segunda-feira, maio 22, 2006

Um impulso popular ao Dia das Letras

Este ano 2006 a celebraçom do aniversário da publicaçom do livro de Rosalia de Castro, Cantares Gallegos, pareceu ter um novo ritmo e fôrom muitas as iniciativas que ao longo do país tivérom como objetivo a reivindicaçom da normalizaçom do galego como língua própria da Galiza. Mas segue a ser escasso o número de pessoas que participárom em cada umha destas iniciativas ainda que a manifestaçom de Compostela organizada pola Mesa de Normalizaçom Lingüística convocara alguns miles. Digo que é escasso pola situaçom de emergência que vive o nosso idioma e cumpre intentar outras iniciativas que em datas tam sinaladas coma esta das Letras, convoquem à maioria social a expresar o sentimento e a consciência colectiva, que independentemente da identificaçom com proxectos nacionalistas ou nom, vivem a identidade da Língua e a cultura comúm..

Aguardava-se que desde o novo governo se impulsase algo mais que actos institucionais ou a participaçom de cargos eleitos na manifestaçom da Mesa. Ao final o mais novidoso resultou ser a programaçom da TVG, que por primeira vez refletiu umha jornada diferente e mesmo propiciou nalguns programas pequenos debates sobre a situaçom lingüística.

Cumpre ilusionar a umha parte importante da cidadania na defesa, ainda que seja por um dia, de umha língua e umha cultura própria, e sentir e visualizar a identidade colectiva com propostas criativas e cargadas de simbolismo, que arredem da luita partidista a questom do idioma. Sem essas propostas, o dia feriado das Letras Galegas, converte-se para a maioria social em umha oportunidade de descanso, e se cadra bem colocado, para desfrutar de ponte laboral para mesmo realizar umha pequena viagem ou visitar à família. Só nos meios de comunicaçom aparecerám pequenos sectores que continuam mobilizando-se, ou instituiçons que representam umha maioria, mas que nom alcançam a comprender a necessidade de comprometer a participaçom cidadá nas suas políticas, também na defesa da língua e cultura do país.

Muitas pessoas com militáncias políticas,tenhem comentado que desde que o Dia das Letras é feriado, os actos de celebraçom e reivindicaçom tenhem mermado nom só em número, senom em participaçom, e muitas se perguntam se nom seria mais acaído que este fosse um dia laborável onde nos centros de trabalho e de ensino se volvesse às raízes do debate da necessidade de falar o galego e defender os direitos lingüísticos das pessoas que habitamos este pequeno país.
Estas análises nom reparam na debilidade do movimento associativo cultural, no próprio envelhecimento da populaçom galega ou na presença da nossa língua e cultura dentro do currículum escolar, o que converte em obsoletas, actividades que resultavam atrativas nos anos 80 e 90, quase sempre girando ao redor das figuras do santoral literário.

Pola contra, cumpre aproveitar este dia feriado para convocar a identidade colectiva e monstrá-la publicamente, olhando-nos, reconhecendo-nos na pluralidade que representamos e polo tanto independentemente das reivindicaçons que cada colectivo social mantém e deve também mostrar esse dia, completando esse abano que deve dar um ar novo, um impulso popular à construcçom e conservaçom da identidade.

Na celebraçom do 25 de Julho, som as distintas alternativas políticas e partidárias as que protagonizam a data apresentando distintos projectos para a construcçom do projecto nacional. O debate político sobre os problemas do país e quais som os melhores caminhos para solucioná-los, a análise da conjuntura na que se move esta velha naçom que se esforça por ser também no século XXI, passam a primeiro plano. Umha data para a mobilizaçom, a expressom política na rua e os discursos de quem pretenda ou simplesmente esté no seu destino, liderar um projecto chamado Galiza.

Estamos assistindo a um moi positivo e celebrado processo polo que a nossa sociedade, muitos anos confessional católica, está redefinindo-se em umha sociedade laica, este processo, é certo, está sendo muito mais lento do desejado, ainda assim parece irreversível. As datas festivas já nom tenhem o sentido religioso da época franquista. Seria bom contar-mos com datas feriadas onde nos reconhecesemos todas e todos, independentemente das crenças religiosas. O feito de que na Galiza a grande maioria social seja galego falante ou quando menos nom rejeite o uso do galego em momentos determinados da sua vida, favorece a possibilidade de celebrar essa identidade colectiva dum jeito lúdico e á vez profundamente simbólico.

Imaginemos que desde as instituiçons galegas e desde os colectivos sociais se convoca-se à sociedade galega a participar activamente num Dia das Letras Galegas diferente. Um dia onde todas as pessoas que vivemos na Galiza poideramos aguardar que alguém nos agasalhasse cum livro, um cd ou um filme na nossa língua, ou que as pessoas que temos mais próximas no-lo oferecesse como agasalho. Um dia onde, ainda feriado, as livrarias de todo o país organizassem feiras nas cidades e vilas para que isto fosse facilitado, e para servir de ponto de encontro. Um dia no que todas as pessoas levaramos um sinal que nos identifica-se coa nossa língua, por exemplo umha flor de tojo ou de gesta, que também poderia sinalizar os carros, os autocarros, os estabelecimentos públicos ou as xanelas e portas das vivendas. Um dia onde se comprometesse a todos os grupos que trabalham pola recuperaçom do folclore popular, e a todas as pessoas que assim o dispuserem, a que saisem à rua engalanados cos trajes tradicionais para tomar as praças, e brindar dança e música,... e teatro e cinema ao ar livre, e concertos de música em galego, e novas danças inspiradas nas nossas raízes..., um dia festivo e reivindicativo da língua e a cultura. Umha festa para desfrutar colectivamente e lembrar também, que há anos, tivemos a sorte de que umha mulher tivo a disposiçom de volver a dar à nossa língua um formato escrito e começar um processo de dignificaçom do galego que cumpre que continuemos nós, habitantes da Galiza, explorando todos os caminhos possíveis.
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