domingo, outubro 24, 2010

Fum ao teu magosto

Os passos nom me queriam levar. De feito, andei às voltas pola casa, botando mais tempo do habitual nas rutinas de levantar a mesa e recolher a cozinha. Mas sabia que a hora era chegada. Tinha que assistir à minha cita com Anita. A um ano da sua morte, a família e às pessoas mais achegadas a ela,  convocavam-nos a um magosto na sua lembrança.

Um dia chuvoso, gris,  ajudava a confundir o nosso estado de ánimo. Aguardavam-nos castanhas, vinho e música, mentres a dor pola sua perda, parecia suspendida no ar segundo passavam as horas. Ao entrar no Galicia de Caranza, olhei de esguelho o seu rostro fotografado num grande vinilo que nos sorria desde o ponto mais ao longe, e nom puidem soster-lhe a mirada.

Uns segundos mais tarde a conversa coa sua nai, a calor das castanhas, e tanta criança tomando o espaço, brincando, bailando, participando na música... e tantas pessoas queridas, falando-nos, contando-nos cousas, arroupando-nos... foi enchendo de conforto pouco a pouco os nossos coraçons.  Os dedos da pequena Aldara faziam que sentiramos mais perto a magia da vida, e os olhos do Antón, nos lançavam ao futuro ao ir gravando-nos de mesa em mesa, de grupo em grupo, na sua memoria para sempre.

Forom valentes. Nom era doado acertar com o melhor jeito de viver este aniversário. Mas, Anita sabia-o, tinha a melhor gente com ela. Assim foi como nos curarom um pouco mais as nossas feridas; como, mais umha vez, recebemos máis do que demos.

----------