Som só umhas palavras. Umhas malditas palavras que alguém, num acolchado despacho, tivo a ocorrência de transcrever, para que, entre o primeiro café da manha, dirigentes do Partido Popular a almorçaram, e se assentara no seu tecido orgánico, como o leite ou o croissant. Um jogo de palavras que estivo nestes últimos anos aparecendo e desaparecendo da boca destes ilusionistas das medias mentiras.
Estas malditas palavras estam preparadas para fazer derrapar qualquer mobilizaçom social, qualquer resposta organizada à nova onda de recortes, ajustes e roubos que está ordenando a troika, e que o seu maiordomo Feijóo, está em disposiçom de nos servir.
Esta frase aparecerá desqualificadora, rotunda, branqueando o sepulcro onde apodrece a democracia: “querem ganhar na rua o que perderom nas urnas”. E assim, mais umha vez, a mentira, a manipulaçom, a corrupçom, o roubo... ficaram baixo a alfombra da Lei de D'Hondt, varridos pola vassoira dos uniformados poderes mediáticos, e bendecidos pola sagrada inquisiçom financeira.
Cumpre logo escoitar, memorizar e repetir, a nova melodia interpretada por umha parte importante da cidadania que vem decidida a navegar em mares de rebeldia e nom acepta um governo que, ao governar contra a maioria dos seus cidadáns e cidadás, perde a legitimidade, e converte estas passadas eleiçons numha tragicomédia onde os diálogos e personagens ocultos nas bambolinas, decidem o acto final.
Os de “que se jodan”; os que vulnerarom nove vezes a lei eleitoral em campanha; os que ocultarom a siglas do PP e a cara de Rajoi; os que ocultarom o seu programa, os mandadinhos da troika... com só o 45,72% dos votos, teram umha cómoda maioria absoluta. E ademais agora, as mans livres para reformar a lei, de tal jeito que se garanta que essa maioria se prolongue até o futuro e mais alá.
Quando o 14 de Novembro em toda Europa, a mobilizaçom cidadá protagonize a primeira folga europeia, volveremos escoitar a maldita frase. Pronunciaram-na para costrenhir a democracia a essa burla de si mesma em que a converte a lei de D'Hondt e a anêmica participaçom. Mas também a cidadania pronunciará benditas palavras, “querem impedir que recuperemos na rua, o que nos roubarom nas urnas”. A cidadania mais consciente, vai dar essa batalha desigual, a batalha entre David e o Golliat dos mercados, onde com a onda da dignidade, loitaremos para recuperar a soberania que nos permita fechar os despachos onde se decidem os nossos direitos e o nosso modo de vida. Havera para entom, nom só nove vozes, senom dezasseis, deconstruindo as malditas palavras no Hórreo?
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