Quando moitas das tuas amizades colgavam laços violetas nas suas contas das redes sociais, escoitavamos mais umha vez os discursos sobre violência machista, animando às mulheres a denunciar, a nom aguantar... e mais umha vez equivocavam o discurso porque ti nom entravas nesse perfil de “maltratada”.
Mais umha vez Conchi [1], intentavam explicar com tópicos a realidade complexa na que se desenvolve o machismo e a sua violência que a ti, tam nova, acaba de roubar-che a vida. Essa vida que passava ante os teus olhos detrás da barra do Chirinkito na praia, onde construías os teus sonhos, o teu futuro já sem el. Chirinkito que ardia poucos dias antes de que também se queimasse em segundos o teu tempo de vida.
Ti, que colgavas no teu perfil de facebook, umhas poucas horas antes de ser assassinada, o “Manifesto para Nenas”, onde asseguravas que nom hai limites para as nossas ganas de ser livres...
E aos poucos dias, eras ti, Maria, rompendo co teu corpo o silencio no bairro do Calvário. Ti, peregrina de serviços sociais, mendicante dumha soluçom nos serviços assistenciais que agora dim que nom aceptavas ajuda, que nom aceptavas a reclusom no centro de acolhida, que nom te resignavas a abandoar a tua casa, á tua parelha enferma...
Que se saiba!, que se comece a entender, que se assuma... O machismo é um monstro de muitas cabeças, um grande monstro de mil faces, que ademais se alimenta e complementa com diferentes realidades sociais e individuais: saúde mental, dependências, história familiar, normas sociais e religiosas, tradiçons, inercias... mas que tem sempre um comum denominador, impedir às mulheres o exercício da sua liberdade.
[1] Conchi Reguera Peón, foi assassinada em Pontesampaio e María José Rodrígues em Vigo, outubro de 2015.
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