sábado, dezembro 26, 2015

Tempos de mudança

O resultado nom poderia ser outro do que foi, mas havia que intentá-lo. Nem umha melhor campanha, nem sequer um maior espaço nos médios conseguiria sustancialmente variar o que estava reflexionado e decido na vontade popular. NÓS Candidatura Galega nom conseguiu o seu objectivo de acadar representaçom.

A razom fundamental é sem dúvida a necessidade urgente dumha parte da cidadania galega de mudar as cousas. Nom querem outros 20 anos de trabalho honrado e fiel a Galiza desenvolvido polo BNG e tam repetidamente reivindicado em campanha. Ante a promessa de continuísmo, a parte mais consciente e sufrinte da sociedade galega, apostou por um cambio, apostou por umha estrategia que di que o cambio tem que ser aqui e agora. Umha estrategia à que se agarram coma um cravo ardendo para que cambie aquilo que lhes causa dor nas suas vidas: a falta de emprego; o abuso hipotecário e bancário; o trabalho escravo, o empioramento das condiçons salariais, laborais e de seguridade; a privatizaçom e recortes dos serviços públicos, sanidade, educaçom e dependência; os desafiuzamentos; a pobreza energética; ... Ante outros 20 anos intacháveis, mas ermos em quanto á capacidade para melhorar a realidade desta parte da sociedade galega, que resiste entre a precariedade e as redes familiares de apoio, o voto a En Marea, foi umha alternativa que arrinca dum desejo moi maioritário de que todo melhore, e que pare o latrocínio e a corrupçom.

En Marea conseguiu, co efeito chamada de Podemos, compactar a umha ampla maioria da esquerda social, que mágoas aparte de nom ter conseguido umha lista única, apostou polo cavalo ganhador e sobre todo, polo cavalo que claramente avançava cara adiante, “hai que atravessar a barreira de lume coma seja e quanto antes“. Nestas eleiçons, a urgência, as ganas de ganhar, de sentir-se no grupo ganhador, forom moi maioritárias. Muita gente vai seguir apostando claramente por esta estratégia para ver se se consegue, se se tumba à besta.

O sentimento nacional foi reconduzido maioritariamente cara essa estrategia, e em certa medida a existência na última hora de NÓS Candidatura Galega, facilitou maiores compromissos de carácter nacional dentro das negociaçons, agora sabemos que começadas hai um ano, onde se passou de afirmar que a criaçom dum grupo parlamentário próprio era tecnicamente impossível de conseguir, a converter-se num elo importante do discurso de En Marea ao longo da campanha, e agora, conseguida a aprovaçom de Pablo Inglesias, reconhecido como um feito histórico, independentemente dos obstáculos que vai atopar no caminho imediato: o da própria composiçom interna e os conflitos de obediência partidária que se derivam dela, e o da reaçom do próprio sistema que provavelmente vai utilizar todos as leituras possíveis do regulamento parlamentar para impedir a sua constituçom.

Quedou demostrado neste processo, que a urgência o barre todo, que os pactos entre cúpulas ou as intencionadamente sobredimensionadas diferenças que impedem unidades mais amplas, nom têm custe, quando menos para a parte que acadou representaçom, que seguem a ver as primárias abertas, e os modelos de participaçom assembleários, coma um perigo para que as pessoas elegidas polas cúpulas para levar o leme deste processo, podam acadar os postos que precisam. O único custe é para o processo em sim: a incorporaçom de NÓS e de IU às listas das coaliçons , teria conseguido um efeito multiplicador e acelerante, estaríamos diante dum resultado muito mais favorecedor para configurar no estado um governo à esquerda capaz de fazer as reformas urgentes, socialmente mais necessárias e demandadas que afetam à vida e o bem-estar de milhos de pessoas. Um cenário bem diferente para fazer valer o direito a decidir.

Ficam apenas uns meses para enfrontar umha nova contenda eleitoral, umha cita que vai estar marcada polo devenir da construçom do novo governo e pola possibilidade de ampliar ou nom as forças que se coaliguem com Podemos. Três anúncios vêm a sinalar que o caminho já encetou, ainda que é difícil saber que é o que já está pactado ou nom. Por umha parte as declaraçons de Martinho Noriega negando a sua candidatura a presidente da Xunta; por outra parte as declaraçons de Beiras que abrem essa possibilidade, quando menos para ele liderar a candidatura, e por último o anuncio dum processo de reflexom e debate que rematará numha assembleia nacional do BNG em Março.

O BNG tem por diante um caminho complicado e qualquer das decisons que tome vai ser negativa para a organizaçom, tal como está concebida até agora. É por isso que o BNG devería desbotar do debate que começa, centrar-se só nunha olhada introspectiva. As gentes do BNG, mais umha vez, devem exprimir-se ao máximo e decidir o que considerem mais positivo para os interesses da Naçom e do Povo, aqui e agora, nestes momentos que estamos a viver, onde todo cambia, e todo muda, e volve a mudar. Sería bom demonstrar à sociedade galega que NÓS, nom é só umha marca eleitoral do BNG, senom o gromo dum movimento capaz de abrir novos processo de participaçom política, um movimento que saiba construir alianças necessárias para construir as novas hegemonias onde os direitos e interesses da Galiza estejam reconhecidos.

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sábado, dezembro 19, 2015

A Contrarreforma em campanha

Era de esperar que irromperam na campanha as forças que levam botando um pulso no seio da sociedade desde que se aprovou a Lei Integral contra a Violência Machista no 2004. Um pulso que mantém o movimento feminista, entendido este em toda a sua amplitude, coa Contrarreforma que organiza ao seu redor colectivos masculinos, religiosos, do mundo judicial e político.
A violência machista segue cobrando dia a dia vidas de mulheres, e segue sendo anecdótica a compreensom da sua complexidade como expressom dum sistema social, o patriarcado, que seguimos estudando como se construiu e intentando alternativas para o deconstruir.

No médio desta realidade, a Contrarreforma instala-se no negacionismo, e fai-se acompanhar da cadena de tópicos e crenças que pretende tingir de estudos sociológicos umha realidade nom significativa, que é elevada a generalidade. Esta Contrarreforma tem, para o seu desenvolvimento viral, um corpo novo, forte e moi dinamizado mediaticamente, concretado na opçom eleitoral de Ciudadanos. A Contrarreforma tem no autoritarismo das maneiras deste partido, na leitura simplificada e uniformizada da realidade, o impulso que precisa para frear o avance social feminista destas últimas décadas. Avance ante o que o próprio PP dobrou coma um bímbio, lembremos a pressom exercida por amplos sectores sociais, liderados polo Feminismo, contra a Reforma da Lei do Aborto.

Ciudadanos pom voz no seu programa a esta Contrarreforma que se sente ameaçada polas conquistas sociais do Feminismo, num dos pontos mais concretados no médio dumha redacçom ambigua em temas fundamentais como o trabalho, a emigraçom, a educaçom... Ciudadanos é o burato de ozono que pretende colocar a Contrarreforma dentro do governo do estado, e levar a termo o que nom foi quem de fazer Ruíz Gallardón. Veremo-lo se este 20D nom som suficientes os apoios às forças de esquerda das naçons e do estado, onde as feministas levam anos fazendo labores de conscienciaçom e educaçom popular, e elaborando alternativas para deconstruir este sistema transversal que chamamos patriarcado.

O Feminismo foi umha a umha desmontando todas as lanças que desde o 2004 a Contrarreforma intentava chantar para parar a aplicaçom da Lei Integral, incluindo o recurso ante o Tribunal Constitucional. As lanças que conseguirom achegar-se mais ao seu objectivo fórom a irrupçom do SAP (Sindrome de Alineacion Parental) e da Terapia da Ameaça na prática judicial, cumha clara influência nas sentencias, e o ruxe-ruxe das denúncias falsas, que os distintos informes anuais venhem desmentindo, indicando que este tipo de denuncias som moito mais baixas que noutro tipo de delitos (estatisticamente irrelevantes). Outra ladainha forom os supostos privilégios acadados no processo de divorcio se se interpom umha destas denúncias, tristemente contestado polas próprias mulheres afetadas cumha reduçom considerável do número de denuncias interpostas, a pesar do pequeno aumento deste final de trimestre, ou co dato aterrador de que mais da metade das vitimas mortais nom tinham apresentado denúncia nengumha.

Intentando esquecer o ruido da Contrarreforma e os seus partidos-altofalantes, cumpre depois do 20-D fazer a necessária reflexom sobre a Lei, a sua aplicaçom e os seus resultados. Cumpre fazê-lo porque o número de denúncias diminuiu, analisando os datos dos ultimos anos, mas nom o delito,  porque as mulheres seguem morrendo polo feito de exercerem a sua liberdade. Cumpre fazê-lo porque os julgados específicos estám desbordados. Cumpre fazê-lo porque as novas geraçons estám repetindo estas condutas violentas e o modelo de relaçons afetivo-sexual que as sustenta e alenta.

A Contrarreforma tem um novo muro que tumbar. Umha morea de propostas que nos programas eleitorais ocupam um espaço cada vez mais prominente, o das propostas para rematar coa violência machista. Reformar a Lei para incluir todas as formas de violências contra as mulheres; aumentar a dotaçom dos Julgados Específicos; campanhas de educaçom popular; formaçom do pessoal sanitário e das forças de seguridade... e o Estatuto de Vítima de Feminicídio. Esta proposta intenta amparar também como vítimas da violência machista a aquelas crianças e a aqueles homes vítimas pola sua relaçom coa mulher sobre a que o machista quer exercer o controlo. Um Estatuto que se tem que redigir para melhorar, ao incluir a especificidade destes delitos, o Estatuto Jurídico da Vítima que entrou em vigor em setembro deste ano. Uns delitos com tanta particularidade como que case o 40% dos assassinos acabam suicidando-se.

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quarta-feira, dezembro 16, 2015

O voto decisivo

Nunca foi para mim tam difícil decidir o voto. O veram arrecendia a unidade. O optimismo prendia em muitas vontades. O outono veu murchar essas esperanças e adiantar um inverno que no meteorológico nom se deixou ver ainda. Agora cumpre decidir, arranxar o coraçom partido e situar-se, cada quem como se o seu voto fosse o decisivo.

Aí intentei colocar-me eu para saber que era o que eu devera fazer este domingo. E no impulso comunicativo, coa sua pinga de arriscado exibicionismo, que impulsa todo o que escrivo, quero argumentar o que é que vou fazer nesta cita eleitoral, das mais importantes que levo vivido.

Cumha mistura de medo e vertigem, acolhim as enquisas que asseguram o êxito da candidatura En Marea, e uns moi malos resultados para NÓS Candidatura Galega. Medo a que só umha das partes que estavam chamadas a construir um processo de unidade popular acade representaçom. Vertigem ao nom ter a seguridade de que só sejamos o ponto 277 [1] dum programa eleitoral. Vertigem ao nom reconhecer-me no país que querem construir comigo. Medo a desaparecer no médio dumha estratégia, que coa melhor das vontades, quere colocar-mo-nos como povo numha táboa de surf que nom colhe a onda que precisamos. Medo a que essa táboa nom tenha o suficiente contrapeso e acabemos afogando em mares alheios.

O êxito de En Marea está assegurado, contam coas camas elásticas das televisons e os lideres mediáticos. Mas eu quero que também todo o capital político, de resistência cultural, social e humano que representa NÓS Candidatura Galega, tenha umha parte no poder político que se reparte o domingo no Estado. Porque quero ajudar a impulsar todo o processo de transformaçom e novos liderados que conseguiu o nacionalismo de esquerdas neste país, o meu, e que nom está completado. Um cámbio na metodologia política, no discurso, nos programas e propostas, que nom esta rematado, e nom se pode frustrar. Um cambio generacional que assegura um jeito de vê-lo mundo que tem no epicentro Galiza, a vontade de ser e exercer como naçom. Umha oportunidade de desembaraçar-se de servidumes a poderes económicos, que souberom, em ocassom, mechar às estruturas e influir em estrategias que os beneficiavam.

Se hai algumha possibilidade de que Galiza conte cum grupo parlamentar próprio nas Cortes, e que exerça essas funçons, vai ser coa palanca da representaçom de NÓS Candidatura Galega. Ademais pensar que a representaçom que pudera acadar NÓS, facendo-lhe caso a algumha das enquisas, pudera ser a costa de sacarlhe diputados ao PP, também é umha morbosa e saudável motivaçom a ter em conta.

Quero ir votar o domingo como se o meu voto fosse o decisivo, o que marque que a candidatura de NÓS tenha representaçom ou nom. Por mim nom vai ser. Eu vou botar NÓS Candidatura Galega.

[1] Programa de Podemos (Punto 277 - Direito a Decidir).
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