terça-feira, outubro 30, 2012

Silvia, arma de guerra?

Quem me conhece sabe da minha posiçom radical contra o uso da violência como arma política. Posiçom que vem, nom só dumha reflexom política, um enraizamento da cultura da paz na minha vida, e um compromisso ético, senom também dumha dura experiência pessoal. Em muitos foros tenho denunciado a irresponsabilidade e veemência, por nom dizer demência, das pessoas responsáveis de certos posicionamentos políticos enfermiços que tenhem a violência como principio e fim, carregando geraçom tras geraçom a un bo feixe de moços e moças, que amam o país que habitam, tras os muros das prisons.

A detençom de duas pessoas em Ferrol, Júlio Saians e Silvia Casal, moi conhecidos entre os círculos culturais, nacionalistas e independentistas da cidade, obriga-me a premer as teclas do computador para pôr terra por medio, nom coas pessoas detidas, senom para afastar-me e condear a operaçom policial que se desenvolveu na nossa cidade.

Desde as pessoas que lhes som próximas, chega o relato da vulneraçom dos seus direitos. Ilhamento, traslado a centos de quilómetros da sua casa, manipulaçom da sua imagem pública nos médios de comunicaçom, vulneraçom do direito à presunçom de inocência... e todo por umhas acusaçons que o proprio Ministerio do Interior na súa pagina web, apenas é quem de redactar.

Hai ademais um bebê de oito meses que é separado da sua nai lactante. E é o caso de Silvia, onde mais claramente se manifesta a desproporçom da acçom policial. Na Marcha Mundial das Mulheres, temos escoitado muitas vezes o relato de mulheres dos cinco continentes, de como foram usadas como arma de guerra contra a sua família e às suas comunidades.

Na página do Ministério de Interior, onde se informa da sua detençom, nom se sinalam acusaçons contra ela. Perguntemo-nos pois para que é útil a detençom de Silvia. Perguntemo-nos pois que leis permitem separar a um bebê lactante da sua nai. Perguntemo-nos pola necessidade de traslada-la a centos de quilómetros da sua casa. Perguntemo-nos a quem beneficia utilizar a vulnerabilidade dumha nai ante a separaçom do seu bebê.

O Ministerio do Interior equivoca-se se pensa que as pessoas que nom admitimos a violência na praxis política, social ou privada, imos tolera-la na actuaçom policial. A vulneraçom dos direitos humanos por parte do estado, cobra perverso valor ante a impotência e indefensom que crea na cidadania que devera proteger. Eis a minha denúncia e o meu compromisso.

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terça-feira, outubro 23, 2012

A maldita frase

Som só umhas palavras. Umhas malditas palavras que alguém, num acolchado despacho, tivo a ocorrência de transcrever, para que, entre o primeiro café da manha, dirigentes do Partido Popular a almorçaram, e se assentara no seu tecido orgánico, como o leite ou o croissant. Um jogo de palavras que estivo nestes últimos anos aparecendo e desaparecendo da boca destes ilusionistas das medias mentiras.

Estas malditas palavras estam preparadas para fazer derrapar qualquer mobilizaçom social, qualquer resposta organizada à nova onda de recortes, ajustes e roubos que está ordenando a troika, e que o seu maiordomo Feijóo, está em disposiçom de nos servir.

Esta frase aparecerá desqualificadora, rotunda, branqueando o sepulcro onde apodrece a democracia: “querem ganhar na rua o que perderom nas urnas”. E assim, mais umha vez, a mentira, a manipulaçom, a corrupçom, o roubo... ficaram baixo a alfombra da Lei de D'Hondt, varridos pola vassoira dos uniformados poderes mediáticos, e bendecidos pola sagrada inquisiçom financeira.

Cumpre logo escoitar, memorizar e repetir, a nova melodia interpretada por umha parte importante da cidadania que vem decidida a navegar em mares de rebeldia e nom acepta um governo que, ao governar contra a maioria dos seus cidadáns e cidadás, perde a legitimidade, e converte estas passadas eleiçons numha tragicomédia onde os diálogos e personagens ocultos nas bambolinas, decidem o acto final.

Os de “que se jodan”; os que vulnerarom nove vezes a lei eleitoral em campanha; os que ocultarom a siglas do PP e a cara de Rajoi; os que ocultarom o seu programa, os mandadinhos da troika... com só o 45,72% dos votos, teram umha cómoda maioria absoluta. E ademais agora, as mans livres para reformar a lei, de tal jeito que se garanta que essa maioria se prolongue até o futuro e mais alá.

Quando o 14 de Novembro em toda Europa, a mobilizaçom cidadá protagonize a primeira folga europeia, volveremos escoitar a maldita frase. Pronunciaram-na para costrenhir a democracia a essa burla de si mesma em que a converte a lei de D'Hondt e a anêmica participaçom. Mas também a cidadania pronunciará benditas palavras, “querem impedir que recuperemos na rua, o que nos roubarom nas urnas”. A cidadania mais consciente, vai dar essa batalha desigual, a batalha entre David e o Golliat dos mercados, onde com a onda da dignidade, loitaremos para recuperar a soberania que nos permita fechar os despachos onde se decidem os nossos direitos e o nosso modo de vida. Havera para entom, nom só nove vozes, senom dezasseis, deconstruindo as malditas palavras no Hórreo?

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