Assistim ao soterramento das cinzas de José Sanmartim Bouça "Martinho". Compartilhei com ele anos de militáncia na UPG, BNG, CIG... e junto com ele, figem parte dumha geraçom que partindo da experiencia traumática da reconversom industrial, e fruto do discurso político dum nascente nacionalismo que nom assumia o processo de transiçom espanhola, reivindicava o exemplo de Moncho Reboiras, e por cima de tudo tinha o desejo de ver cámbios reais de já, numha sociedade que abraçava os valores burgueses e virava às costas aos sinais de identidade da Galiza.Essa geraçom víamos no EGPGC o nosso refente político em quanto acreditávamos que nos defendia dos ataques do capitalismo e mostrava unha vontade incontestável de ser unha naçom.
Visitei com assiduidade a Martinho ao longo dos anos nos que estivo em prisom, primeiro na Corunha e logo sofrendo a política de dispersom, nos cárceres onde estivo como consequência da sua pertença ao Exercito Guerrilheiro. Para ele, converteu-se numha opçom de vida, o que foi para mim umha aprendizagem dolorosa, umha experiencia política e pessoal traumática, e me mostrou quam errada estávamos essa geraçom de jovens, e nom tam jovens, naquele caminho empreendido. A camaraderia e a amizade cambiou polos enfrontamentos pessoais, que chegarom a ser moi duros. Ele seguiu acreditando numha derrota co uso da violência, do capitalismo e o Império. Eu me afiancei no caminho da via democrática ao socialismo, na convicçom de que as guerras, as armas, a pena de morte..., devem ficar longe da acçom política e nada bo podem aportar na construçom dumha sociedade mais justa. Eis a verdadeira diferença entre os dous caminhos. Porque se poderia pensar na utopia em quanto a correlaçom de forças armadas e estruturas de poder que tem que doblegar, quem escolha o primeiro caminho, mas o caminho democrático ao socialismo, na Galiza, semelha nestes momentos igual de inalcançável. Quem é quem de conseguir aunar vontades, dar por finalizadas antigas alianças, e criar outras novas entre todos os sujeitos políticos, que estariam chamados a protagoniza-lo?
Esses sujeitos políticos, existir existem. Existem forças partidárias que acreditam no modelo socialista; existe um movimento sindical que demostrou a sua fortaleza e a sua vontade de enfrontar o neoliberalismo o passado 29S; existe um movimento labrego organizado e que conta com experiencia e alternativas para dar a batalha pola soberania alimentária; existe o movimento ecologista nas suas distintas expressons organizativas; existe o movimento feminista, plural, introduzido em diferentes sectores sociais e campos de actuaçom, junto ao movimento na defesa da identidade sexual ; hai experiencia de alternativas financieiras populares; existem expressons organizadas de espiritualidade e religiosidade non opressoras; existem plataformas de defessa dos serviços públicos, com organizaçons associadas que luitam em sectores específicos pola melhora da qualidade destes serviços; existe experiencia no papel que cumprem ante os cámbios políticos, os médios de comunicaçom monopolizadores da opiniom, fracassos acumulados no intento de contrarresta-los, e umha diversidade de iniciativas, ainda que de alcance minoritárias, de médios alternativos; existe umha rede moi ampla de organizaçons que tenhem o seu agir na defesa da Língua e a Cultura; organizaçons de defensa dos direitos civis e democráticos, incluindo os das pessoas com diversidade funcional, das pessoas migrantes...; organizaçons que reivindicam e preservam a nossa memória histórica ...
Temos os sujeitos políticos objectivamente interessados em protagonizar a construçom dum modelo socialista por vias democráticas, mas falta o lubricante que faga rodar o processo. Falta o momento da reflexom comúm que resposte a estas duas perguntas:
1ª Que modelo socialista estamos em disposiçom de compartir?
2ª Em que objectivos deixaríamos parado o nosso trem, com as contradiçons e erros que tenhamos que assumir, o tempo necessário, e cos cámbios e reajustes que se precisem, para que ninguém de esses sujeitos se apeie antes de chegar a essa hipotética meta?
Mentres os segundos e as horas deixam atrás o momento em que despedimos a Martinho no cemitério de Fene, quero ficar coa lembrança dum home que amou ao seu Povo e à sua Língua, e loitou por um mundo melhor.
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2 comentários:
Gustoume moitísimo este adeus a Martinho, e lin moitos...Coñecino pouco pero suficiente para saber que tiña bon corazón!!!Estou contigo,sempre que leo algún escrito teu parece como se me estiveses a leer o pensamento!!!Grazas por compartir estas letras!!!!
Noraboa por este novo texto e por lograr fazernos reflexionar sobre tantos temas sempre que escribes.
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