Moitos, 19 anos som muitos. Coas suas primaveras e os seus invernos, cos seus dias e as suas noites. Moitos. Mas ti Fátima, viviches esses 19 anos de terror. Viviches morta em vida. Morta polo medo. Morta polos golpes, as humilhaçons... que el infringia também aos teus filhos e á tua filha. Em 19 anos, a tua vontade estaria quebrada, a tua capacidade de resposta mermada, e tam só querias pensar que a diferença de idade faria a justiça que vias inalcançável para ti. El, com seguridade morreria antes e poderias descansar. Agosto, neste agosto luminoso que vivemos, decidiches começar a viver. Umha denuncia, umha orde de afastamento, trás umha terrível malheira, e a enterrar esses 19 anos para sempre. Nom sabias que a tua nova vida só precisaria dum pequeno reloxo de areia para ser medida. Agora venhem as perguntas, agora a vontade para atopar as respostas... Por que o teu torturador durante 19 anos permaneceu impune? Por que se a denuncia foi posterior a umha brutal paliza gozava de liberdade? Por que uns menores vivem durante anos umha situaçom de maltrato sem que a sociedade active mecanismos de denuncia e proteçom? Por que ninguém te indicou o risco que corrias volvendo à casa onde o teu assassino rondava? Fátima, som moitas perguntas que fazer e moitas respostas que buscar, mas a tua pequena vida, depois de 19 anos de morta em vida, nom pode levar como epitáfio os titulares dos médios de comunicaçom onde parece que todo sucedeu por despiste, por abandono... porque, segundo o teu alcalde, nom avisaches no Concelho de Verim que volvias. O epitáfio da tua pequena vida deve ser “umha mulher valente, que se rebelou contra o machismo buscando conquistar a sua liberdade”. Para ti Fátima, e para todas as combatentes caídas na luita contra o patriarcado o nosso reconhecimento e a nossa memoria para sempre.
Imaxe de Javier Calvo, "El reloj de arena"
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