domingo, março 30, 2008

O meu tempo, machistas e misógenos


Umha companheira da Marcha, mandou-me estes dias três artigos de opiniom assinados por José Luis Alvite publicadas no Faro de Vigo. Esta companheira estava ofendida polo conteúdo altamente misógeno dos artigos dete jornalista. Ainda mais ofendida porque o jornal Faro de Vigo os publicasse. A verdade é que os três tenhem umha profunda carga de ódio contra as mulheres e concretamente contra as feministas. Nom vou repetir agora o conteúdo dos artigos. A quem lhe pique a curiosidade que os leia, é moi doado encontra-los na rede ou nas hemerotecas. Um correio moi parecido enviou-me um amigo sobre um artigo dum jornal de Zaragoza, e outra amiga a semana passada, pediu-me que lhe buscasse o artigo de Pérez Reverte, onde pedia poder matar às mulheres que vaiam com roupa nom adequada ao seu físico, segundo os seus critérios estéticos, argumentava este escritor que se se podem matar aos cavalos deveria ter licença para poder fazer o mesmo coas mulheres.

Às vezes penso que quando a alguns escritores se lhes vam acabando as idéias, cada vez mais recorrem ao anti feminismo. Sabem que vam ter resposta, das organizaçons feministas, das feministas e de mulheres que sem reconhecer-se feministas, sentem-se agredidas polos envites destes persoeiros. Nas páginas web, nos blogs, nos folhetos ... vam ter assegurada umha publicidade que elevará o seu índice de popularidade. Como di o refram "que falem de mim ainda que seja mal". Por isso eu nem leio, nem escrevo para rebater aos misógenos. Nem comento as suas frases nem envio emails ao jornal que lhes publica porque nom quero dar-lhes o meu tempo nem a minha energia. Ademais, como a liberdade de expressom acho que é um direito fundamental que quero para mim, como para as demais pessoas, nom pedirei censura destas idéias. Nom leio as suas colunas nem merco os seus livros e ponto! Outro cantar é que com meus cartos, e o dinheiro da cidadania, se sustentem, coa publicidade institucional, medios de comunicaçom que se fam eco do machismo e a misogínia. Mas isso é umha luita muito mais difícil que a decissom pessoal de nom dar nem um dos teus euros, nem um só minuto da tua vida, para aumentar a audiência e a fama destes cultos pregoeiros do patriarcado. É umha loita mais difícil porque ainda com leis de igualdade, com leis contra a violência machista e com mais de trinta canles de televisom das que diferenciar-se, as televisons públicas, incluída a TVG, seguem utilizando tópicos machistas, sexismo e misogínia, para vender séries, e concursos vários. Como se nom fosse possível fazer arte, humor, entretenimento... sem que as mulheres tenhamos que passar pola alfândega e pagar o imposto de peagem. Falta criatividade, que nos permita prescindir do machismo sem cair na "ñoñeria" e os tópicos do políticamente correto. Pode ser que suceda algo tam simples como a história do ovo e a galinha. Que foi primeiro?, umha sociedade machista consumidora duns meios de comunicaçom machistas, ou uns meios de comunicaçom que ajudam a reproduzir o machismo na sociedade? Mentres a pescadinha traba-se na cola, mentres a roda gira, as feministas seguimos a elo, intentando baixar as agulhas para que o trem cambie de caminho de ferro.

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quarta-feira, março 26, 2008

Neste inverno resseso

Estes últimos dias frios de Março som como umha volta atrás. Como se a vida nom quisera continuar para diante. Como se mostrasse resistência a entrar numha nova porta que significa a chegada da primavera. As eleiçons, a data do 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, a chamada Semana Santa... pusérom-nos diante dos olhos das feministas, um filme demasiado rápido, ademais de intenso e cumprido, por nom dizer espesso. É por isso que esta volta atrás, este inverno reseso, nos convida à reflexom, a observar todo o que está ao nosso redor, o que aconteceu, o que acontece e o que vai acontecer. Para aprender, e começar a primavera de verdade, sentindo que agroma de novo a vida, que sai a luz outra vez intensa também para nós, para as feministas e para os homens amigos das feministas.

É necessário serenar-se para nom cair no desânimo e sobre todo ser conscientes de que o que vemos, pode ser a primeira vista umha imagem distorsionada da realidade. Muitas vezes olhamos só o que nos deixam, e pode parecer que nada muda. Nas escolas, quando se apresenta umha pintura ao alumnado de idades moi temperás, cobre-se a obra de arte cumha cartolina de jeito que se vam abrindo pequenas janelas que mostram um anaquinho de quadro para ir construindo desde os detalhes o que vai ser a descoberta total da obra. Trata-se de ir fomentando a imaginaçom, fazendo hipóteses do que pode haver debaixo da cartolina.
Na olhada que se nos permite desde a maioria dos informativos nom há essa intencionalidade, nem se pretende a reflexom para chegar á percepçom global. Simplesmente observamos a janelinha que se nos oferece. Isto é o que acontece estes dias coas novas relacionadas com o Tibet, o governo chinés e as olimpiadas. Abrirom essa janelinha para que observemos a repressom chinesa sobre os habitantes do Tibet e os seus representantes políticos. Pensaram que cinco minutos de informaçom tras anos e anos de silêncio, nos dem a conhecer a realidade de mais de 1200 milhós de pessoas. Esses minutos sim que nos dam para observar que os sacerdotes representantes dumha outra religiom, também som homes e comprovar a presenza teimudamente masculina em todos os àmbitos de poder do imperio chinés. Abrem-nos a janela para que semelhe que nestes días no mundo nom há defensores dos direitos humanos como o Dalai Lama e os seus seguidores, ou que nom há violadores dos direitos humanos como o governo chinés.

Já mais achegado, abrirom-nos outra janelinha para contar-nos como foi a chamada Semana Santa. Alí onde as feministas vemos integrismo religioso, clasismo, exaltaçom do sofrimento e a construcçom da figura dum Deus tam machista que só lhe valeu umha virge de 13 anos para ser a nai do seu filho, querem que vejamos a importáncia da arte figurativa e o ganho económico polo turismo.

Também abrirom a janelinha da romaria de Chamorro, a primeira do ano que pola chuvia nom foi o lucida que se agardava. Volvimos ver pernas de cera, braços e gente oferecida a umha virge que tampouco dá nada por nada. Dis que exige sacrifício e sofrimento, trapicheando coa gente com cousas tam sentidas como a saúde e mesmo a vida dos seres queridos.

Por isso venhem bem estes dias frios, para saber que som só pequenas partes da realidade, janelas que se abrem para mostrar-nos o que outros olhos querem ver por nós. A realidade, a visom global do quadro que é a vida, toca-nos faze-la a nós, mesmo como no caso das feministas, fazendo os nossos próprios traços, pincelada a pincelada por um mundo mais justo e em igualdade.

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quarta-feira, março 12, 2008

Entre luzes e sombras

Este 8 de Março nom se mezclará na nossa memória com tantos outros vividos. O especial desta data, tivo as suas sombras e as suas luzes. Sombras na proibiçom das manifestaçons feministas. Sombras nos siléncios cómplices. Sombras nos abandonos, nom só polas proibiçons, porque é certo que o convencimento de que se deve fazer o correcto, se juntou ao medo e à incertidume sobre o que está bem ou está mal fazer. Mas também forom abandonos polo conteudo que as feministas da Marcha démos a este 8 de Março. Um conteudo que tocava um tema ainda tabú na sociedade. Um tabú que se junta a muitos outros, todos rodeando os nossos úteros.

O feminismo leva décadas intentando que a razom, a ilustraçom e a ciencia liberem os nossos úteros da carga de misticismo, esencialismo e tabú que levam soportando tantos anos.O feminismo vive o aborto como um direito, mentres que ainda umha maioria social ve-o como o inomeável. Também sombras polos abandonos ocasionados pola claridade da mensagem ao culpar, sinalar e combater as forças reacionárias que ameazam conquistas arrincadas co esforço de várias geraçons de feministas. Ponhiamos-lhes nomes e apelidos: Conferencia Episcopal e Partido Popular. Este último saiu mesmo na prensa denunciando as mobilizaçons feministas e ameazando com invalidar o processo eleitoral. Sombras também polas críticas desde o próprio movimento feminista que aproveitárom um momento de dificuldade para sinala-lo como um momento de debilidade e claudicaçom.

Forom muitas sombras. Mas também houvo luzes. Luzes de solidariedade feminista, luzes dos amigos das feministas que somarom esforços. Luzes de algumhas cumplicidades desde as profesionais e os profesionais dos medios, e é que somos miles as mulheres que tivemos nalgúm momento da nossa vida que exercer o direito ao aborto, ainda que nom nas condiçons mais adecuadas.

Foi um 8 de Março onde estivemos moi pendentes de nós. Só na canle Euronews alcancei a ver a manifestaçom de Filipinas, miles de mulheres por umha ampla avenida pedindo direitos e liberdades, denunciando a violencia machista, o tráfico sexual...

Elas coma nós coas suas faixas, coas suas cançons... Ali estavam como as de Iram, Turquia, Brasil... Havia eleiçons, havia atentados terroristas, havia manifestaçons de miles de professoras e professores, como foi o caso de Portugal, mas nós sabíamos que também era o 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, Dia Internacional de Luita Feminista e em todo o planeta saímos às ruas.

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