sábado, dezembro 23, 2017

Acçom e Racçom


Quando o feminismo consegue um oco dentro do ruído mediático para falar de violência machista, aproveita para acender o foco sobre o que falta por conseguir, fronte ao que tem conquistado (maior consciência social, leis, instituiçons especializadas, cursos de formaçom, investigaçons, estudos, ensaios, expressons artísticas e culturais que abordam o tema…) , porque seguem amoreando-se diante nossa, os cadáveres das mulheres e crianças assassinadas, as violaçons, as agressons, o abuso e acosso sexual, as atitudes e instituçons machistas, a linguagem excluinte, o relato que nos ignora… É como se o Patriarcado conseguisse levantar muros estanco, onde por umha parte temos o reconhecimento das conquistas feministas, e por outra a realidade patriarcal atuando nas instituiçons, nas ruas, nas casas, nos leitos…

As que exploramos a teoria de que a violência machista, tal e como se vem expressando nas últimas décadas, é umha reacçom ante o exercício dos direitos fundamentais das mulheres, historicamente negados, mormente o direito à liberdade para decidir, vemos ante nós ainda, um longo caminho onde as caídas neste combate a prol da liberdade vam seguir escrevendo páginas de heroísmo, resistência e afouteza. Paradigmático é o caso da India, ou a viragem estratégica dos assassinos e maltratadores machistas utilizando como objeto de tortura e chantagem as próprias crianças.

Cumpre pois dotar-se dos médios mais ajeitados para avançar neste combate desigual. Cumpre conseguir os maiores apoios e alianças. A solidariedade masculina, demonstrada como muito eficaz como elemento de conscienciaçom entre os homens, e também como desativante de atitudes machistas, tem que dar muito mais de si. Cumpre publicitar o conflito e visibiliza-lo em todos os contextos. Cumpre sinalar as estratégias e armas dos agressores, por suposto como formaçom preventiva (se controla o teu móbil, e o teu jeito de vestir…), mas também para inclui-las como defesa e prova ante os processos judicias (fechava com chave a sala de juntas do sindicato para falarmos…)

A aplicaçom da lei em casos mediáticos como o da Manada, confirma que a defensa dos direitos das mulheres, a conquista da Igualdade, é também objetivo da Reacçom. Estamos ante um momento involucionista, e umha deriva autoritária das instituiçons do estado. Umha reacçom que pretende desarmar a defensa da sociedade civil. Fronte a essa reacçom, as mobilizaçons e posicionamentos públicos som imprescindíveis. Um estado que segue a ter na Monarquia, na Igreja Católica e no Exercito, uns dos seus pilares fundamentais, quer dizer, três instituiçons patriarcais que nom se vam deixar questionar sem resistência, e que vam atrincheirar-se no poder judicial e legislativo para evitar qualquer mudança.

Mas fronte a isto temos a resistência de muitas mulheres, que cada dia ponhem seus corpos para que a liberdade de todas avance; a resistência de cada vez mais homens que se atrevem a falar, a cambiar e a afrontar com valentia o machismo e desterra-lo das suas vidas. Temos às novas geraçons incorporando-se decididamente às ideias e ao movimento feminista. Marchamos!

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sábado, setembro 16, 2017

Quem tem um plam?


Galiza e a sua realidade no espaço geopolítico

Reflexionar sobre o futuro da esquerda, os resultados desa reflexom, vam estar sempre marcados polas coordenadas geopolíticas do lugar onde se fai essa reflexom. Asim, hoje, aqui na Galiza podemos fazer este debate, e resulta necessário e interessante, mas resultaria de todo estranho fazé-lo em Siria, onde o Império está golpeando co útil maço do yihadismo, para levar adiante os seus planos de destruçom dos estados de medio-oriente. Está aplicando um modelo de guerras, nom para ganhá-las, senom para manté-las vivas como armas de destruçom definitiva, que deixa aos povos indefensos. Iste é o caso de  Afganistam, Irak, Libia, Yemem... Esta é também a estrategia que se quere aplicar em Venezuela, e verémo-lo co tempo, ampliado a mais países.

Mas nós vivemos nestes tempos, nessa zona de conforte, onde as guerras, co sofrimento de milhos de pessoas, nom formam parte da nossa realidade, por mais que a solidariedade, a empatia que sentimos polos povos do mundo, permita por uns segundos, por uns dias mesmo, que se nos encolha o coraçom diante de cada nova que nos chega desses territórios. Ou mesmo, que Europa experimente por segundos, a realidade das pessoas que vivem submetidas a situaçons de guerra, em forma de atentados, case sempre realizados em tempo de eleiçons ou em médio dum conflito político relevante, como é o caso de Barcelona.

Umha zona de conforte situada na área geopolítica denominada Ocidente, nom eximida de contradiçons e problemas, mesmo onde esses problemas aumentam. Porque estamos a assistir a um aumento das desigualdades; um incremento da pobreza; um recorte de liberdades; o enraizamento do patriarcado; umha perda de soberania dos estados a favor das multinacionais, e um processo de centralizaçom e uniformizaçom que afoga os anceios de soberania dos povos a quem lhes é negada.

Unha zona de conforto, mas que descobre cada dia como se degrada o seu território e como se pom em perigo a vida das especies e a saúde das pessoas, num delirante caminho cara a destruçom da vida.

Aqui pois, toca-nos reflexionar sobre o futuro da esquerda. E quero dar dous dados a respeito do nosso país que penso que podem servir para centrar-nos sobre o tipo de sociedade á que pertencemos. Som dados bem conhecidos. Por umha banda, na Galiza existe um processo de avelhentamento da povoaçom moi acusado, com um saldo vegetativo negativo que se prolonga no tempo, morremos mais dos que nascemos, ainda que temos umha esperança de vida moi alta, de mais de 85 anos no caso das mulheres.

Associemos a esses dados que as pessoas coa idade (por pura biologia), tendemos a ser menos ativas e participativas. Acrescentemos a isso que Galiza é um país de proprietários e, em menor medida, de proprietárias. Um 36% desses proprietários na Galiza, som-no  de mais de 10 bens imoveis; que hai case 250.000 vivendas que funcionam como segunda vivenda, e case dous milhos de veículos. Somemos a isso que hai máis de 300.000 vivendas baleiras; que o 61% da populaçom tem conexom a Internet e a cobertura educativa, sanitária e farmacêutica, polo de agora, cobre praticamente a toda a povoaçom.

Poderíamos estender-nos nas implicaçons que estes dados tenhem á hora de elaborar e levar adiante um projeto de transformaçom social, mas, de fazé-lo eu, nom seria moi rigorosa porque careço dum estudo sério e tam só  podo aportar intuiçons sobre o que isso supom. Intuiçons e conclusons tiradas dos anos de experiencia, e do trato e observaçom de muitas pessoas ao longo dos anos de ativismo e de vida. Só, e para resumir, atrévo-me a dizer:
- O conservadurismo na Galiza, que debe ser contrastado por um projeto da esquerda, tem umha importante base material, e nom só está vinculado à rede caciquil, à ignoráncia ou aos restos do franquismo.

- A perda de povoaçom, a maiores das situaçons criadas pola crise, é também produto do auto-ódio e papanatismo cara ao de fora. Um auto-odio e papanatismo, que padecemos e imos herdando geraçom tras geraçom. Póde-se entender assim que muita mocidade, mesmo podendo contar co apoio familiar para emprender mais de um projeto, prefira mal viver no estrangeiro.

- O país perde o seu sangue novo. Polo que conheço, só algumhas atividades económicas coma a vitivinícola, e nalgumha medida, o sector de gando de carne, conseguiram relevo geracional, mentres os sectores económicos como agricultura, pesca, sector naval, continuam desmantelando-se sem pausa. Salientar que é verdade que hai iniciativas económicas novas,como o sector relacionado coa produçom ecológica, ainda pouco significativo, que tem gente nova ao frente de múltiplos projetos que batalham todos os dias contra a grande industria alimentária.

Temos as bases para umha transiçom ao socialismo como modelo económico de raparto da riqueza


As características da Galiza permitiriam umha transiçom bastante doada a umha economía socialista. Somos um país cumhas bases econômicas onde poderiamos permitir-nos esse transito sem maiores dificuldades. Temos infraestruturas que garantizariam a educaçom, a sanidade e a vivenda. Temos povoaçom preparada, e terra, agua e mar para garantir a soberania alimentaria. Temos vivendas para garantir o direito residencial. Só haveria que recuperar desde o público sectores estratégicos como a energia, as telecomunicaçons, a banca e o transporte. Acompanhemos todo isto dumha política internacional onde busquemos alianças para garantir o aceso á tecnología e bens de equipo e temos a Galiza socialista que sonhamos. Nom está tam longe como pensamos a possibilidade dum reparto mais justo da riqueza e dum outro jeito de organizar a economia.


Novas formas de vida e interesses das geraçons post-transiçom

Hai outros dados que devemos manejar para orientar as nossas reflexons. Eu nom os vim nunca recolhidos, seguramente existam, seguramente alguém os tem estudados, ou mesmo, poda que permaneçam interessadamente ocultos, porque sabemos agora que os sociólogos converteram-se  nos grandes gurus dos partidos sistémicos.

Som dados referidos á forma de vida e interesses das geraçons post-transiçom. Umha informaçom moi valiosa, porque quem saiba conectar cos interesses das pessoas e entenda os resortes que movem o seu jeito de vida, captará o seu interesse e moverá as suas vontades.

Na minha experiencia, a saúde e a estética do corpo, a imagem pessoal, as emoçons, as relaçons sociais e o ócio, centrado sobre todo nas viagens, som, os interesses prioritários destas geraçons post-transiçom. Geraçons que tenhem um moi alto nível de autoexigencia, que vivem a formaçom, nom importa em que profissom, cumha disciplina estoica, que reflicte umha capacidade importante para realizar esforços, que antes nom se nos requeriam, máxime se todos estes esforços, nom se traduzem, na maioria dos casos em estabilidade laboral. Umha estabilidade à que já lhes figeram renunciar.

As mulheres destas geraçons sofrem umha especie de desdobramento da personalidade associado a altos níveis de stress. Tenhem que ser nais perfeitas, entrenadoras e inversoras nas carreiras cara ao estrelato das suas crianças, activas sexualmente, coidadoras, com intensas relaçons sociais, eficientes no seu trabalho e, à sua vez, monstrar-se também como  seres livres e sem ataduras que  brilham por si mesmas. Bem está que a maioria nom consegue estes objectivos. Acrescentemos entom, ao stress, a frustraçom.

Outra caraterista destas geraçons que me interessa ressaltar é a sensibilidade. Umha sensibilidade ainda nom transformada em consciência política e açom, a respeito da preservaçom do meio ambiente e dos direitos dos animais. Um dos rasgos mais diferenciadores em relaçom às geraçons anteriores, que fomos educadas na frase bíblica “ crecede e multiplicade-vos e dominade a Terra”, ainda que isso supunha estender a morte pola própria Terra.

Esa sensibilidade cara outras especies, e pola preservaçom ambiental,mesmo podería parece associada ao instinto colectivo da supervivência. Como se a nível coletivo , ou do subconsciente colectivo, estas geraçons ativassem umha alerta do perigo que como especie temos que afrontar. Porque esta vai ser umha das batalhas definitivas que estas geraçons tenhem por diante, cos desafios do cambio climático e a contaminaçom das águas e da terra.

Enquanto as geraçons anteriores, registraram antes e agora, umha alta participaçom na militáncia partidária e o associacionismo,  motivada case maioritariamente por intentar plasmar umhas ideias, melhorar e transformar a vida da comunidade, ou mesmo pola conviçom de ter que liderar e protagonizar esses cámbios, o sentimento colectivo nestas novas geraçons, passa pola peneira do principio de reciprocidade “eu dou se ti me das”, “eu dou na medida que recebo”, e a implicaçom em movimentos e associaçons é, em consequência, moi reduzida. Valora-se muito o tempo pessoal. As reunions, o trabalho político... semelha tempo perdido. Assim, ficam na política aquelas pessoas que a vem como um campo profissional, onde quem se tem que esforçar é quem vive dela. A política para quem a trabalha. A esquerda político-institucional passou a ser, para os olhos da maioria social, umha alternativa profissional que, no caso da esquerda, vai fazer às instituiçons “o que se poda”.

Nom vou cair na soberbia, nem na ignoráncia, de valorar do mesmo jeito a todas as pessoas que se comprometem para fazer política de esquerdas desde as instituiçons, nem negar o compromisso transformador de muitas delas, mas a visom geral que se tem é ista. Eu compartilho responsabilidades. Isto é o que conseguimos co caminho andado até agora. O caminho institucional converteu-se numha agencia de colocaçom , e  o PP é o paradigma do que falo. Foi o partido que conseguiu, depois das crises do Prestige e da Guerra do Irak, umha renovaçom geracional sem precedentes, porque claramente oferecia um posto de trabalho e umha oportunidade para medrar económica e socialmente. A maiores, gera umha ocupaçom indireta significativa, mesmo se temos em conta que moitas pessoas, muita rapazada também, o seu primeiro contato coa política som os 150€ que o PP lhes paga por ser interventores nas mesas eleitorais. Temos que reconhecer que a todo isto ajuda desde logo o participar no chamado “jogo político”, coas cartas marcadas. Os jeitos da mafia som moi efetivos.

Mentres, a esquerda partidária tinha e tem grandes dificuldades para conseguir participaçom, porque as expectativas sempre som moi limitadas, “saem poucos da lista e nom se cria trabalho indireto”. Começa mesmo a ser moi habitual que rematado um processo eleitoral, os e as candidatáveis nom elegidas, aleguem falta de tempo para continuar coa atividade na organizaçom ou nos movimentos sociais onde se lhes convida a participar.

Cumpre também encontrar as razons polas que concelhos onde se tem aplicado políticas de esquerda ao longo dos últimos anos, onde se melhoraram as infraestruturas, o desenvolvimento económico e cultural, onde se dam melhores serviços, onde as instituiçons estam governadas por pessoas honradas e singelas, o Partido Popular segue a ser o mais votado nas convocatórias que nom som eleiçons municipais. É o caso de Allariz, Sam Sadurninho, e seguramente outros que nom alcanço a conhecer tam bem. Hai que perguntar-se por quê, as nossas políticas nom alcançam a transformar o pensamento colectivo. Porque a esquerda, nom é mais infraestruturas, melhores serviços, boa gestom... A esquerda é o pensamento e a vontade colectiva de preservar o bem comum, de transformar a realidade para acadar maiores cotas de bem-estar para as pessoas e as suas comunidades, de construir modelos de governança local e mundial baseados nos valores da liberdade, a igualdade e o respeito à diversidade. As políticas que temos que implementar, devem estar logo orientadas para fazer hegemónico esse pensamento e unir o maior número de vontades para conseguir esses objectivo.


O impulso para os cámbios sempre vem da maioria organizada


Os Movimentos Sociais na Galiza nom passam polo seu melhor momento. As razons penso, quedaram enumeradas no apartado anterior (envelhecimento da povoaçom, interesses e formas de vida diferentes das novas geraçons…), porque ser, som mais necessários que nunca.

O movimento sindical perdeu cotas moi altas de confiança e sofre as consequências dunha profissionalizaçom das suas direçons que o levam, na maioria dos casos, a ser meras gestorias de despedimentos e expedientes de regulaçom ou liquidaçom de empresas.

Seguem tendo reconhecimento social o Feminismo e o Ecologismo. O primeiro porque os  seus logros som patentes, e mesmo para as novas geraçons, é patente também a necessidade de luitar por defender esses logros e aumenta-los. Ademais, conseguiu um tímido, ainda que constante relevo geracional, com cámbios no discurso e nas formas de ativismo. O segundo, o Ecologismo, porque se ajusta á sensibilidade incipiente das novas geraçons com todo o que tem a ver coa defensa dos animais e o planeta, e porque consegue associar o ativismo com a pratica dum ócio alternativo.

A historia ensina-nos que as necessidades e sobre todo as demandas da sociedade organizada, cristalizam em movimentos sociais e políticos que a sua vez produzem os cámbios reais, bem a través de cámbios institucionais, ou bem destruindo as instituçons caducas e dando passo a novas instituçons e formas de governo.

Na Galiza cumpre investir muita energia na organizaçom social, incorporando os cámbios nesses processos organizativos, que permitam a participaçom das novas geraçons, cos seus jeitos e interesses. Isto é totalmente necessário e condiçom sine qua non para que a participaçom nas instituçons reflita e permita transformaçons do sistema político-económico.

Dessa energia e desses processos sairam os novos liderados.


Os caminhos andados, de éxito ao fracasso, do fracasso ao éxito

Moi rapidamente sinalar, a groso modo, quais forom os caminhos andados nos últimos tempos. Queria sinalar dous momentos onde estivemos moi perto de conseguir que algo cambia-se:

- Em primeiro lugar na crise do Prestige. Moita gente na rua mobilizando-se durante meses, combinando ativismo, critica política, superando ao estado na responsabilidade de recuperar as zonas afetadas… Todo um capital humano e político que cristalizou num segundo movimento “Hai que botá-los” e que propiciou um governo bipartito. Mas este governo,  governou, salvo exceçons, de costas aos movimentos que o pariram e se permitiu cumplicidades co poder econômico e mediático que o destruirom.

- Em segundo lugar, o impulso político retomado coa irrupçom de Age, que bebia diretamente dos processos internacionais da nova esquerda altermundista e do 15M. Um novo discurso que propunha um processo constituinte, horizontalidade, transparência, participaçom,…., e que foi criando frustraçom na medida em que nom existia coerência entre o discurso e a acçom; que nom conseguiu superar o maior obstáculo da esquerda, a necessidade da unidade. Na Galiza sempre falta algumha pata quando se quer construir umha mesa. Um projeto, que na sua última expressom, frustrou, baixo o meu ponto de vista, as aspiraçons que puséramos nela moitas pessoas, porque estava chamada a ser a nova representaçom nacional nas instituçons espanholas. O caminho presenta-se incerto.


Construçom, destruçom. Responsabilidades na liquidaçom do capital humano e político que nos pertence

Cumpre sinalar, a responsabilidade que existe no processo de  liquidaçom da herdança depositada nas organizaçons políticas e sociais por milheiros de pessoas que dedicaram, tempo e esforço para erguer expressons organizadas da esquerda na Galiza. Um processo levado adiante por pessoas e interesses que desde a acomodaçom e o exercício das ridículas cotas de poder, mas poder a fim de contas, que existem dentro das organizaçons, criaram divissom, frustaçom e cansaço.

Nom quero esquecer, a parte que lhe corresponde nesse processo de liquidaçom,  aos esforços levados adiante por parte dos serviços de inteligencia do estado. Instituiçons moi ativas, ao serviço dos interesses da preservaçom do sistema, que intentam controlar e minar os movimentos e associaçons alternativos. Esta atividade e estas instituiçons, deveram ter algúm interesse para a esquerda, pola conta que nos tem, e investigar e analisar as suas estrategias, ou quando menos ser conscientes de que existem.

A herdança é valiosa, nom podemos destragá-la.


Um plano para Galiza, um plano para o cambio económico e social

Dim que hai que fazer moitas cousas porque algumha sairá bem. Também dim que os éxitos venhem dum longo caminho de ensaio e error. Eu digo que na Galiza hai umha visom minifundiária das estrategias. Que desde a esquerda neste país, soesse confundir a naçom coa organizaçom, e como tal, as estrategias fracaram, porque nom se pensa a longo praço. Cumpre pensar como definir esse obxectivo comum de efeito multiplicador que permita a recuperaçom da soberania nacional. Porque é vital multiplicar o efeito de miles de acçons que muitas organizaçons e coleitivos estam a realizar,  e mostrar um poder constituinte em formaçom.

Em muitas ocasions,  as iniciativas políticas na Galiza semelham secundar as iniciativas ou processos que se estam a dar noutras naçons do estado. Se em Catalunya questionam o Concerto Económico, nós também. Se em Euskalerria elaboram o discurso de mais competências, nós também. Mesmo os processos de luita armada que se deram neste país, tiveram umha grande dose de mimetismo. E nestes últimos anos, intuímos um hipotético processo constituinte no estado, e aló fomos, a aproveitar as sinerxias a ver como nos ia…,e foi-nos mal. Erramos na analise. A realidade monstra um novo cenário onde a possibilidade de ruptura democrática, de processo constituinte, esta a dar-se em Catalunya, cumha resposta muito autoritária e repressiva por parte do estado, e umha possiçom nada rupturista, por parte de quem íam ser os nossos companheiros de viagem constituinte.

Se quadra, por ser umha naçom diferente, há ser algo diferente o nosso processo político. Mas sabemos que quando temos um problema temos que ir na busca da soluçom, quando estamos ante um perigo ou ameaça, imos buscar como defender-nos. Assim, levámo-lo fazendo ao longo de muitos séculos nesta velha naçom Europea, marcada no seu adn por múltiples fracassos. Polo tanto ergueremo-nos para construir o que precisamos, as novas geraçons também o faram, ao seu jeito.

Se fomos o primeiro reino suevo; fixemos a primeira revoluçom europeia contra o poder feudal; construímos a primeira resposta de masas contra umha agressom medioambiental como no caso do Prestige, ninguém pode negar-nos a possibilidade de que sexamos num futuro próximo, a primeira república socialista do noroeste europeo. A República Socialista da Galiza, garante da vida e da defesa do território. 

Como conclusom e para finalizar:

Para reflexionar sobre o futuro da esquerda, nom podemos esquecer a situaçom da Galiza na zona de conforto que o Império limitou, fronte a destruçom por guerras permanentes, de extensos territórios da periferia do Império.

Na Galiza hai umhas geraçons chamadas a conformar o projeto da esquerda do século XXI que tenhem formas de vida e interesses diferentes e precisam espaços de ensaio e error para levar adiante esse projeto.

Umhas geraçons que tenhem que dar a batalha na defensa do território, e fazer hegemónico um novo modelo humano nom depredador, que preserve a vida no planeta.


Nota.-
Intervençom na jornada de reflexom e coloquio celebrado o 15 de setembro de 2017, na Facultade de Filosofía de Compostela, sobre os desafíos aos que se enfronta a esquerda a nivel mundial. O acto foi organizado pola eurodeputada galega Lídia Senra, integrada no Grupo Confederal da Esquerda Unitaria Europea/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL), onde ademais da participación da propia diputada, presentou o compañeiro David Rodríguez (O Funambulista Coxo); e interviron também  o sociólogo portorriqueño, membro fundador de Europa Decolonial, Ramón Grosfoguel; a Comandante Guerrilleira nicaragüense, presidenta tamén da Fundación Popol Na, Mónica Baltodano; ou a activista do Movemento Autónomo de Mulleres de Nicaragua e integrante do Foro de Mulleres para a integración centroamericana e do Caribe, Haydee Castillo. +info.
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domingo, março 05, 2017

Em guerra...




As mans que estam a jogar no taboleiro da guerra, venhem de mover ficha na Suécia. O serviço militar obrigatório volve instaurar-se, dis que por sentir a ameaça rusa. Tramp anúncia um incremento no gasto militar e China fai o mesmo. A extrema direita avança em Europa, essa que nom lhe fai noxo a bombardear povos, levantar muros, recluir migrantes… O jogo da guerra, que percebemos periférico, aumenta a sua intensidade e cada dia cheiramos mais perto a pólvora.

Mas hai outra guerra coa que convivemos e nom percebemos como tal, onde aparecem todos os elementos que a definem, armas, corpos e vidas destroçados, campos de refúgio, exílio, terror…, assim no-lo ensinou a inesquecível Begonha Caamanho num artigo aparecido no semanário A Nosa Terra na década dos 90. Esta guerra, é a reacçom violenta do Patriarcado contra as mulheres que o estam a destruir.

A propaganda de guerra, passeou estes dias um autobús por Madrid para lembrar que a liberdade nom é possível; a nova arma química, a burundanga, demostrou estas semanas no campo de batalha, a sua eficácia para as violaçons, e a explosom provocada por um comando suicida unipessoal acabou coa vida de María José Mateo García em Redondela. Os partes de guerra a diário falam de vítimas mortais e lesons infringidas polo patriarcado e o seu braço armado, a violência machista.

Ninguém sabe com certeza onde está o final do conflito, mas é seguro que miles de combatentes somam-se dia a dia ao exército insurgente que loita contra o Patriarcado. Por cada umha abatida no combate pola liberdade, miles se alçam empoderando-se, reivindicando os seus corpos e às suas mentes. Por cada combatente caída, miles de territórios se conquistam para a liberdade. Imos vê-lo este 8 de Março. Veredes-las polas ruas e cidades do mundo, marchando imparáveis, pelejando cada espaço, cada casa, cada cama, na conquista da liberdade.

quarta-feira, fevereiro 01, 2017

Patriarcal inverno


Passou inadvertida. Mentres todos os chíos falavam da tua morte, das circunstancias trágicas que remataram contigo, aquilo passou coma se nada. Nom perceberam o anuncio da morte, de mais mortes. Ao redor da tua, umha e mil razons para afirmar que se podia previr. Ao melhor a ti nom te matou o machismo. Ao melhor a ti matou-te o abandono das famílias com problemas de saúde mental. Ao melhor a ti matou-te a soidade na luita contra a loucura... Mas na hora da tua morte, mais mortes se anunciavam. O FMI, exigia mais recortes em Sanidade e em Educaçom. Eram novas sentenças de morte, e nada semelha cambiar no patriarcal inverno.

Virginia Ferradas foi assassinada polo seu home o 29 de xaneiro de 2017 em Carbalhinho.

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