quinta-feira, março 29, 2012

Irmandade


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Em jornadas como a que vivemos hoje, é quando sucedem cousas que passados os anos podemos ver narradas em filmes ou novelas. Este é o caso do que a continuaçom vou-vos narrar.

Desde primeira hora da tarde do mércores um grupo de afiliadas à CIG, estivérom realizando labores de reténs no sindicato. A noite foi longa, os piquetes iam polo sindicato a intercambiar informaçom, e recuperar forças. Quando amanheceu, e os piquetes recobravam umha actividade mais intensa, as companheiras tenhem noticia de que um Gadis do bairro, abrira as suas portas. Desde umha das xanelas do sindicato pode-se ver o local da CNT. Nom duvidarom, “companheiros, Gadis está aberto!”. Um grupo de sindicalistas “vizinhos”, pom-se em movimento. Á volta, desde as xanelas “subide tomar um café ou um bocata”. Hai quem está remarcando no dia de hoje a divissom entre os sindicatos convocantes da folga geral. Esforço inútil, o capitalismo está unindo-nos numha grande irmandade.

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sábado, março 24, 2012

Tabu



Observava eu estes dias no facebook, com supresa e admiraçom, um encendido debate entre dous amigos sobre as mulheres, a violência machista, as políticas de igualdade... e todo o que vos podades imaginar que pode xurdir, quando dous homes começam a discutir sobre Feminismo. Assistia digo, com admiraçom, porque um desses homes que tenho associado como amigo na minha conta, defendeu-nos ás mulheres bastante bem, fronte a um neo-machista cargado de argumentos de Intereconomia, Asociaçons de Juízes e Conferencia Episcopal.
Muitos homens começam a dar passos importantes no seu compromisso co Feminismo. Falam, opinam, escrevem... e como nós, as feministas, também se trabucam. Digo isto ao abeiro do debate que se está a dar nalgúns espazos de comunicaçom, sobre afirmaçons públicas onde se utiliza a violência machista como símil ou metáfora. Beiras fixo-o ao referir-se à situaçom criada pola ruptura, divorcio, no BNG; e Bieito Lobeira fixo-o referindo-se ao maltratador da nossa Língua, o Conselheiro de Educaçom.

Mas as feministas estariamo-nos equivocando ao pôr cancelas na boca dos nossos aliados, e também nos estariamos equivocando se fazemos da violência machista, um tabu, um tema do que só desde as experimentadas vozes das totens feministas, se conheceram as combinaçons válidas, exactas e acaidas para nomear as inomináveis palavras.

Nom som as metáforas nem os símiles os que nos fam dano. Som as políticas aprovadas, executadas sobre nós, sobre os nossos direitos, por essa maquinária esmagadora, braço executor do patriarcado capitalista que é o Partido Popular. Políticas por certo, moi bem resumidas no lema de CCOO para a greve do 29M, “querem acavar com tudo”.

Nom é o parlamentário Bieito Lobeiras o que deroga a Lei do Aborto, nom é Beiras Torrado o que desmantela a rede de serviços para a Igualdade... e se utilizam os símiles dos mecanismos do maltrato para incorpora-los no seu discurso político, estarám ajudando a dar a conhecer como é que sucede na realidade. Resulta que ademais, umha conceptualizaçom nascida da análise feminista, passa a aplicar-se para comprender outras realidades que nom afectam só a mulheres. Podemos deixar de ler isto como um suceso do próprio Feminismo?
A convivência na esquerda ante a apariçom dum novo proxecto político na Galiza pode resultar, e de feito está a resultar difícil, mas nom botemos muitas energias no que o passo do tempo vai converter em anedota. Porque estám aí, avançam, demolindo, queimando, arrincando-nos até a raiz do que tinhamos sementado... colhamos cada quem a nossa posiçom, mas enfrontemo-nos com uniom às súas políticas, porque Atila volve a Galiza.

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Em Caranza



No meu bairro, hoje houvo umha assembleia. Foi às sete da tarde, convocada por oito  associaçons. Falamos, participamos, debatemos, propusemos … Logo assistimos a um ato convocado polo Concelho, onde se proibiu falar, participar, debater, eleger e ser elegid@ … Onde os atuais representantes da Asociación de Veciños de Caranza, traicioarom acordos contraídos com outras sete associaçons do bairro. Isto permitiu agrilhoar o que tinha que ser a “Asemblea de Barrio” e reduzi-la a um mero trámite ao serviço das políticas do PP. Um bo dia para a mentira, a manipulaçom, a ambiçom pessoal..., mas também um bo día para a verdade, a participaçom direta e a defesa do bem comum. Porque na Assembleia, a única Assembleia, que merece tal nome, que se desenvolveu no bairro às sete da tarde de hoje, impulsou-se um novo processo de participaçom, de construçom do bairro desde o trabalho comunitário, desde a reivindicaçom popular. É por isso que ao render o meu corpo esta noite nesta casinha fronte à ribeira, conseguida tras anos de loita comunitária, tenho um sentimento de esperança, porque a boa gente, a generosa e loitadora gente de Caranza, vai saber virar a mentira e a manipulaçom, em verdade, justiça e qualidade de vida para o bairro.

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domingo, março 11, 2012

O relevo

Hoje nas ruas de Compostela pudemos comprovar que o Feminismo Galego é um movimento social arraigado, criativo e com fortes alianças com outros movimentos e organizaçons políticas. Mas se algo brilhou com pleno protagonismo e resultou confirmado na realidade palpável para quem olhar a manifestaçom, foi o relevo geracional que o Feminismo Galego vinha gestando nestes últimos anos, e hoje viu-se consolidado.

Este feito resulta transcendente ante umha ofensiva patriarcal que está a realizar um bombardeio constante contra os direitos e liberdades acadados pola luita feminista desde a década dos setenta. Um relevo geracional, que está alimentado desde muitas fontes, mas que tem na vontade integradora, de reconhecimento das diferenças, da posta em valor da pluralidade, que o próprio movimento pratica, a sua máxima possibilitadora.

O Feminismo Galego soubo flexibilizar nesta convocatória as formas organizativas que vinham liderando o movimento. A Marcha Mundial das Mulheres tomou a decissom política de replegar-se como guarda-chuvas que acobilhava à maioria do movimento, para aparecer em pé de igualdade com outros colectivos e organizaçons mixtas que demandavam essa nova rede. Decissom que resultou acertada. Eis a maior fortaleza da MMM, tanto a nível galego como a nível internacional: construir-se em cada momento como a expressom mais útil para a defensa dos nossos direitos e liberdades.

Na Galiza conseguiu-se umhas semanas ao redor da data do 8 de março, onde a cidadania soubo da vontade de reagir do movimento feminista, realizando concentraçons, manifestaçons, actos de propaganda, comunicaçom e reflexom, destinados à denuncia das políticas capitalistas aplicada no mar revolto da estafa chamada crise, e a vontade do movimento, para enfrontar a onda patriarcal mais abafante das últimas décadas, que pretende à nossa volta ao século XIX.

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sexta-feira, março 09, 2012

Palavras em liberdade

Boas tardes a todas e todos. O que vai acontecer aqui, nom poderia ser possível noutro momento, noutro lugar... Cumpre-se 40 anos dos sucessos de Março de 1972, que marcarom e seguem marcando esta cidade, esta comarca,... manhá celebraremos o DIA DA CLASSE OBREIRA GALEGA,... e ademais, som setenta anos dumha vida marcada também por esses sucessos e por muitos outros que forom conformando um latejo indomável, um latejo comprometido, um latejo rebelde, um latejo que forma parte do nosso território comum, um latejo que marca a várias gerazons aqui representadas, o latejo vital de Rafael Pillado Lista, filho do velho militante Manuel Pillado e da valente e luitadora Maria Lista Lago.

Coa generosidade que o caracteriza, Rafael Pillado para a maioria de nós, regala-nos umha vez mais a sua vida, nesta ocasiom em forma dumha apaixonada biografia. Quando abrades este primeiro volume das suas memórias, podereis percorrer da sua mam as paisagens da sua infáncia marcada pola repressom franquista contra a sua família; o nascer da sua consciência de classe e o seu compromisso político na fundaçom dumha ferramenta fundamental na luita contra o fascismo, o Partido Comunista de Galicia. Conhecereis o nascimento do sindicato Comisións Obreiras, do que tem o carnet número 2, o número 1 era do seu inseparável Xulio Aneiros, e o seu passo polos cárceres franquistas. Mais, como é Rafael o que escreve estas memorias, também nos oferece no seu latejo, os seus erros, as suas tristezas, as alegrias, as pequenas oportunidades aproveitadas, e também as contradiçons, que permitem que na viagem pola sua vida, sintamos que qualquer de nós, qualquer de nós com o coraçom em disposiçom para que entre o vento da justiça e a liberdade, poderia estar em Sam Cibrao, em Sam Filipe, em Bazám... E assim, sentimos a frescura do vento que sopra na cara do neno Rafael a brincar polos prados de Sam Filipe, fazendo nom poucas trasnadas; a sua alegria no sucesso da mortadela, a sua impotência e raiba fronte ao mestre fascista e pederasta; namoramo-nos com el, navegamos com el, protagonizamos as primeiras assembleias e reunions, passamos os seus medos nos quartelinhos , nas comissarias e no cárcere, …; e todas e todos, com este livro, imos dar o berro, esse berro profundo, atávico, ferido, saído dum latejo famento de justiça, que foi o que asseguram algumhas testemunhas, que deu Pillado quando abraçou nas Pías o corpo sem vida de Daniel Niebla.

Rafael nom podia escolher melhor data para regalar-nos outra vez a sua vida, porque mais que nunca, é-nos precisa a sua ensinança, a sua experiência, o seu compromisso... Som tempos difíceis para a classe obreira, para as classes populares. Os poderosos estám desfazendo a nossa casa, arrasando co colheitado nestes anos de loita e sacrifício... Precisamos volver a ler, entender, e as gentes mais novas devem conhecer, como em condiçons extremas de repressom e precariedade, umha geraçom de ferroláns e ferrolás, conseguiu enfrentar a besta fascista.

Agora, precisamos expulsar outra vez a besta da nossa casa. E permitide-me que me dirixa directamente a José Manuel Rey Varela, convidado aqui pola associaçom Fuco Buxán como alcalde de Ferrol. Sr Alcalde, o Partido dos Poderosos ao que vostede pertence e serve, abriu as portas da nossa casa de par em par a essa besta. Umha besta que nos quere devolver ás condiçons laborais do SXIX, á falta de liberdade do SXIX, á falta de direitos do SXIX, às condiçons de vida que se davam no bairro de Esteiro e de Ferrol Velho, no século XIX, á negaçom da condiçom de plena cidadania que sofriam as mulheres no século XIX...mas imos pechar essa porta, imos expulsar da nossa casa a quem entrou para destrui-la. Temos as memorias de Rafael Pillado, e estamos construindo umha vez mais a solidariedade, o apoio mútuo, a nossa uniom. E começando a caminhar outra vez, como vimos fazendo ao longo da história às geraçons dos Pilhados, as gentes da nossa condiçom, o caminho da luita e a irmandade.
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quinta-feira, março 08, 2012

Viva!!!


Hai quem se pode crer que as feministas nos alegramos de que o tempo nos venha a dar a razom nalgumhas cousas que prediziamos: hai que defender os direitos conquistados porque podem perder-se..., o patriarcado está avançando em toda Europa...Mesmo tenho um mantelo de algodom, mercado a unhas feministas belgas da Marcha Mundial das Mulheres, que participavam com nós numha manifestaçom europeia em Marselha que di "PAS DE RETOUR AO 19iéme SIECLE", nom à volta ao século XIX.

Nom nos alegramos de ter razom, estamos vivendo estes momentos com medo, com incertidume, porque a máquina do tempo nos leva cada dia mais longe, longe dos nossos direitos, longe das conquistas sociais, longe das ideias de liberdade, igualdade, justiça, solidariedade...e mesmo semelha que a cada virada da máquina ponhemo-nos cada vez mais longe da paz.

Hoje e onte, as vozes inimigas das mulheres, das feministas, da democracia, da justiça, as vozes e as vontades inimigas da Igualdade, volverom a tronar para alindar os nossos direitos, a nossa liberdade. Intentam acossar-nos, socavar a nossa autoestima, "o aborto é um fracasso da mulher" di Esperanza Aguirre; intentam intimidar-nos "vivirá toda a vida apesadumbrada polo crime do aborto", se nom te sometes á sua moral, di o arzobispo de Granada; intentam que nos desorientemos confundindo a realidade, "as mulheres embaraçadas sofrem violência de gênero", aludindo às supostas pressions sociais para que aborte, di o Ministro de Justiça, Alberto Ruíz-Gallardón;"hai que julgar o roubo de bebés com critérios doutro tempo" di o arzobispo de Barcelona, para sair livre de qualquer culpa; "eu nom som feminista nem machista, som umha mulher normal" di a Concelheira de Igualdade do Concelho de Ferrol, intentando ridiculizar os nossos esforços colectivos de emancipaçom.

Hoje todas as pessoas que acreditamos no mundo democrático e justo que propom o Feminismo, estivemos reunidas, manifestando-nos, concentrando-nos, participando em actos públicos, nas escolas, nos centros de trabalho, nos sindicatos, nas redes...falando de Igualdade. Hoje era o dia para ver-nos e arroupar-nos..no virtual e no real, e assim foi. Viva a luita feminista!

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