sexta-feira, março 09, 2012

Palavras em liberdade

Boas tardes a todas e todos. O que vai acontecer aqui, nom poderia ser possível noutro momento, noutro lugar... Cumpre-se 40 anos dos sucessos de Março de 1972, que marcarom e seguem marcando esta cidade, esta comarca,... manhá celebraremos o DIA DA CLASSE OBREIRA GALEGA,... e ademais, som setenta anos dumha vida marcada também por esses sucessos e por muitos outros que forom conformando um latejo indomável, um latejo comprometido, um latejo rebelde, um latejo que forma parte do nosso território comum, um latejo que marca a várias gerazons aqui representadas, o latejo vital de Rafael Pillado Lista, filho do velho militante Manuel Pillado e da valente e luitadora Maria Lista Lago.

Coa generosidade que o caracteriza, Rafael Pillado para a maioria de nós, regala-nos umha vez mais a sua vida, nesta ocasiom em forma dumha apaixonada biografia. Quando abrades este primeiro volume das suas memórias, podereis percorrer da sua mam as paisagens da sua infáncia marcada pola repressom franquista contra a sua família; o nascer da sua consciência de classe e o seu compromisso político na fundaçom dumha ferramenta fundamental na luita contra o fascismo, o Partido Comunista de Galicia. Conhecereis o nascimento do sindicato Comisións Obreiras, do que tem o carnet número 2, o número 1 era do seu inseparável Xulio Aneiros, e o seu passo polos cárceres franquistas. Mais, como é Rafael o que escreve estas memorias, também nos oferece no seu latejo, os seus erros, as suas tristezas, as alegrias, as pequenas oportunidades aproveitadas, e também as contradiçons, que permitem que na viagem pola sua vida, sintamos que qualquer de nós, qualquer de nós com o coraçom em disposiçom para que entre o vento da justiça e a liberdade, poderia estar em Sam Cibrao, em Sam Filipe, em Bazám... E assim, sentimos a frescura do vento que sopra na cara do neno Rafael a brincar polos prados de Sam Filipe, fazendo nom poucas trasnadas; a sua alegria no sucesso da mortadela, a sua impotência e raiba fronte ao mestre fascista e pederasta; namoramo-nos com el, navegamos com el, protagonizamos as primeiras assembleias e reunions, passamos os seus medos nos quartelinhos , nas comissarias e no cárcere, …; e todas e todos, com este livro, imos dar o berro, esse berro profundo, atávico, ferido, saído dum latejo famento de justiça, que foi o que asseguram algumhas testemunhas, que deu Pillado quando abraçou nas Pías o corpo sem vida de Daniel Niebla.

Rafael nom podia escolher melhor data para regalar-nos outra vez a sua vida, porque mais que nunca, é-nos precisa a sua ensinança, a sua experiência, o seu compromisso... Som tempos difíceis para a classe obreira, para as classes populares. Os poderosos estám desfazendo a nossa casa, arrasando co colheitado nestes anos de loita e sacrifício... Precisamos volver a ler, entender, e as gentes mais novas devem conhecer, como em condiçons extremas de repressom e precariedade, umha geraçom de ferroláns e ferrolás, conseguiu enfrentar a besta fascista.

Agora, precisamos expulsar outra vez a besta da nossa casa. E permitide-me que me dirixa directamente a José Manuel Rey Varela, convidado aqui pola associaçom Fuco Buxán como alcalde de Ferrol. Sr Alcalde, o Partido dos Poderosos ao que vostede pertence e serve, abriu as portas da nossa casa de par em par a essa besta. Umha besta que nos quere devolver ás condiçons laborais do SXIX, á falta de liberdade do SXIX, á falta de direitos do SXIX, às condiçons de vida que se davam no bairro de Esteiro e de Ferrol Velho, no século XIX, á negaçom da condiçom de plena cidadania que sofriam as mulheres no século XIX...mas imos pechar essa porta, imos expulsar da nossa casa a quem entrou para destrui-la. Temos as memorias de Rafael Pillado, e estamos construindo umha vez mais a solidariedade, o apoio mútuo, a nossa uniom. E começando a caminhar outra vez, como vimos fazendo ao longo da história às geraçons dos Pilhados, as gentes da nossa condiçom, o caminho da luita e a irmandade.
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2 comentários:

Susete70 disse...

Sinto de verdade non poder ter desfrutado deste discurso Lupe. Segue así de "free" sempre. Un/ha ten que ser sempre fiel e consecuente co que pensa ata as derradeiras "consecuencias".

Saúde e liberdade compañeira

Alexandre disse...

Felicidades polo texto e pola coherencia.

Apertas
Alexandre