Nesta cidade somos como esse grupo de crianças que corre polo pátio da escola, e uns abusons se lhes achega a roubar a pelota, ou simplesmente a empurra-las porque sim, porque estavam aí. Somos todas aquelas crianças a quem se lhes rouba o bocadilho no recreio para tirar-lho ao cham e esmagar-lho co pé. E nom temos mestra a quem acudir, está amarrada de pés e mans no médio do patio e cunha banda posta nos olhos. Ademais agora, hai que pagar taxas para achegar-se a ela. Asim somos...
Hai uns dias davam-nos nos focinhos co do dique flotante, mas neste último recreio os abusóns dérom-nos cumhas lonas publicitarias que invadem a cidade. Falam de seguir comendo com tranquilidade o marisco da Ria, falam de banhar-se e gozar das suas augas...Falam de saneamento... No-lo dizem ou no-lo contam? Tenhem-nos que explicar mediante campanha publicitária que ter umha Ria saneada é cousa boa? Temos que pagar a autopropaganda do governo do Partido Popular?
Um novo insulto, unha nova burla. Porque os abusons forom os que permitirom que se lixara a Ria... Porque os abusons som os que levam retrasando a sua recuperaçom... Porque os tanques de tormenta que estám construindo só vam ser aliviadoiros. O sistema de saneamento polo que apostarom é obsoleto (mestura augas pluviais e residuais) e o seu funcionamento vai ser energeticamente moi custoso (irá no nosso recibo), e as grandes industrias vam seguir vertendo... Pero eles nom escoitam quando se lhes quere explicar, mesmo quando se elaboram alternativas para solucionar ou paliar esta chapuza, como fai a "Comisión Social de Seguimento do proxecto e obras de saneamento da marxe norte da Ría de Ferrol"...
Temos poucas oportunidades na vida de aprender a defender-nos dos abusons. Cumpre fazer-lhes frente no pátio. Ailha-los, mostrar-lhes que somos máis, e que se nos tocam a umha, tocam-nos a todas. Temos que conseguir que aqueles que lhes vam detrás, por medo ou por admiraçom, se
convençam de que podem ser as suas vítimas em qualquer minuto do
próximo recreio. E que ademais, o patio é de todas, polo que nom se lixa, coida-se, respecta-se... Se nom fazemos isso de crianças, nunca seremos pessoas adultas. Sempre teremos abusons nas instituiçons, nas empresas, nas ruas, nas casas... e seguiremos aguardando indefinidamente a que alguém desate á mestra no patio, para que venha a salvar-nos. Quererá esta cidade madurar de vez? Entrar na idade adulta?
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