quinta-feira, setembro 05, 2013

Para Elisa

Os cans ladravam hoje quando mais de mil dos teus vizinhos e vizinhas achegaram-se ao lugar onde te atoparom. Á beira da estrada, a poucos metros dunha das casas que a salpicam. As lágrimas apareciam nos rostros mais afetados, silêncios e flores. E logo os comentários... A gente de idade lembrava o antigo assassinato dumha rapaza de 14 anos numha das parroquias limítrofes. Asfixiou-na um cura coa correia da moto, também mentres caminhava. E o assassinato de Vanesa Lorente, mais recente, nun concelho vizinho. A noite ia fazendo mais grises os verdes dos caminhos e miles de sombras abrirom pouco a pouco as poutas do medo.

Elisa, matarom-te quando os teus pés tomavam o caminho, possuindo o território que ti tam bém conhecias nos teus longos passeios. Elisa, matarom-te porque alguém quixo caçar e vencer o teu jeito áxil de estar no mundo. Elisa, matarom-te, e no momento da túa morte, umha rede mesta de medo e impotência abatiu a liberdade das mulheres que em Cabanas, A Capela e Fene compartilhavam os teus caminhos, corredoiras e rueiros. Elisa, matarom-te e as duvidas e a incerteza méterom-se nos zapatos de todas nós. Por ti, por todas, sacaremos a força para volver a sentir os nossos passos ligeiros, livres das gadoupas do medo, livres dos grilhetes do machismo assassino.

Para Elisa Abruñedo, assassinada no concelho de Cabanas.

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