom do PP. Umha Lei, tímida, mas que o partido de Soraya tem recurrido, primeiro ao Tribunal Constitucional e depois ao de Estrasburgo. Porque pensa Soraya, como a maioria da militância e votantes do PP, que para chegar a um posto importante em política, hai que trabalhar duramente e valer, nom ser um número dumha quota. Pensa Soraya que ela trabalhou e vale, e seguramente será assim. O que resulta insultante para o resto das mulheres é que o Partido Popular pense, ela incluída, que a representaçom minoritária que temos as mulheres na vida pública, incluindo partidos políticos, é conseqüência de que nom trabalhamos o suficiente e nom valemos.Pola contra, todos e cada um dos homes que participam em política som moi trabalhadores e valem o seu peso em ouro.

---