sexta-feira, abril 10, 2009

A minha neta di “to”

Às vezes a realidade explica-se muito melhor coas anedotas. Entendemo-la com pequenos exemplos, que nos chegam mais, que as profundas análises e os sesudos estudos e investigaçons, que sendo totalmente imprescindíveis, em ocasons tornam-se inúteis para entender e transmitir as sensaçons e sentimentos que emanam dessa mesma realidade. Como explicar senom a profunda soidade, a exclusom, a sensaçom de desterro, que as pessoas galego falantes sentimos na nossa cidade? Pois, velai vai um chisco desta magoante realidade.

Hai uns dias um dos meus filhos baixou a um dos parques do bairro coa minha neta de dous anos. Tem-lhe que ajudar a subir aos jogos que para ela, som gigantes a conquistar com muito esforço. Outro neno tinha também dificuldade e o meu filho ofereceu-lhe ajuda. Ao pouco o neno correu junto à sua nai para contar-lhe a sua grande descoberta “mamá , mamá, um señor galego!”.

Ao dia seguinte, a minha neta acompanhada polo seu avó, jogava num parque do centro da cidade. Ocorreu do mesmo jeito, mas, podede-lo crer porque sucedeu de certo, nesta ocassom, este outro neno dixo “ mamá, mamá, un señor rural!”.

É por isso que som como a vida as palavras “cham”, “lume”, “cam”.. que a minha neta, no seu ensaio continuo coa fala, vai pronunciando nesse maravilhoso jeito de abrir-se ao mundo. Vai botando-as ao ar, como frágiles bolhas de sabom. Essas palavras vam molhando esta terra malferida da nossa identidade, e som vida, e som alento, e nos reconhecemos nelas.

Nom, nom remata aqui o conto. Porque também sentimos laiar a ferida aberta, cada vez que ela di “to”. “Como dis?” “ Eu”. “Moi bem!” E haverá quem pense que é imposiçom.

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