sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Déjà vu

Quando existe a sensaçom de que umha situaçom já foi vivida, chama-se “déjà vu”, “o já vivido”. Trata-se dum fenômeno experimentado por mais do 70% da povoaçom nalgum momento da sua vida, e que agora se explica como um falho no sistema que regula a nossa memória.

Déjà vu, é o que me provocou o Ministro Wert estes dias. Déjà vu o juízo a Baltasar Garzom. Déjà vu as declaraçons do Ministro Gallardón. Déjà vu as intençons da Ministra de Sanidade. Déjà vu a celebraçom da figura de Fraga...

Memória, experiencia vivida... que se misturam estes dias provocando umha irritante e persistente náusea que busca, sem sucesso, algo físico que represente o mal, onde lançar a ágria queimaçom que deixam as injustiças.

O déjà vu provoca em muitos casos sensaçons que quedam gravadas na vida das pessoas, permanecendo na suas consciências ao longo dos anos. Ficaram logo aí as imagens da entronizaçom aos altares da figura de Fraga, cuja memoria ajudarom estes dias a perpetuar, mans que nunca deveriam alçar-se ao chamado do seu nome. Ficaram as cabeças barbeadas e o azeite de ricino que Ana Mato projecta aplicar-nos cada vez que nom queiramos emprenhar. Ficaram as letras gravadas coa navalhinha de Ruiz Galhardón na nossa fronte de “assassinas”, por querer ter direitos. Ficaram as vozes acaladas pola justiça injusta, do mundo ao revés.

E,finalmente, essas vozes recorrentes na minha cabeça, essas vozes que desde as palavras do Ministro Wert sobre Educaçom para a Cidadania, ressoam co eco do adoutrinamento da ditadura que ninguém venceu. Umhas vozes, a minha entre elas, cum jogo de mans na rúa, passando as longas tardes da infância em escala de grises que nos fixérom padecer:

El verdugo Sancho Panza,
ha matado a su mujer,
porque no le da dinero
para irse para irse al café.
En Madrid hay una casa,
en la casa una pared,
en la pared una vía,
por la vía por la vía
pasa el tren.
En el tren va una señora,
que lleva un lorito blanco,
y el lorito va diciendo
Viva Franco!
Viva Franco!
Y su mujer.

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