sexta-feira, dezembro 25, 2009

Livros



Depois dumha longa travessia polo oceano dos ensaios, onde a leitura era para mim umha ferramenta de trabalho para aplicar a diário, a dor, a tristeza e a saudade destes últimos meses figérom que atracara nas mansas aguas dos relatos, famenta como estava de histórias cálidas, de passar de actora a espectadora da vida. E como quem busca heroína na rua devecendo por acalmar a sua ánsia, entrei numha livraria e pilhei a minha dose sem ver o momento de botar o cobertor na cama e coa luz dumha lámpada nova que merquei para completar a homenagem, lancei-me ávida sobre os livros que seriam o meu passaporte a outros mundos.

A primeira viagem fixem-na da mam de Antonio Yañez. Escolhim o livro porque o autor tem vínculos familiares comigo e a curiosidade algo morvosa de esquadrinhar por dentro a pessoas que conhecemos noutras facetas da vida, tentou-me e nom me arrepinto. Surpreendeu-me a capacidade descritiva dumhas paisagens que estám aqui, acompanhando-me na Terra de Trasancos. As palavras, muitas esquecidas ou mesmo desconhecidas, eram evocadas em mim e se me apresentavam singelas, familiares, como se pertenceram à minha infáncia, e aí estavam para acompanhar na sua "Viaxe a Libunca" ao protagonista. Tenho que dizer que aguardava com espectaçom o passo pola minha parróquia, Caranza. Fiquei algo incómoda pola brevidade do relato e as qualidades outorgadas às mulheres que encontrou ao seu passo. Lembrei quanto deixa quem escreve de autobiográfico nos seus escritos. Ainda nom tivem ocasiom de felicita-lo polo livro e comentar-lhe que o prémio era merecido.

Iniciei a minha segunda viagem da mam de Marilar Aleixandre, entre adolescentes, cumha linguagem ágil e moderna que vai desenvolvendo umha historia de instituto que pode situar-se em qualquer ponto do país. As citas utilizadas pola autora para iniciar cada capítulo podem ser lidas todas seguidas, assim, como enchente, e para contrasta-las coa actualidade do relato e sacar as nossas próprias conclusons. Alegrei-me de ter superado esta etapa da vida tam confusa como é a adolescência e nadar nas tranquilas aguas dos cinquenta. Ainda assim, matinei que, sem ser adolescente, às vezes ter "A cabeza de Medusa" pode ser a explicaçom dalgumha reacçom da gente que se cruza nas nossas vidas.

Agradeço por último que Agustín Fernández Paz, recolhesse no seu livro "O único que queda é o amor" este ácio de relatos curtos. Assim, como se umha dose de xarope se trata-se, fum noite trás noite medicando-me coas suas histórias, que ainda que muitas enleam às pessoas que as protagonizam coas trampas do amor romántico, estám tam bem contadas que o jogo de palavras vai tecendo umha ananás onde adormecer transitando por ruas de névoa, festas de cámara lenta ou livrarias tiradas do filme "Ameli".

Agora estou coa protagonista do relato de Rosa Aneiros, "Sol de Inverno". Gosto muito desta história, mas devo estar sanando da minha enfermidade que nom puxo del como nestas semanas. Porém, anda olhando-me Amalia Valcárcel, cada dia que me deito, desde o andel onde tenho pousado o seu livro " Feminismo en el mundo global", como dizendo, "venha que urge". E no móvel do banho, Pascual Serrano me aguarda para que remate o seu "Desinformación: Como los medios ocultan el mundo". Ainda assim, pensando numha recaída, ando recompilando livros de poesia para meter-me umha dose de quando em vez, como prevençom, no vaia ser que as sombras e o infortúnio queiram aninhar para sempre no meu coraçom.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Boa tarde, Lupe:
A leitura de cálidos ou fríos relatos non che impide que se che vexa (http://www.flickr.com/photos/altermundo/sets/72157623202183821/) por outros lares rebeldes.
Saúdos e un bico.
Rafa