sexta-feira, agosto 12, 2011

Quem expulsará aos mercaderes do templo?


O próximo 10 de setembro, a rede galega de crentes cristians, convidada pola Asociación Irimia, subirá ao Monte Xiabre de Vilagarcía. Será um dia de festa, reivindicaçom e oraçom. É a reuniom de moitas comunidades que umha vez ao ano, desde há já trinta e quatro, celebram umha intensa comunhom coa Natureza, e o sermos humanos, no que reconhecem o divino. Umha celebraçom onde o compartilhado, obra a milagre de converter em irmaos e irmas, a quem nom o som.

Por uns segundos, dias atrás, as televisons ofereciam umhas imagens, quando menos insólitas e inquietantes, da celebraçom dos funerais polas vítimas da massacre de Noruega. Insólitas porque nelas o oficio religioso estava protagonizado por um home e umha mulher, e na roupagem e nos acenos que realizavam nesses segundos nos que as cámaras enfocárom o altar, nom se percebia hierarquia entre oficiantes. Inquietantes, para algúns desde logo, porque nom se volvérom a emitir. Eis a Igreja de Noruega, que celebra desde 1993 matrimônios entre pessoas do mesmo sexo e tem a umha mulher bispa, como presidenta da sua Conferencia Episcopal.

Umhas semanas depois da celebraçom deste funeral, e umhas antes da Romaxe que levará ao Monte Xiabre às comunidades de base cristians galegas, estamos assistindo a umha demostraçom fastuosa e provocadora dum poder eclesial que busca perpetuar a sua dorosa doctrina e organizaçom social. Umha organizaçom baseada na desigualdade, ensalçadora e reprodutora do sofrimento humano e que desfruta de privilégios e status herdados de situaçons históricas que nada tenhem a ver coa democracia.

Contabilizei até seis canles de televisom que levam anunciando o evento. Conheço o palco coas suas extraordinárias dimensons. Conheço o desenho dos douscentos confessionários que se utilizaram na “Festa do perdom”, até o menú que Rouco Varela oferecerá como anfritiom a um seleto grupo, Papa incluído, de invitados. Com cada nova, o evento vai colhendo mais e mais personalidade megalômana. Cumpre lembrar que a megalomania é um estado psicopatológico caracterizado polos delírios de grandeza, poder, riqueza ou omnipotência. Trata-se dumha obsessom compulsiva por ter o controlo, pastores sobre as ovelhas.

Ás bases católicas praticantes se lhes comunicou que elas iam ser as financiadoras do projeto, coas aportaçons que significavam o acolhimento nas suas casas, de jovens, e nom tam jovens, participantes. As canles televisivas confessionais, desinformavam a respeito do dinheiro público doado generosamente em tempos de escassez, polos governos amigos, e polos governos temerosos do poder de Roma, para assegurar esse novo sentimento vitimista, que tanto rédito lhe trae ao integrismo entre as suas bases, “aos católicos se nos persegue neste pais”, “ninguém nos dá nada”, “em nenhum país passa o que passa aqui coa viagem do Papa”, “hai que pensar que é um chefe de estado e como tal tem que ser recebido”.

Assim, mentres os nenos e as nenas em Somália agonizam nos colos das suas nais e em Líbia os bombardeios diários pretendem convertê-la na nova Gaza... Mentres os anceios de liberdade e democracia abroiam em cada praça..., um grupo de homens negadores da democracia, da igualdade e da felicidade humana, faram ostentaçom do seu poder, e das suas boas relaçons cos poderosos, e verqueram sobre nós as suas ideias opressoras sobre a vida e a morte, sobre a sexualidade, sobre a convivência e os afetos... , e utilizaram todo o seu poder para impor essas ideias ao conjunto da sociedade mediante o apoio ao projeto político que lho vem assegurando ao longo de todos estes anos desde que rematou a ditadura. E o faram abençoando às suas empresas patrocinadoras, Banco de Santander, Caja Madrid, Endesa, Fomento de Construcciones y Contratas, Movistar... Mágoa do Cristo anticlerical e radical que expulsou aos mercaderes do templo!

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